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52 Somalis morrem em incedente no Golfo do Áden

Comunicados à imprensa

52 Somalis morrem em incedente no Golfo do Áden

52 Somalis morrem em incedente no Golfo do ÁdenBrasília, 29 de setembro de 2008 – Pelo menos 52 somalis morreram depois que uma embarcação irregular que cruzava o Golfo do Áden em direção ao Iêmen quebrou e eles ficaram à deriva sem comida e água por 18 dias, anunciou neste domingo (28) a agência da ONU para refugiados (ACNUR).
29 Setembro 2008

Brasília, 29 de setembro de 2008 – Pelo menos 52 somalis morreram depois que uma embarcação irregular que cruzava o Golfo do Áden em direção ao Iêmen quebrou e eles ficaram à deriva sem comida e água por 18 dias, anunciou neste domingo (28) a agência da ONU para refugiados (ACNUR).

De acordo com funcionários da agência no Iêmen, 71 pessoas sobreviveram ao incidente e a embarcação quebrada chegou em  Shihra, na costa do Iêmen, no dia 21 de setembro. Durante a travessia pelo Golfo do Áden, 48 somalis morreram, entre eles 38 homens e 10 mulheres. Segundo relatos dos sobreviventes, os corpos foram jogados ao mar. Outros quatro morreram depois de chegar à Shihra.

Os sobreviventes, resgatados pela Guarda Costeira local, afirmaram ter partido de Marera, na costa Somali, com pelo menos 124 passageiros a bordo no dia três de setembro e viajavam a várias horas quando o motor parou. Segundo eles, os traficantes responsáveis pela embarcação afirmaram então que teriam que ir até a cidade somali de Bossaso em um barco menor para recarregar a bateria e retornariam assim que possível. Porém nunca retornaram, deixando os passageiros à deriva por 18 dias, sem comida e água.

As constantes e altas ondas levaram o barco rumo à Shihra, no Iêmen. Assim que a embarcação se aproximou do local, três somalis pularam no mar e nadaram rumo à costa  para alertar as autoridades locais. Um deles não conseguiu atingir a praia e continua desaparecido. Um barco da Guarda Costeira do Iêmen rebocou a embarcação e os passageiros foram recebidos pelo ACNUR e seus parceiros locais, que forneceram água e comida. Dez dos sobreviventes foram imediatamente hospitalizados, mas quatro deles faleceram posteriormente.

Os outros sobreviventes, que possuem entre 2 e 40 anos, foram levados para o Centro de Recepção do ACNUR em Mayfa’a. Eles disseram ter deixado a Somália devido à contínua insegurança no país, que enfrenta a guerra, a seca e o desemprego. Cada passageiro pagou aos traficantes entre U$ 70 e U$ 100 pela viagem.

A última tragédia coincide com o recente aumento do tráfico de pessoas da Somália pelo Golfo do Adén. Somente neste ano, pelo menos 31 mil pessoas chegaram ao Iêmen depois de fazerem perigosas viagens em barcos de traficantes, incluindo cerca de 21 mil somalis e mais de 9 mil etíopes. Aproximadamente 228 pessoas morreram e pelo menos 262 continuam desaparecidas.

O tráfico de pessoas pelo mar acontece geralmente entre os meses de maio e setembro devido às condições climáticas favoráveis no Golfo do Áden. Com as águas calmas em agosto, 65 barcos levaram mais de 2,5 mil pessoas desesperadas ao Iêmen – quase quatro vezes mais o número de chegadas no mesmo período do ano passado, quando 633 pessoas chegaram em 10 barcos. Até 23 de setembro, pelo menos 106 barcos de tráfico levaram mais de 6 mil pessoas ao Iêmen.

A agência da ONU para refugiados acredita que diversos fatores são responsáveis pelo recente aumento das chegadas, incluindo o contínuo conflito e o consequente deslocamento de pessoas na Somália e a abertura de novas rotas de tráfico no Golfo do Áden.

O ACNUR e outras agências internacionais pedem uma ação global efetiva com o objetivo de melhor direcionar este problema. No último ano, a agência da ONU para refugiados aumentou significaficativamente seu trabalho no Iêmen. O programa de mais de U$ 17 milhões no Iêmen – pouco mais da metade financiado atualmente – está fornecendo mais funcionários, melhor assistência humanitária e abrigos adicionais para refugiados no campo de Kharaz, além de programas de treinamento para os guardas costeiros do país e outros oficiais. A agência tem também aumentado sua presença ao longo da remota costa do Iêmen com a abertura de seu segundo centro de recepção em Ahwar, além de instalações para recepção ao longo do Mar Vermelho.

Em maio, o ACNUR realizou uma conferência regional em cooperação com a Força Tarefa sobre Migração Mista para a Somália com o objetivo de estabelecer um mecanismo regional e um plano de ação de longo prazo para proteção de refugiados e migração mista no Golfo do Áden. O fluxo misto de pessoas no Golfo inclui um número significante de refugiados. Fundos adicionais serão disponibilizados para países do Chifre da África, incluindo Etiópia, Djibouti e Somália, para que se evitem tais movimentos.

O Iêmen vem carregando o peso dos movimentos migratórios irregulares na região e mantém sua política de portas abertas para os refugiados, porém o apoio da comunidade internacional continua absolutamente essencial.