Na Áustria, adolescente sírio tem a oportunidade de sonhar mais uma vez
Na Áustria, adolescente sírio tem a oportunidade de sonhar mais uma vez
“Lembro das bombas”, ele diz. “O som das bombas. Os foguetes. As armas. Era realmente terrível, muito barulhento”.
Amr está entre 12 crianças e jovens refugiados que vivem na Europa e que fazem parte de um projeto que deixa suas imaginações fluírem.
Chamado de Diário de Sonhos “Dream Diaries” em inglês, o projeto possibilita que crianças e jovens demonstrem seus sonhos e esperanças a partir da segurança de seus novos lares na Áustria, Bélgica, Alemanha, Países Baixos e Suíça, longe de conflitos em sua terra natal, como Síria, Afeganistão e outros locais.
A série foi produzida pela fotógrafa do Humans of Amsterdam, Debra Barraud, seu colega Benjamin Heertje, a designer gráfica Annegien Shilling e o cineasta Kris Pouw em parceria com o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados.
Neste ensaio, Amr, que foi forçado a deixar a Síria e encontrou proteção em Viena em outubro de 2015 junto de seus pais e de seus dois irmãos, compartilha seu sonho de se tornar jornalista. Num dos retratos, Amr aparece em uma televisão com um microfone, onde conta as últimas notícias.
“Creio que o mundo estaria melhor sem a guerra”, ele diz para a equipe. “Para mim, é interessante escutar coisas sobre a Síria. Vi muitas histórias da Síria na internet e é difícil saber se são verdadeiras. As pessoas devem escutar a verdade, e os jornalistas tem o poder para fazer isso acontecer. Por isso quero ser jornalista”.
Como para milhões de outras pessoas, a viagem que Amr fez até chegar à Europa foi repleta de perigos. Em 2016, mais de 50 por cento dos refugiados eram crianças. As crianças desacompanhadas e separadas, principalmente do Afeganistão e da Síria, apresentaram cerca de 75.000 solicitações de refúgio em 70 países durante esse ano.
Aproximadamente um terço das pessoas que buscavam refúgio na Alemanha em 2015 e 2016 eram crianças e jovens.
“O que mais me lembro da viagem era do bote de borracha”, diz Amr. “Demorou cinco horas. O motor desligou várias vezes. Estávamos muito assustados. Era meia noite. Todos estavam na internet com nossos telefones. Fomos da Turquia para a Grécia. Lembro particularmente da caminhada que fizemos. Lembro da lama, do frio e da constante chuva. Quase não comi. Finalmente, quando chegamos na Áustria, estava muito feliz que não precisava caminhar mais”.