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ACNUR completa o processo de repatriação de mais de 24 mil mauritanios

Comunicados à imprensa

ACNUR completa o processo de repatriação de mais de 24 mil mauritanios

ACNUR completa o processo de repatriação de mais de 24 mil mauritaniosO Alto Comissário finalizou sua visita à Mauritânia após verificar a conclusão do programa de repatriação voluntária para mais de 24 mil refugiados.
26 Março 2012

ROSSO, Mauritânea, 27 de março de 2012 (ACNUR) – O Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, finalizou sua visita à Mauritânia após verificar a conclusão do programa de repatriação voluntária para mais de 24 mil refugiados mauritanios que viviam no Senegal. Guterres também visitou milhares de refugiados malianos que vivem no país.

No domingo passado, Guterres e o presidente da Mauritânia, Mohamed Ould Abdel Aziz, participaram da cerimônia de boas-vindas a um grupo de 277 refugiados que chegaram ao país no dia anterior, em um comboio organizado pelo ACNUR vindo do Senegal.

 “A razão principal da minha presença é parabenizar o governo e o povo da Mauritânia pelo notável sucesso desta operação. O governo teve a sabedoria e o comprometimento de abrir as portas do país para que seus irmãos e irmãs regresassem para casa, para que eles possam participar do futuro comum desse glorioso país”, disse o Alto Comissário.

Os refugiados saíram de um centro de trânsito na cidade senegalesa de Richard Tool no sábado e foram até o Rio Senegal, onde embarcaram em uma balsa em direção à cidade de Rosso, na Mauritânia. Com a chegada desses refugiados, um total de 24.272 mauritanios que estavam no Senegal foram repatriados, com ajuda do ACNUR.

Alguns desses refugiados estavam longe de casa há mais de duas décadas, outros nasceram no exílio. Em abril de 1989, uma longa disputa na fronteira entre Mauritânia e Senegal gerou uma escalada de violência étnica, o que levou aproximadamente 60 mil mauritanios a se refugiarem no Senegal e em Mali.

Até 1995, o ACNUR ofereceu assistências aos refugiados mauritanios no norte do Senegal e facilitou a reintegração voluntária ao país a mais de 35 mil refugidos entre 1996 e 1998. O programa oficial de repatriação voluntária foi lançado em 2008.

Os refugiados que estiveram no último comboio organizado pelo ACNUR passaram por um check-up médico dois dias antes da viagem. Ainda no centro de trânsito em Richard Toll, Senegal, eles comeram e beberam água. Assim que chegaram à Mauritânia, os repatriados foram registrados pelas autoridades que emitiram formulários de repatriação voluntária, permitindo, assim, a livre circulação dos ex-refugiados enquanto aguardam a documentação definitiva.

O ACNUR contribui com programas de reintegração na Mauritânea, incluindo ações no que diz respeito à abrigo, água e comida, como também em projetos de sistema agropastoril e de geração de renda.

Aproximadamente 14 mil refugiados mauritanios decidiram continuar vivendo no Senegal. Eles fazem parte de um programa de integração local criado pelo ACNUR e seus parceiros, e irão receber lotes de terra e outros tipos de apoio.

Alguns dos repatriados do último comboio à Mauritânia tinha sentimenso confusos em relação à volta a o país de origem depois de tantos anos morando no Senegal. Momodou trabalhava em uma empresa estatal quando deixou seu país, em 1989. “É muito difícil reviver esses momentos”, disse. “Eu espero que esse tipo de situação nunca mais se repita”.

Momodou tem 53 anos, é casado com uma senegalesa que estava no exílio e teve dois filhos. A família vivia em Thiès, cidade à 70 quilômetros ao norte da capital Dakar, e o sustento da família vinha com o trabalho de comerciante exercido pelo pai. “Tenho um pouco de medo de voltar, mas, essa é uma luta que tem que ser lutada, especialmente para meus filhos, que não possuem nacionalidade,” explica. “Me sentirei melhor na Mauritânia porque lá posso exigir meus direitos”.

As operações de assistência aos refugiados que retornaram e ainda esperam o término dos procedimentos de repatriação continuarão até 30 de abril.

Na útlima segunda-feira, Guterres viajou para a fronteira sudeste da Mauritânia, na divisa com Mali, e visitou o campo de refugiado de M’Bera, onde 44 mil refugiados malianos estão abrigados. Eles saíram de suas casas em meados de janeiro para fugir dos conflitos entre o movimento rebelde Tuareg e as forças do governo de Mali.

Guterres fez um apelo para que a comunidade internacional mostre solidariedade aos refugiados malianos, respondendo à emergência sobre os deslocados internos.

Durante a visita, o Alto Comissário conversou com oficiais do governo, incluindo o presidente Aziz e os ministros do Interior e de Assuntos Exteriores. Guterres agradeceu também à colaboração das autoridades mauritanias com o ACNUR na elaboração de um sistema nacional de refúgio.

Por Elise Villechalane in Rosso, Mauritânia e Mariama Mary Fall Diaw em Richard Toll, Senegal