ACNUR: 45 anos de proteção no sul da América Latina
ACNUR: 45 anos de proteção no sul da América Latina
BUENOS AIRES, Argentina, 3 de dezembro (ACNUR) – A comemoração dos 45 anos de atividades do escritório regional do ACNUR para o Sul da América Latina foi vivida como o encontro de uma grande família, unida pelo interesse de assegurar a proteção e integração daquelas pessoas que foram forçadas a abandonar seus países para salvar suas vidas.
O evento comemorativo aconteceu em Buenos Aires e contou com a presença de altos funcionarios do governo nacional, refugiados de diferentes países, membros do corpo diplomático, representantes da sociedade civíl assim como com a condução do Embaixador de Boa Vontade do ACNUR, Osvaldo Laport.
Em seu discurso inaugural, a Representante Regional do ACNUR, Eva Demant, declarou: “Em um mundo cujos espaços humanitários parecem estar encolhendo, o ACNUR agradece àqueles países que generosamente abrem suas portas às pessoas que chegam em busca de proteção. A organização reconhece também os imensos esforços que os governos da região e a sociedade civil, mesmo em circunstâncias socioeconômicas difíceis, realizam para continuar oferecendo proteção e possibilidades de integração às pessoas refugiadas”.
De sua parte, a Subsecretaria de Relações Exteriores, a Embaixadora Norma Nascimbene destacou que “a promoção e proteção dos direitos dos refugiados é um tema de interesse fundamental para este Governo e constitui uma política de Estado que se reflete em todo nosso corpo legal: desde a Contituição Nacional que integra as principais convenções de proteção dos direitos humanos até a Lei Geral de Reconhecimento e Proteção de Refugiados, a Lei de Migrações e os convênios de livre residência no MERCOSUL, assim como também a criação e funcionamento da Comissão Nacional para Refugiados (CONARE) e o Plano de Reassentamento Solidário”.
Através de uma mensagem gravada para a ocasião, o Alto Comissário António Guterres agradeceu aos governos do Cone Sul e fez um convite para que se unam às comemorações de 2011 (60 anos da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados e 50 anos da Convenção sobre a Redução da Apatrídia). Por outro lado, declarou que “a liderança da região na construção de um espaço de proteção seguira sendo um exemplo para o mundo”.
Como parte da comemoração também foi emitida uma mensagem da escritora chilena e ex-refugiada, Isabel Allende, que contou como seus pais se salvaram milagrosamente da explosão do que levava o ex-General chileno Carlos Prats e sua esposa, em setembro de 1974 em Buenos Aires. A escritora disse ter uma dívida com a organização por continuar viva.
Na ocasião, as vozes dos refugiados se fizeram ouvir através de Sane Sankou, do Senegal, e Alejandra Gavira, da Colômbia. “Quero dar graças aos argentinos e argentinas por nos receber e nos dar a oportunidade de viver em paz neste lindo país”, declarou Sankou. Gaviria destacou as contribuições que os refugiados podem oferecer às sociedades de acolhida: “Não existe cultura estática, a cultura é dinâmica, muda... e a Argentina pode ver como os refugiados têm ajudado a dinamizar a sociedadede com seu aporte não apenas cultural, mas também social e econômico”.
Os representantes das três agências implementadoras dos programas do ACNUR na Argentina (Fundação Comissão Católica Argentina de Migrações, Fundação Migrantes e Refugiados na Argentina, e a Associação Hebraica de Ajuda a Imigrantes) somaram seus discursos para reconhecer o compromisso humanitário dos governos, da sociedade civil e do ACNUR, ao mesmo tempo em que pediram que se continuasse trabalhando em prol das pessoas com necessidade de proteção internacional.
Com o objetivo de atender as necesidades de proteção dos refugiados europeus do pós-guerra que haviam chegado a esta parte do mundo, em 1965 se estabeleceu em Buenos Aires o escritório regional do ACNUR para o Sul da América Latina, que atualmente cobre Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai.
Nos anos seguintes, entretanto, seu trabalho foi atravessado por acontecimentos políticos que marcaram a região, como o êxodo de refugiados latino-americanos durante as ditaduras militares dos anos 70 e 80. Mas com o retorno dos governos democráticos, a região foi consolidando-se progressivamente como um espaço humanitário de vital importância para a acolhida de milhares de pessoas que chegam em busca de proteção e paz.
Atualmente, o ACNUR trabalha com os governos e a sociedade civíl de diferentes países da região na proteção e integração de mais de 9.500 refugiados e solicitantes de refúgio.
Carolina Podestá em Buenos Aires, Argentina
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