Alto Comissário do ACNUR pede que Estados apoiem uma resposta mais justa à crise dos refugiados
Alto Comissário do ACNUR pede que Estados apoiem uma resposta mais justa à crise dos refugiados
NOVA IORQUE, Estados Unidos - O Alto Comissário da Agência da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, pediu aos países membros da ONU que pensem em um novo acordo global para os refugiados, que priorize não só a dignidade, os direitos e as aspirações dos refugiados, como também das pessoas que os acolhem.
Apresentando o seu relatório anual e o Pacto Global ao Terceiro Comitê da Assembleia Geral da ONU em Nova York, Grandi disse que mesmo em meio a tanta adversidade o multilateralismo se mantém, mas precisa ser revigorado.
"Os refugiados são uma preocupação internacional e uma responsabilidade compartilhada", disse Grandi. “Com o Pacto Global, nós teremos pela primeira vez um modelo prático, viável e um conjunto de ferramentas que traduz este princípio em ação.”
Grandi expressou preocupação sobre o fato dos refugiados e dos migrantes se tornarem cada vez mais alvos e vítimas de agendas políticas divididas e de políticas regionais e internacionais.
"Precisamos encontrar uma maneira de nos afastarmos da política - e chamarmos a atenção para o que importa - a dignidade, os direitos e a humanidade compartilhada", acrescentou Grandi.
Dois anos atrás, a Assembleia Geral da ONU pediu ao ACNUR que consultasse os Estados membros da ONU e outras partes interessadas para desenvolver um novo acordo internacional para os refugiados - conhecido como o Pacto Global sobre Refugiados – e propô-lo à comunidade internacional como parte de seu relatório anual, como Grandi o fez há uma semana.
“Com o Pacto Global, nós teremos pela primeira vez um modelo prático, viável e um conjunto de ferramentas que traduz este princípio em ação.”
"Se dermos oportunidades aos refugiados, eles também podem ser catalisadores da humanidade, da solidariedade e de um senso de propósito compartilhado na sociedade. Em outras palavras, de tudo o que nos une e nos fortalece diante dos desafios globais", disse Grandi.
Crises em todos os continentes forçaram mais de 68,5 milhões de pessoas a se deslocarem, incluindo mais de 25,4 milhões de refugiados, disse Grandi em seu discurso ao comitê da ONU.
Soluções políticas permanecem difíceis de serem alcançadas na resolução de problemas, disse ele. Ademais, a interseção do conflito com outros fatores, como as mudanças climáticas, a pobreza e a desigualdade, provocaram novos fluxos de deslocamento, que são difíceis de serem solucionados.
Grandi também observou que, embora haja muitos exemplos preocupantes de refugiados e de requerentes de asilo que são não são devidamente acolhidos, existem inúmeras comunidades locais ao redor do mundo – muitas vezes em áreas remotas e fronteiriças – que continuam oferecendo proteção e apoio aos refugiados. Apesar de seus meios limitados, tais comunidades acolhedoras são movidas pela compaixão e pelos valores humanos fundamentais.
Em muitos desses lugares, uma nova resposta às crises de refugiados está criando raízes.
“Décadas mantendo os refugiados enclausurados em campos ou à margem da sociedade estão dando lugar a uma abordagem fundamentalmente diferente. A preocupação passa a ser a inclusão dos refugiados nos sistemas nacionais, nas sociedades e nas economias de seus países anfitriões pelo tempo que for necessário, permitindo que eles contribuam para as suas novas comunidades e garantam o próprio futuro”, disse Grandi, observando que o Pacto Global é oriundo da generosidade dessas comunidades.
Grandi pediu aos Estados membros que empreendessem um maior esforço coletivo para fortalecer a importância e a implementação do Pacto.
Lembrando a coragem, a resiliência e a determinação de muitas pessoas deslocadas que ele conheceu durante o ano passado no Quênia, na Síria, no Irã e na Colômbia, entre outros países, para Grandi este era um momento de olhar para trás.
“Caberá a todos nós fazermos isso acontecer, para garantir que essa promessa se torne realidade para os milhões de refugiados e de deslocados no mundo que estão contando conosco”.
“Este é um momento no qual as pessoas se reuniram para pensar em um caminho melhor, mais justo e mais igualitário para às crises dos refugiados, protegidas dos caprichos da política, adaptada aos desafios do nosso mundo.”
“Caberá a todos nós fazermos isso acontecer, para garantir que essa promessa se torne realidade para os milhões de refugiados e de deslocados no mundo que estão contando conosco”, ele concluiu.
Espera-se que o Pacto Global seja validado pela Assembleia Geral da ONU até o final de 2018.