ACNUR apoia mutirão de matrículas escolares em abrigos de Boa Vista
ACNUR apoia mutirão de matrículas escolares em abrigos de Boa Vista
Residente em um dos abrigos da Operação Acolhida em Boa Vista desde outubro do ano passado, a família tem uma prioridade para este mês: garantir que as crianças possam estudar no Brasil. “Eu não pude estudar muito, mas quero que meus filhos tenham essa oportunidade para que possam ter um futuro melhor e bons empregos quando crescerem”, afirmou Estefani.
A fim de ajudar famílias como a de Estefani, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) tem apoiado, em Boa Vista, o mutirão de matrículas escolares, promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e implementado pelo Instituto Pirilampos.
A iniciativa faz parte da campanha “Fora da Escola Não Pode!” e tem como objetivo proporcionar informações sobre a transferência escolar e as novas matrículas nas redes de ensino estadual e municipal, além de realizar pré-matrículas escolares de crianças e adolescentes refugiadas e migrantes.
Estefani conta que o projeto foi fundamental para os filhos estudarem. “Graças ao mutirão consegui organizar os documentos, as cópias e as fotos. Ainda não falo português e, sem essa ajuda, não teria conseguido”, explica.
Será a primeira vez que os seus filhos mais novos, Jhosel e Jeider, de 6 e 5 anos, frequentarão a escola. Já para Irianny, a filha mais velha, a iniciativa representa a chance de se integrar e de dar continuidade aos estudos iniciados na Venezuela. “Quero estudar para aprender português e fazer amigos brasileiros. E quando crescer, quero ser policial”, conta animada.
A Oficial de Relações Institucionais do ACNUR em Roraima, Thais Menezes, explicou a importância de ações como essa. “Trata-se de um esforço conjunto para que essas crianças e adolescentes possam acessar o sistema educacional brasileiro. Atualmente, os cinco abrigos da Operação, gerenciados pelo ACNUR e seus parceiros implementadores, possuem cerca de seis mil pessoas, das quais pouco menos da metade são crianças e adolescentes. O objetivo é que nenhuma delas fique fora da escola e possam ter o seu direito à educação garantido”, afirma.
Para a chefe do escritório do UNICEF em Roraima, Estela Caparelli, “a pandemia de Covid-19 agravou muito as desigualdades educacionais e sabemos que isso afeta, em especial, as crianças refugiadas e migrantes, uma vez que, ao chegar aqui, elas enfrentam uma série de barreiras culturais e de idioma. A meta do mutirão, que começou em 3 de janeiro e segue até o dia 20, é garantir o direito à educação dessa população”, explica.
Os serviços do mutirão ocorrem em todos os abrigos da Operação Acolhida, no Posto de Interiorização e Triagem (PITRIG) e em ocupações espontâneas na cidade.
O mutirão realizado pelo UNICEF e Instituto Pirilampos conta com a parceria da Secretaria Estadual de Educação e Desportos de Roraima e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Boa Vista, assim como com o apoio do ACNUR, da Organização Internacional para as Migrações (OIM), da Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI) e da Fraternidade Sem Fronteiras (FSF).