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Refugiados iraquianos deixam a Síria com medo da violência generalizada

Comunicados à imprensa

Refugiados iraquianos deixam a Síria com medo da violência generalizada

Refugiados iraquianos deixam a Síria com medo da violência generalizadaMais de 10 mil refugiados iraquianos que viviam na Síria voltaram para o Iraque na última semana, fugindo da violência gerada pelo conflito sírio, prestes a completar um ano e meio.
24 Julho 2012

GENEBRA, 24 de julho (ACNUR) - Mais de 10 mil refugiados iraquianos que viviam na Síria voltaram para o Iraque na última semana. Eles temem a violência gerada pelo conflito sírio, prestes a completar um ano e meio. Insurgentes sírios pedem a saída de Bashar Al-Assad, que governa o país há mais de 10 anos. Milhares de sírios também estão buscando refúgio em países vizinhos, como o próprio Iraque e a Turquia.

Alguns iraquianos relatam o medo de regressar aos mesmos lugares que uma vez tiveram de abandonar por conta da violência no Iraque. Ainda assim, com o aumento da insegurança na Síria, eles não tiveram outra  alternativa senão arriscar voltar ao seu país.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) aumentou o número de funcionários na Síria para atender a enorme demanda dos refugiados e deslocados.

"De acordo com observadores os refugiados estão sem alimentos e sem condições de suprir suas necessidades básicas. A demanda por atendimento médico é enorme e muitos postos de saúde estão fechados", declarou a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, a jornalistas em Genebra. "Muitos refugiados relatam temer por sua segurança, principalmente mulheres e crianças."

Milhares de outros iraquianos que decidiram permanecer na Síria precisaram deixar Seida Zeinab, nas imediações de Damasco, em direção a outras regiões.  Alguns relataram ameaças diretas, outros estão deixando a região com medo da violência generalizada que toma conta da capital.

O governo do Iraque apoia o retorno dos refugiados ao país, disponibilizando voos especiais. O ACNUR também colabora com o transporte. No primeiro semestre deste ano, mais de 13 mil iraquianos deixaram a Síria, a maioria voltou para o Iraque.

O ACNUR presta assistência para que as famílias que decidiram não voltar ao Iraque possam comprar e armazenar o que for essencial, caso os serviços sejam interrompidos.

De acordo com a porta-voz do ACNUR, milhares de sírios que viviam em Damasco também tiveram que abandonar suas casas em busca de lugares mais seguros. Atualmente, 58 escolas hospedam famílias sírias, e alguns parques estão funcionando como acampamentos improvisados. "Algumas destas pessoas estão deslocadas pela segunda vez. Depois de terem fugido de Homs [reduto dos insurgentes sírios e cidade onde se iniciou a repressão aos rebeldes], há alguns meses, agora têm que abandonar Damasco", afirmou Fleming.

O “Syrian Arab Red Crescent “, parceiro local do ACNUR, ajudou a entregar milhares de cobertores, colchões e itens domésticos para as famílias que vivem nestas áreas improvisadas.

A agência da ONU para Refugiados saudou o anúncio do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al Maliki, de que os sírios que deixarem o país terão acesso livre ao Iraque, inclusive por meio das fronteiras. Mais de 7 mil sírios já foram registrados no Iraque, e outros 500 aguardam registro. A maioria vive na região do Curdistão.

O governo libanês também declarou que mantém fronteiras abertas para os refugiados da Síria. O ACNUR estima que em apenas dois dias da última semana 18 mil sírios cruzaram a fronteira com o Líbano. Na última segunda-feira, cerca de seis mil sírios chegaram à região de Masnaa, cidade libanesa que faz fronteira com a Síria. Muitos deles afirmaram que esperam permanecer na região por poucas semanas até que o conflito se acalme.

Até o momento, o ACNUR já registrou cerca de 30 mil refugiados sírios vivendo no Líbano, e outros 2.500 aguardando registro. Esses números podem ser ainda maiores, já que nem todos os recém-chegados procuram o ACNUR.

Na Jordânia, cerca de 36 mil sírios já foram registrados, e mais de2.500 aguardam o cadastro. Segundo as autoridades locais, há dezenas de milhares de sírios que ainda não se apresentaram para o registro.

Durante a noite da última segunda-feira, mais de mil sírios cruzaram a fronteira com a Jordânia, a maioria saindo de Daraa. Eles deverão ser transferidos, junto com outros sírios que já estavam no país, para um novo acampamento em Za'atri.

Desde o início do conflito na Síria a Turquia recebeu cerca de 45 mil refugiados. As autoridades turcas estão construindo outros dois novos campos para aumentar a capacidade de acolhimento em até 20 mil pessoas.