ACNUR amplia registro de sírios no Líbano
ACNUR amplia registro de sírios no Líbano
ZAHLE, Líbano, 27 de maio (ACNUR) – São 11 horas da manhã no Centro de Registros do ACNUR em Zahle e a sala principal está lotada. Dana, de 30 anos, que chegou em janeiro com os quatro filhos após meses de deslocamento na Síria, procurou o centro para ser registrada como refugiada. O registro garantirá a ela ajuda e proteção.
No ano passado, a família mudou-se de Aleppo, no norte da Síria, para o campo quando o bairro onde morava começou a ser bombardeado. Mas a comida acabou. Em janeiro deste ano, Dana fez o que até então achava impossível: atravessou a fronteira e estabeleceu-se no Vale de Bekaa, no Líbano.
A família sobreviveu sem ajuda por vários meses até saber da assistência do ACNUR. O registro da família veio na hora certa. Nos últimos 30 dias, a única renda vinha do filho de Dana, de 11 anos, que ganhava US$ 28 por semana fazendo bicos.
A família vivia de pão e outros poucos itens essenciais. “Me preocupo com a falta de dinheiro, em como meus filhos vão sobreviver”, diz Dana enquanto aguarda o registro em Zahle. “Penso em arranjar um trabalho, mas não sei se conseguirei. Tenho esperança que o ACNUR nos dará assistência”.
Mais de 980 famílias chegaram ao centro na semana passada, depois de fugirem do conflito na Síria e buscarem abrigo no Vale de Bekaa. “Aqui em Zahle, nós registramos até 1.300 pessoas por dia”, diz Phillip Kibui, funcionário do ACNUR. “Precisamos diminuir o período de espera”.
Os números mostram que esse objetivo será alcançado no Líbano. Em abril, quando mais de 90 mil refugiados foram registrados, os períodos de espera diminuíram de um mês para 28 dias em todo o país.
Com mais de 250 mil pessoas por mês deixando a Síria, o ACNUR trabalha incansavelmente para atender as necessidades daqueles que cruzam a fronteira. Somente no Líbano, 4.200 pessoas por dia procuram o ACNUR para se registrar como refugiadas.
O registro é o primeiro e mais importante passo para assegurar os direitos dos refugiados no país onde estão abrigados. É ainda um procedimento básico receber assistência material, de saúde, alimentação e educação.
O ACNUR tem conseguido reduzir a espera pelo registro, apesar do número surpreendente de sírios buscando refúgio. Como resultado, os refugiados, em sua maioria mulheres e crianças, estão em menor risco de vulnerabilidade.
O sucesso da agência dependeu da dupla estratégia de aumentar o número de funcionários e simplificar o processo de registro. No escritório do ACNUR em Zahle, o número de funcionários nos últimos três meses passou de 15 para 21.
A entrevista feita com os sírios em busca de refúgio é bastante cautelosa, garantindo que mães solteiras, crianças desacompanhadas, idosos, vítimas de agressão e demais casos de vulnerabilidade tenham assistência adequada.
Alguns sírios não se registram por medo. Grupos minoritários temem ser alvo de represálias de outros refugiados ou de grupos étnicos e religiosos libaneses. O ACNUR trabalha com várias comunidades e instituições de caridade religiosas para incentivá-los a solicitar o registro.