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ACNUR financia laboratório de ciências de escola em campo de refugiados

Comunicados à imprensa

ACNUR financia laboratório de ciências de escola em campo de refugiados

29 Novembro 2021
Elaine, 14 anos, realiza experimentos no laboratório de ciência da Escola Secundária St. Michaels, no Campo de Refugiados de Tongogara, Zimbábue.

Batendo com giz no quadro-negro, Joyline Mhlanganiso começa uma lista de métodos para separar diferentes substâncias.


"Peneiração", ela grita por cima do ombro. "O que mais?"

“Filtração”, arrisca um aluno de algum lugar no meio da sala de aula. Outro diz “decantação” e um terceiro sugere “magnetismo”. Mhlanganiso continua escrevendo conforme as ideias vão chegando.

A ciência é coisa séria na St Michael's Secondary School, no campo de refugiados de Tongogara, localizado no extremo sudeste do Zimbábue, desde que um novo prédio de laboratório foi concluído em 2019. Todos os alunos da escola, do primeiro ao quarto ano, estudam ciências.

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"Nossos alunos gostam de exercícios e experimentos práticos quando temos aulas, bem como viagens de campo, das quais eles gostam muito”, diz Mhlanganiso, professora zimbabuense que está no St Michael's há nove anos.

Com orgulho, ela se lembra do dia em 2018 em que um de seus alunos ganhou uma competição nacional de ciência. “Tive dois alunos [competindo pelo prêmio]”, diz Mhlanganiso. “A menina ficou em primeiro enquanto o menino, em terceiro. Foi uma ótima conquista". Os alunos compartilham o mesmo entusiasmo.

Jessica Momba, 16, refugiada da República Democrática do Congo (RDC), cita ciências, matemática e geografia como suas matérias favoritas. Ela sonha em ser geógrafa. “Eu adoro experimentos em grupo porque os faço com meus amigos na sala de aula”, diz ela. “Gosto de fazer experiências porque me permitem praticar os conceitos que aprendemos nas aulas”, acrescenta Israel Mutata, refugiado de 16 anos, também congolês.

Existem mais de 20.000 refugiados e solicitantes da condição de refugiado no Zimbabué, a maioria deles da RDC e de Moçambique. O campo de Tongogara acolhe 14.800 refugiados, dos quais cerca de 5.500 têm entre 5 e 17 anos.

A demanda por educação é alta, mas não há vagas suficientes e as salas de aula costumam estar lotadas. Mais de 1.150 crianças em idade escolar não estão matriculadas na escola. Na verdade, St Michael's é a única escola secundária do campo: acolhe 860 alunos, dos quais 90% são refugiados.

No Zimbábue, as crianças refugiadas enfrentam várias barreiras para aprender. Wilfred Ziracha, o diretor da escola, diz que os alunos congoleses podem achar difícil se adaptar no novo currículo, uma vez que começam a estudar em inglês em vez de em francês. O francês também é ensinado em St Michael's, assim como o shona, que é falado em todo o Zimbábue.

Apesar da escola se orgulhar de seu novo laboratório - construção que foi financiada pelo ACNUR –, o espaço ainda precisa de alguns materiais importantes. Ziracha diz que ele gostaria de um suprimento de gás e bico de Bunsen. No momento, os alunos devem se contentar com a parafina com lâmpadas, que são mais fracas e não podem ser ajustadas.

Quadros brancos e projetores facilitariam a exibição de informações e diagramas, enquanto o wi-fi deixaria uma série de materiais didáticos digitais ao alcance dos alunos. A escola, o ACNUR e outros parceiros estão buscando fundos para comprar mais equipamentos.

O objetivo da escola St Michael's é oferecer ensino e exames de nível avançado.

“Há uma lacuna [entre a oferta e a demanda]”, diz Memory Mandikiana, coordenadora de educação do Serviço Jesuíta para Refugiados, que apoia as operações da escola comprando livros didáticos, oferecendo ajuda com o dever de casa e administrando a biblioteca. “No momento, os alunos refugiados precisam ir para outras escolas para obter educação de nível avançado”.

Para as meninas, o laboratório de ciências é particularmente importante. De acordo com a UNESCO, a participação das meninas em disciplinas STEM - ciências, tecnologia, engenharia e matemática - diminui à medida que envelhecem, com a participação diminuindo nos níveis médio, avançado e superior.

"Temos uma vantagem nessa escola, pois as duas únicas professoras de ciências são mulheres”, diz Ziracha. “Das três professoras de matemática, uma é mulher, então essas disciplinas são populares entre as meninas. Dizemos a elas: “Elas conseguiram, então vocês também podem”.