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ACNUR condena atos de violência contra civis na República Centro-Africana

Comunicados à imprensa

ACNUR condena atos de violência contra civis na República Centro-Africana

ACNUR condena atos de violência contra civis na República Centro-AfricanaConflitos entre milícias rivais forçaram o deslocamento de milhares de pessoas e interromperam operações vitais de ajuda humanitária.
18 Outubro 2016

BANGUI, República Centro-Africana, 18 de outubro de 2016 (ACNUR) – A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) condenou os ataques a civis na República Centro-Africana, onde confrontos entre milícias rivais ocasionaram a fuga de milhares de pessoas e a interrupção de operações de ajuda humanitária.

No último mês, a luta entre os milicianos ex-Selekas e combatentes anti-Balaka afetaram as regiões central, oriental e ocidental do país, assim como a capital Bangui, de acordo com Missão de Paz da ONU no país (MINUSCA).

Integrantes da missão informaram que pelo menos 11 pessoas morreram e 22 foram feridas nos confrontos que sucederam o assassinato de um oficial do exército no dia 4 de outubro.

Na última semana, homens armados atacaram um local onde vivem deslocados internos na remota cidade de Kaga Bandoro, na província de Nana-Grebizi, incendiando casas, matando 13 civis e fazendo com que 5.250 pessoas fossem forçadas a deixar seus lares para buscar abrigo no campo da Missão de Paz da ONU ou por meio de agências de ajuda humanitária.

“Nós condenamos com veemência o ataque à Evêché e outros atos de violência contra a população civil”, disse Kouassi Lazare Etien, o Representante do ACNUR na República Centro-Africana. “Estes ataques dificultam muito a entrega de ajuda humanitária às populações que mais precisam de assistência”.

A MINUSCA também afirmou que em outro incidente de violência ocorrido na terça-feira (11) fez com que 30 pessoas buscassem refúgio no campo de Cambbat, localizado na entrada sul da cidade de Koui, enquanto outros 130 buscaram abrigo no campo de Gabbat, ao norte do país.

“Pessoas deslocadas necessitam sistematicamente de alimentos, utensílios domésticos básicos, medicamentos e acesso à educação”.

“Atividades dos grupos armados geram insegurança e provocam movimentos populacionais. Pessoas deslocadas necessitam sistematicamente de alimentos, utensílios domésticos básicos, medicamentos e acesso à educação”.

A Agência da ONU para Refugiados disse que está particularmente preocupada com a crescente insegurança na província de Haut-Mboumou, localizada a leste do país e que abriga 2.748 refugiados congoleses em Zemio. Outros 1.057 congoleses foram acolhidos em Obo, assim como 4.222 refugiados sul-sudaneses em Bambouti.

No dia 19 de setembro, ataques feitos pelo Exército de Resistência do Senhor (Lord's Resistance Army), em Tabane, vila localizada a 20 quilômetros de Zemio, gerou o deslocamento de 700 pessoas e impulsionou o ACNUR a acelerar a realocação de refugiados sul-sudaneses de Bambouti para Obo.

Lá, eles recebem proteção e assistência de saúde, abrigo, água, saneamento, higiene, assim como ajuda alimentar e não alimentar.

Diversas propriedades e comboios humanitários no centro e ao norte do país foram alvo de assaltantes à mão armada. Além disso, confrontos do dia 16 de setembro entre grupos ex-Seleka e anti-Balaka em Ndomete, província de Nana-Grebizi, fizeram com que mais de 3.200 pessoas fossem forçadas a se deslocar para a mata e vilas próximas.

Apesar da intensificação da Missão de Paz da ONU, grupos armados continuam montando postos de controle ilegais, extorquindo dinheiro de comerciantes, forçando o aumento no preço de produtos locais e interrompendo o acesso de comboios humanitários.

A crescente insegurança está fazendo com que diversas organizações deixem o local ou reduzam a sua presença.

No dia 21 de setembro, um ataque feito pelo grupo armado 3R (Retour, Reclamation et Réhabilitation) na cidade de Degaulle, na província de Ouham-Pende, forçou a fuga de cerca de 3.400 famílias para Bocaranga e outras vilas próximas.

A crescente insegurança está fazendo com que diversas organizações deixem o local ou reduzam a sua presença. Dois parceiros do ACNUR reduziram o número de colaboradores e suspenderam as atividades de monitoramento no oeste do país.

Em Bocaranga, quatro organizações humanitárias fecharam suas bases e suspenderam suas atividades. Duas outras retiraram seus colaboradores para Paoua ou Bangui.

Devido à insegurança, a resposta do ACNUR tem sido limitada à monitoramentos de proteção, participação na distribuição de alimentos para deslocados internos, e à coordenação de proteção e abrigo para a população que foi recentemente deslocada.

Uma central de atendimento operada pelo ACNUR em Ndomete, oferece ajuda às pessoas que sofreram violência de gênero e auxiliam no rastreamento de crianças desacompanhadas.

Em algumas partes do país, grupos armados ocuparam escolas, impedindo a realização de aulas. O ano letivo 2016-2017 foi interrompido pela presença desses grupos em cerca de 12 escolas e faculdades, impossibilitando que cerca de 10.000 crianças continuassem seus estudos.