Africanos subsaarianos fugidos da Líbia relatam intimidações e violência
Africanos subsaarianos fugidos da Líbia relatam intimidações e violência
GENEBRA, 08 de março de 2011 (ACNUR) – O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) está preocupado com os crescentes relatos sobre violência e discriminação na Líbia contra africanos subsaarianos.
O porta-voz da agência, Adrian Edwards, disse em Genebra que esses relatos são feitos por quem fugiu do leste e oeste da Líbia, palco dos recentes conflitos internos do país. Mais de 212 mil pessoas já fugiram da violência na Líbia, incluindo cerca de 112 mil na Tunísia e quase 100 mil no Egito. Na Argélia, cerca de quatro mil pessoas chegaram por ar, terra e mar.
“Ontem, na fronteira do Egito, sudaneses vindos do leste da Líbia disseram ao ACNUR que líbios armados estavam indo em todas as casas forçando africanos subsaarianos a sair. Eles disseram que uma garota sudanesa de 12 anos foi estuprada”, afirmou Edwards.
“Eles disseram também que muitas pessoas tiveram seus documentos confiscados ou destruídos. Ouvimos relatos similares de chadianos que fugiram de Benghazi, Al Bayda e Brega nos últimos dias,” acrescentou.
Edwards reiterou o apelo do ACNUR para que todas as partes no conflito da Líbia reconheçam a vulnerabilidade de refugiados e migrantes da África subsaariana e tomem medidas para garantir sua proteção. Ele apontou também a necessidade de albergar rapidamente pessoas chegando ao Egito e à Tunísia, vindas da Líbia e, que, em alguns casos, têm acampado a céu aberto por até dez dias.
“Nas duas fronteiras, a maioria dos que estão esperando serem retirados é formada por homens solteiros de Bangladesh. Há uma escassez crítica de vôos para Bangladesh, outros países asiáticos e para África subsaariana”, disse.
“O ACNUR e o OIM estão usando contribuições em dinheiro para fretar vôos, e vários países doadores ofereceram vôos de longa distancia. No entanto, estima-se que são necessários 40-50 vôos para repatriar todos os migrantes e o apoio adicional será essencial para garantir que todos sejam transportados para casa”, afirmou Edwards.
Na fronteira entre a Tunísia e a Líbia, o número de chegadas diminuiu consideravelmente desde o começo do mês. A diminuição coincidiu com o aumento dos conflitos no oeste da Líbia. Relatos de pessoas que chegaram nos últimos dias descrevem inúmeros bloqueios militares nas vias, com o confisco de celulares, cartões de memória e chips. O campo transitório do ACNUR em Choucha, próximo à fronteira, abriga atualmente 15 mil pessoas. O ACNUR registrou 311 pessoas em necessidade de proteção, incluindo somalis e eritreus.
O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres e, o Diretor Geral da OIM, William Lacy Swing, estiveram na Tunísia na terça-feira para encontrar o governo, visitar a região fronteiriça para conversar com as comunidades locais e avaliar a situação pessoalmente.