ACNUR: 02 milhões de sírios estão refugiados
ACNUR: 02 milhões de sírios estão refugiados
GENEBRA, 03 de setembro de 2013 (ACNUR) – O número de refugiados sírios ultrapassou hoje a marca de dois milhões de pessoas, sem sinal de que esse trágico fluxo humano se encerre. O conflito já entrou em seu terceiro ano, com uma multidão de mulheres, crianças e homens deixando a Síria e cruzando suas fronteiras com pouco mais do que a roupa do corpo.
O novo número é alarmante, pois representa um aumento de quase 1,8 milhão de pessoas saindo da Síria em apenas 12 meses. Há um ano, o número de sírios registrados como refugiados ou esperando pelo registro era de 230.671 pessoas.
“A Síria tornou-se a grande tragédia deste século, uma calamidade humanitária com um grau de sofrimento e deslocamento de pessoas sem precedentes na história recente”, afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres. “O único conforto é a postura humanitária demonstrada pelos países da vizinhança em receber e salvar as vidas de tantos refugiados”, acrescentou Guterres.
Mais de 97% dos refugiados sírios estão abrigados por países no entorno da Síria, o que tem sobrecarregado enormemente sua infraestrutura, economia e dinâmica social. Estes países precisam urgentemente de expressivo apoio internacional para lidar com a crise.
Em reação ao trágico marco de dois milhões de refugiados, a Enviada Especial do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), Angelina Jolie, expressou seu pesar pelo número de mortos, estragos e pelo perigo que tem forçado tantos sírios a deixar o país para salvar suas vidas.
“O mundo corre o risco de ser perigosamente complacente com o desastre humanitário sírio. O sofrimento humano causado por este conflito tem consequências catastróficas. Se a tendência de deterioração da crise se mantiver como agora, o número de refugiados aumentará e alguns países poderão entrar em colapso”, disse Jolie.
“O mundo está tragicamente desunido sobre como colocar um fim ao conflito na Síria. Mas não pode haver dúvida sobre como aliviar o sofrimento humano e sobre a responsabilidade do mundo em fazer mais. Temos que apoiar os milhões de civis inocentes arrancados de suas casas, assim como ampliar a capacidade dos países da vizinhança a lidar com o grande fluxo de pessoas”, acrescentou Jolie.
Com uma média diária de cinco mil sírios fugindo para países vizinhos, as necessidades de se aumentar significativamente a ajuda humanitária e o apoio de infraestrutura nos países de acolhida chegaram a um estágio crítico. Diante da pressão que o êxodo de refugiados tem provocado na região, incluindo a deterioração econômica, ministros do Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia se reunirão nesta quarta-feira (04 de setembro) com o ACNUR, em Genebra, numa tentativa de acelerar o apoio internacional.
Os dois milhões de sírios representam as pessoas já registradas como refugiadas ou em processo de registro. Até o fim de agosto, o número de refugiados nos países do entorno era de: 110 mil no Egito; 168 mil no Iraque; 515 mil na Jordânia; 716 mil no Líbano; e 460 mil na Turquia. 52% desta população são crianças menores de 17 anos. Na semana passada, o ACNUR havia divulgado que número de crianças sírias refugiadas havia ultrapassado a marca de 01 milhão.
Mais de 4,25 milhões de pessoas estão deslocadas internamente na Síria, de acordo com a estatística de 27 de agosto do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Todos estes dados – perfazendo um total de mais de seis milhões de pessoas arrancadas de suas casas – indicam que os sírios representam a maior nacionalidade de pessoas em situação de deslocamento forçado no mundo.
O ACNUR atua internamente na Síria, além de liderar a resposta humanitária para a crise dos refugiados em cada país da região. As agências humanitárias estão terrivelmente sem recursos, com apenas 47% dos fundos necessários para atender as necessidades emergenciais dos refugiados cobertos.