Refugiados iraquianos deixam a Síria com medo da violência generalizada
Refugiados iraquianos deixam a Síria com medo da violência generalizada
GENEBRA, 24 de julho (ACNUR) - Mais de 10 mil refugiados iraquianos que viviam na Síria voltaram para o Iraque na última semana. Eles temem a violência gerada pelo conflito sírio, prestes a completar um ano e meio. Insurgentes sírios pedem a saída de Bashar Al-Assad, que governa o país há mais de 10 anos. Milhares de sírios também estão buscando refúgio em países vizinhos, como o próprio Iraque e a Turquia.
Alguns iraquianos relatam o medo de regressar aos mesmos lugares que uma vez tiveram de abandonar por conta da violência no Iraque. Ainda assim, com o aumento da insegurança na Síria, eles não tiveram outra alternativa senão arriscar voltar ao seu país.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) aumentou o número de funcionários na Síria para atender a enorme demanda dos refugiados e deslocados.
"De acordo com observadores os refugiados estão sem alimentos e sem condições de suprir suas necessidades básicas. A demanda por atendimento médico é enorme e muitos postos de saúde estão fechados", declarou a porta-voz do ACNUR, Melissa Fleming, a jornalistas em Genebra. "Muitos refugiados relatam temer por sua segurança, principalmente mulheres e crianças."
Milhares de outros iraquianos que decidiram permanecer na Síria precisaram deixar Seida Zeinab, nas imediações de Damasco, em direção a outras regiões. Alguns relataram ameaças diretas, outros estão deixando a região com medo da violência generalizada que toma conta da capital.
O governo do Iraque apoia o retorno dos refugiados ao país, disponibilizando voos especiais. O ACNUR também colabora com o transporte. No primeiro semestre deste ano, mais de 13 mil iraquianos deixaram a Síria, a maioria voltou para o Iraque.
O ACNUR presta assistência para que as famílias que decidiram não voltar ao Iraque possam comprar e armazenar o que for essencial, caso os serviços sejam interrompidos.
De acordo com a porta-voz do ACNUR, milhares de sírios que viviam em Damasco também tiveram que abandonar suas casas em busca de lugares mais seguros. Atualmente, 58 escolas hospedam famílias sírias, e alguns parques estão funcionando como acampamentos improvisados. "Algumas destas pessoas estão deslocadas pela segunda vez. Depois de terem fugido de Homs [reduto dos insurgentes sírios e cidade onde se iniciou a repressão aos rebeldes], há alguns meses, agora têm que abandonar Damasco", afirmou Fleming.
O “Syrian Arab Red Crescent “, parceiro local do ACNUR, ajudou a entregar milhares de cobertores, colchões e itens domésticos para as famílias que vivem nestas áreas improvisadas.
A agência da ONU para Refugiados saudou o anúncio do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al Maliki, de que os sírios que deixarem o país terão acesso livre ao Iraque, inclusive por meio das fronteiras. Mais de 7 mil sírios já foram registrados no Iraque, e outros 500 aguardam registro. A maioria vive na região do Curdistão.
O governo libanês também declarou que mantém fronteiras abertas para os refugiados da Síria. O ACNUR estima que em apenas dois dias da última semana 18 mil sírios cruzaram a fronteira com o Líbano. Na última segunda-feira, cerca de seis mil sírios chegaram à região de Masnaa, cidade libanesa que faz fronteira com a Síria. Muitos deles afirmaram que esperam permanecer na região por poucas semanas até que o conflito se acalme.
Até o momento, o ACNUR já registrou cerca de 30 mil refugiados sírios vivendo no Líbano, e outros 2.500 aguardando registro. Esses números podem ser ainda maiores, já que nem todos os recém-chegados procuram o ACNUR.
Na Jordânia, cerca de 36 mil sírios já foram registrados, e mais de2.500 aguardam o cadastro. Segundo as autoridades locais, há dezenas de milhares de sírios que ainda não se apresentaram para o registro.
Durante a noite da última segunda-feira, mais de mil sírios cruzaram a fronteira com a Jordânia, a maioria saindo de Daraa. Eles deverão ser transferidos, junto com outros sírios que já estavam no país, para um novo acampamento em Za'atri.
Desde o início do conflito na Síria a Turquia recebeu cerca de 45 mil refugiados. As autoridades turcas estão construindo outros dois novos campos para aumentar a capacidade de acolhimento em até 20 mil pessoas.