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Colômbia: Indígenas Kankuamo querem recuperar seu tecido social e seu território

Comunicados à imprensa

Colômbia: Indígenas Kankuamo querem recuperar seu tecido social e seu território

Colômbia: Indígenas Kankuamo querem recuperar seu tecido social e seu territórioO conflito armado interno da Colômbia impactou fortemente o território Kankuamo, através de perseguição e cerca de 100 assassinato de líderes e autoridades, causando o deslocamento de cerca de mil famílias...
24 Fevereiro 2011

Valledupar, Colômbia, 23 de fevereiro (ACNUR) - O conflito armado interno da Colômbia impactou fortemente o território Kankuamo, através de perseguição e cerca de 100 assassinato de líderes e autoridades, causando o deslocamento de cerca de mil famílias da aldeia Kankuamo, especialmente no departamento de Cesar, no nordeste da Colômbia.

* Sonia, uma indígena idosa e mãe de dez filhos, perdeu tudo quando a guerrilha chegou aonde vivia. "Eu perdi meu marido, minha casa, minha mangueira, meu lote e hoje temos que conviver um ao lado do outro", disse com amargura. Atualmente, cerca de 30% dos indígenas de Kankuamo são deslocados internos e cerca de 50% da população vive fora da aldeia.

Muitos povos indígenas deslocados não só perderam suas casas e terras, mas sua cultura, idioma, além da sabedoria derivada da relação com a natureza. Outro indígena Kankuamo destaca o conhecimento tradicional de seu povo, "a dança faz parte da nossa força. Não só recupera a tradição, mas permite que as pessoas socializem e se comuniquem. Na cidade, os nossos jovens ouvem outras músicas, comem outras comidas e as tradições se perdem com mais facilidade".

Em março de 2008, a Organização Indígena Kankuamo (OIK) entrou em contato com a Agência das Nações Unidas para Refugiados, o ACNUR, com o objetivo de começar a trabalhar juntos na questão do deslocamento forçado, já que as autoridades Kankuama, reconhecendo a gravidade da situação, expressaram a necessidade de conhecer melhor a situação de deslocamento de seu povo.

"Precisamos recuperar o nosso tecido social. Fatores externos, tais como a presença armada ilegal ou as minas, têm provocado divisões internas e conflitos dentro da nossa população. Nos estão obrigando a brigar por problemas que não são nossos ", disse o líder da Organização Indígena Kuankama em Valledupar, capital do departamento de Cesar, no nordeste da Colômbia. Além disso, a perseguição a líderes e autoridades gerou uma fraqueza organizacional e do governo de kuankamo.

Com o passar do tempo houve progressos, incluindo o reconhecimento da Organização Indígena Kankuamo (OIK) e a luta por reconstruir seus processos organizacionais e comunitários. "Algumas pessoas já retornaram, mas nem sempre nas melhores condições. Às vezes o regresso representa outra crise", disse o líder. "Há ainda uma forte necessidade de consolidar uma estratégia unificada de proteção e prevenção do deslocamento forçado para todo o povo Kankuamo," disse Reem Alsalem, chefe do escritório do ACNUR em Barranquilla.

Por isso, o ACNUR lançou um censo e um exercício de caracterização da população deslocada na cidade de Valledupar, com a participação da própria OIK. Neste exercício, as famílias Kankuama deslocadas internamente realizaram um auto-diagnóstico, através do qual puderam aprofundar o conhecimento da situação a partir de uma perspectiva própria, reafirmando seus direitos individuais e coletivos e, ao mesmo tempo, fortalecendo sua capacidade organizacional.

Apesar das difíceis condições da vida, o povo Kankuamo é incrivelmente forte e tem grandes esperanças para o futuro. Eles esperam aprender mais sobre a defesa dos seus direitos para escapar do ciclo de violência e injustiça no qual estão presos. As autoridades locais têm feito esforços significativos para superar os desafios enfrentados pelos povos indígenas, com uma política pública enfocada nos direitos humanos e um plano de ação para os deslocados internos que garante uma melhor coordenação entre as instituições e as minorias étnicas, como os indígenas e afro-colombianos.

O ACNUR realiza diagnósticos participativos nos departamentos da Colômbia em que atua para dar voz à população deslocada, permitindo que ela seja ouvida e levada em consideração nas formulações de políticas públicas e planos de desenvolvimento. Entre outras coisas, o ACNUR sugeriu ao povo Kankuamo preparar um relatório para a Corte Interamericana para demonstrar a gravidade de sua situação, além de suas necessidades.

Estima-se que, entre 2006 e 2009, cerca de 50 mil indígenas foram deslocados. Segundo o relatório de 2010 da Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC), 1,146 indígenas foram vítimas de deslocamento forçado em 2010.

*Nome alterado por motivos de proteção

Francesca Fontanini, em Valledupar, Colômbia