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60 mil deslocados internos vivem em condições precárias em Kivu do Norte

Comunicados à imprensa

60 mil deslocados internos vivem em condições precárias em Kivu do Norte

60 mil deslocados internos vivem em condições precárias em Kivu do NorteA viúva Josephine e seus sete filhos sobreviveram ao conflito na província de Kivu do Norte, na RDC, que desde abril tem forçado centenas de milhares de pessoas a deixar suas casas.
8 Outubro 2012

KANYARUCHINYA, República Democrática do Congo, 8 de outubro (ACNUR) – A viúva Josephine e seus sete filhos sobreviveram ao conflito na província de Kivu do Norte, que desde abril tem forçado centenas de milhares de pessoas a deixar suas casas.

Feliz por estar viva, ela hoje enfrenta a deplorável e desordenada situação do campo para deslocados internos (IDP, na sigla em inglês) onde vive. O acampamento surgiu espontaneamente em junho, na vila de Kanyaruchinya, 10 quilômetros ao norte de Goma, a capital da província.

“Tentamos sobreviver um dia após o outro dia”, disse ao ACNUR. Kanyaruchinya tem hoje cerca de 60 mil pessoas precisando de assistência básica, como abrigo, comida e água. Elas relutam em mudar-se para campos mais seguros. A maioria dos deslocados internos vive em abrigos improvisados às margens da rodovia que corta a vila, enquanto outros passam a noite em escolas locais.

Este é o maior dos acampamentos já levantados por civis. Eles tiveram de abandonar suas casas para sobreviver aos embates travados desde abril entre as tropas do governo e o grupo rebelde M23. A violência generalizada e a violação de direitos humanos já deixaram 390 mil pessoas deslocadas internamente no leste da República Democrática do Congo (RDC), incluindo 220 mil em Kivu do Norte. Cerca de 60 mil refugiados estão em Ruanda e Uganda.

“Estamos preocupados com a proximidade do conflito e a dificuldade em fornecer água potável” disse Etien Lazare, chefe do escritório do ACNUR em Goma. O ACNUR e seus parceiros buscam maneiras de ajudar os deslocados internos em Kanyaruchinya. Uma missão para identificar as necessidades do local foi organizada recentemente.

Grande parte dos deslocados internos em Kanyaruchinya reluta em deixar o local devido à proximidade de suas casas. Para muitos deles, deslocar-se virou rotina.

Josephine e sua família são da cidade de Kibumba, 30 quilômetros ao norte de Goma, no território Rutshuru. Apesar do trauma, ela espera voltar para casa. O ACNUR tem enfrentado dificuldades para chegar aos campos de deslocados da região.

Em julho, os rebeldes do M23 empurraram as tropas do governo para Rutshuru e avançaram para Goma, ocupando a cidade de Kibumba, antes de recuar. “Saímos para salvar nossas vidas”, disse Josephine. “As disputas estavam por toda parte, e ficamos todos separados” acrescentou.

Josephine e seus filhos estão agora relativamente seguros, mas precisam urgentemente de assistência. No mês passado, o ACNUR lançou um apelo por US$ 7,4 milhões para as operações de emergência destinadas a atender os 400 mil deslocados internos no leste da RDC.

“Estamos em Kanyaruchinya há um mês, falta água e comida”, disse Josephine. Ela mostrou ao ACNUR o abrigo em que vive com os filhos: uma casa pequena feita de madeira e toalhas de plástico. “Dormimos todos juntos [num espaço de dois metros quadrados]. À noite faz muito frio, mas não temos escolha senão dormir no chão – é muito difícil,” disse ela.

Os recursos arrecadados pelo ACNUR seriam destinados a fornecer abrigos para 40 mil famílias em Kivu do Norte e na província Orientale, além de equipamentos domésticos básicos para 15 mil famílias.

Josephine conta que em casa tinha tudo o que precisava. “Plantávamos vegetais, feijão, batatas e batata doce, comíamos quando tínhamos fome. Aqui nós só temos biscoitos [altamente energéticos, distribuídos pelo Programa Mundial de Alimentos] e vivemos espremidos nesse espaço pequeno,” disse.

A viúva tenta outros meios para alimentar a família. “Faço o serviço doméstico para alguns moradores locais e coleto lenha para vender”, afirmou Josephine.

Viviane, de 56 anos, também teve de deixar sua casa perto de Kibumba por causa do conflito e hoje mora no acampamento de Kanyaruchinya. Ela se recusa a mudar para o campo de Mugunga porque Kanyaruchinya fica perto de sua casa. Ela e seus três filhos dormem numa escola primária, durante o dia eles perambulam pela escola para que os alunos possam assistir às aulas. Esta não é uma situação ideal.

Josephine compartilha com Viviane o sonho de voltar para casa. Enquanto a violência na RDC não der trégua, as duas continuarão precisando de assistência humanitária. A ajuda internacional é crucial enquanto não se chega a uma solução política para o conflito.

Por Simplice Kpandji em Kanyaruchinya, República Democrática do Congo