Incluir refugiados nos planos de vacinação é chave para acabar com a pandemia
Incluir refugiados nos planos de vacinação é chave para acabar com a pandemia
De quem é a responsabilidade de vacinar refugiados, deslocados internos e apátridas?
As autoridades nacionais são responsáveis pelas respostas de saúde pública e campanhas de vacinação contra a COVID-19. A entrega e administração das vacinas aos refugiados e outras pessoas sob nossos cuidados serão coordenadas pelas autoridades nacionais de saúde. Organizações nacionais, internacionais e parceiros da sociedade civil podem ser solicitados a apoiar esses esforços.
Todos os governos estão comprometidos em incluir refugiados em seus programas de vacinação?
O ACNUR está continuamente advogando nos níveis nacional, regional e global para que os refugiados e outras pessoas que protegemos sejam incluídas nas estratégias nacionais.
Até o momento, dos 90 países que atualmente desenvolvem estratégias nacionais de vacinação contra a COVID-19, 51 - ou 57 por cento - incluíram refugiados em seus planos de vacinação.
Estamos envolvidos em discussões e processos de tomada de decisão dentro da COVAX, a iniciativa global para garantir o acesso rápido e equitativo às vacinas de COVID-19 para todos os países.
Estamos trabalhando com parceiros internacionais para garantir que ‘não deixar ninguém para trás’ e ‘acesso equitativo às vacinas’ não sejam apenas frases, mas prática.
Quais são os riscos e consequências se os refugiados não forem incluídos nos planos nacionais de vacinação?
Usando o raciocínio de saúde pública, é impossível interromper ou reduzir de forma sustentável a transmissão do vírus, a menos que um mínimo de 70 por cento da população tenha adquirido imunidade.
Garantir que os refugiados sejam incluídos na distribuição da vacina é chave para acabar com a pandemia. A exclusão de refugiados, outras pessoas deslocadas ou não nacionais dos planos de vacinação acarreta o risco de transmissão contínua nessas populações, com repercussões na população nacional.
Existem riscos de proteção tangíveis associados à exclusão de refugiados, que vão desde consequências para sua saúde, acesso a serviços, trabalho, educação e meios de subsistência, liberdade de movimento e liberdade de discriminação.
Onde podemos esperar ver as primeiras vacinações para refugiados?
A Jordânia começou a vacinar refugiados. Como parte do plano nacional de vacinação contra a COVID-19, que começou esta semana, qualquer pessoa que viva em solo jordaniano, incluindo refugiados e requerentes de asilo, é elegível para receber a vacina gratuitamente.
Nos próximos meses, a Jordânia pretende vacinar 20 por cento de sua população contra o vírus e, atualmente, adquiriu três milhões de doses da vacina para permitir que isso aconteça.
Desde o início da pandemia, os refugiados foram incluídos no plano de resposta nacional e tiveram acesso a cuidados de saúde e tratamento médico como cidadãos jordanianos.
Quem será priorizado entre os refugiados?
Reconhecendo que a disponibilidade da vacina será limitada inicialmente, o especialistas da OMS do Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização e partes interessadas da COVAX concordaram com uma estrutura de alocação para garantir que as vacinas e tratamentos contra a COVID-19 bem-sucedidos sejam compartilhados de forma equitativa entre todos os países.
A estrutura aconselha que todos os países recebam doses proporcionais ao tamanho de sua população para imunizar os grupos de maior prioridade, como idosos, pessoas com doenças crônicas ou pessoas com sistema imunológico comprometido. Também uma das principais prioridades são os profissionais de saúde e outros com funções essenciais para o sistema.
Apenas os refugiados e outras pessoas sob os cuidados do ACNUR, que estão em uma das categorias de prioridade nacional, receberão inicialmente a vacinação. Outros podem seguir conforme as implementações são aumentadas.
Existe um prazo determinado para vacinar todos ou a maioria dos refugiados?
Não é realista definir metas de tempo. A maioria dos países ainda não recebeu vacinas. Mas as capacidades de produção, gargalos de abastecimento e logística podem persistir até 2021 em muitos países. O aspecto importante é garantir que os refugiados tenham acesso à vacinação junto com as populações nacionais de acolhimento.
Oitenta e seis por cento dos refugiados vivem em países em desenvolvimento. Alguns são Estados frágeis com sistemas de saúde pública muito limitados. Que desafios particulares isso apresenta em termos de administração de vacinas?
A vacina atualmente aprovada requer uma cadeia de ultrafria contínua até a última milha. Isso representa um enorme desafio para a maioria dos países que acolhem refugiados e significa que uma abordagem de vacinação descentralizada como as usadas para outras vacinações é muito difícil de implementar.
A infraestrutura da maioria dos programas nacionais de imunização de rotina é configurada para permitir o gerenciamento da cadeia de frio até o ponto de administração da vacina, mas o equipamento da cadeia de frio existente é inadequado para lidar com a vacina da COVID-19 atualmente disponível. No entanto, espera-se que mais vacinas contra a COVID-19 sejam aprovadas, incluindo aquelas que podem ser administradas com sistemas normais de cadeia de frio já instalados.
O ACNUR coordena as atividades de imunização com os programas nacionais de imunização, autoridades de saúde, parceiros de saúde, UNICEF e OMS. Mas o ACNUR não tem capacidade técnica para implementar as atividades de vacinação diretamente. Trabalharemos com nossos parceiros nacionais para apoiar a implementação de campanhas de vacinação.
Entre uma minoria de pessoas, existe alguma resistência a tomar vacinas. Como o ACNUR está trabalhando para combater isso?
Com nossos parceiros de saúde e as comunidades de refugiados, estamos em uma posição única para comunicar, informar e educar sobre a importância de se vacinar e como, onde e quando acessar as vacinas.
Divulgar é a chave. Para esse fim, as contribuições de milhares de refugiados em todo o mundo que estão trabalhando na linha de frente da pandemia como médicos, enfermeiras e agentes de saúde pública serão vitais.
O ACNUR segue atuando no Brasil e no mundo para proteger refugiados, pessoas deslocadas e comunidades que os acolhem do novo coronavírus.
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