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ACNUR, agentes comunitários e parceiros fazem em São Paulo mutirão de atendimento a pessoas refugiadas e migrantes

Comunicados à imprensa

ACNUR, agentes comunitários e parceiros fazem em São Paulo mutirão de atendimento a pessoas refugiadas e migrantes

19 Novembro 2021
Pessoas refugiadas e migrantes da zona sul de São Paulo são atendidas no mutirão de serviços realizado com apoio do ACNUR. © ACNUR/Silvia Sander

São Paulo, 19 de novembro de 2021 (ACNUR) – A vida de Verônica Barra se transformou desde agosto de 2020, quando foi forçada a deixar a Venezuela em razão do agravamento da situação econômica e social do país, assim como pela discriminação pelo fato de ser uma mulher trans. Ela chegou até a fronteira com o Brasil caminhando e pegando carona, pois os recursos eram escassos.  Para piorar, a pandemia de Covid-19 dificultou ainda mais conseguir proteção e acessar direitos.

“Tive que dormir na rua, em Santa Helena, na Venezuela. Pelas circunstâncias, atravessei a fronteira pelas ‘trochas’ (entradas irregulares entre os dois países)”, conta Verônica.

Desde que chegou ao Brasil, ela tem buscado trabalho de acordo com sua experiência prévia. Mas ainda não teve a oportunidade de implementar seus planos.

No último sábado (13/11), Verônica e outras 150 pessoas refugiadas que vivem na zona sul de São Paulo foram atendidas por um mutirão de serviços prestados por agentes comunitários e instituições parceiras da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Neste dia, Verônica conseguiu se inscrever em três programas voltados para recolocar pessoas refugiadas no mercado de trabalho.

“Estou com minha documentação regularizada, quero trabalhar para poder abrir meu próprio restaurante em São Paulo”, afirmou Verônica. “Acabo de cadastrar meu currículo e estarei atenta ao meu celular para que possa atender a pedidos de entrevista, pois o que queremos é uma oportunidade para mostrar que chegamos para contribuir”, completa a venezuelana.

Ela chegou até São Paulo por meio da estratégia de interiorização voluntária, promovido pela Operação Acolhida (resposta do governo federal ao fluxo de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela para o Brasil) e apoiado pelo ACNUR, outras agências das Nações Unidas e organizações da sociedade civil.

Ouça aqui o depoimento de Verônica:

Além do ACNUR, estiveram presentes no mutirão as organizações Caritas São Paulo, Cruz Vermelha Brasileira, Educação Sem Fronteiras, Estou Refugiado, PARR e Visão Mundial, assim como a Aldeias InfantisSOS, o CRAI Móvel da Prefeitura de São Paulo e a Rede Interação.

Os serviços ofertados contemplaram encaminhamentos para a regularização documental, cadastro de currículos e encaminhamentos para vagas de emprego, assistência social e de saúde, inscrição para aulas de português e rodas de conversas sobre dúvidas de integração desta população. No total, 156 pessoas compareceram no evento.

“Esta ação conjunta de atendimento comunitário às pessoas refugiadas e migrantes busca responder às demandas de maior interesse e urgência desta população, conforme identificado em mapeamento feito por agentes comunitários da própria comunidade. A intenção é promover o acesso a serviços e a oportunidades de apoio de forma descentralizada na cidade, garantindo que aquelas pessoas mais distantes do centro expandido de São Paulo também possam ser apoiadas”, afirmou Silvia Sander, Associada de Proteção do ACNUR.

Em fevereiro deste ano, o ACNUR iniciou, em parceria com a Rede Interação e o SOS Aldeias Infantis, um projeto de empoderamento da comunidade venezuelana residente em Interlagos, no extremo da zona sul de SP. Uma das etapas do projeto incluiu a formação e preparação de agentes comunitários para a realização de um levantamento censitário da população venezuelana, ocorrido em agosto deste ano, sobre perfil, principais desafios enfrentados e serviços acessados.

O estudo abrangeu 79 famílias, atingindo 261 pessoas, em sua maioria homens (53%), entre 18 e 59 anos (57%), cujas famílias são compostas por quatro membros ou mais (81%). Dentre os principais temas de interesse levantados, estão emprego e meios de geração de renda, acesso à moradia e documentação.

 

   

Dessa forma, o mutirão realizado buscou cobrir e ampliar os assuntos de maior interesse destas pessoas que, mesmo tendo uma formação de qualidade (cerca de 50% tem ensino superior, técnico ou médio concluídos) e experiência prévia em inúmeros trabalhos, enfrentam dificuldades na recolocação no mercado de trabalho para dar continuidade ao seu processo de integração e também contribuir para o desenvolvimento de suas comunidades de acolhida.

Como próximos passos, os agentes comunitários seguirão, com o apoio do ACNUR, da Rede Interação e do Aldeias Infantis SOS, elaborando Plano de Ação Comunitária para seguir buscando estratégias coletivas de resposta às demandas mapeadas na comunidade.