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ACNUR e Ministério do Trabalho assinam acordo para promover emprego e renda de refugiados no Brasil

Comunicados à imprensa

ACNUR e Ministério do Trabalho assinam acordo para promover emprego e renda de refugiados no Brasil

ACNUR e Ministério do Trabalho assinam acordo para promover emprego e renda de refugiados no BrasilMTE e ACNUR assinaram um Memorando de Entendimento na última terça-feira para promover a inserção de refugiados e solicitantes de refúgio no mercado de trabalho brasileiro.
24 Outubro 2013

BRASÍLIA, 24 de outubro de 2013 (ACNUR) – O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) assinaram na última terça-feira um Memorando de Entendimento para promover a inserção de refugiados e solicitantes de refúgio no mercado de trabalho brasileiro.

De acordo com o Memorando, as especificidades culturais, psicológicas, de gênero e idade dos refugiados serão consideradas na montagem de programas de qualificação social e profissional por parte do MTE.

Além disso, serão aprofundadas medidas que apoiem os refugiados e solicitantes de refúgio abrir seus próprios negócios, assim como sua inserção nas ações e programas do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda – entre eles o abono salarial, políticas para jovens trabalhadores, microcrédito produtivo orientado e qualificação profissional.

O acordo prevê ainda que o MTE e o ACNUR atuarão conjuntamente para prevenir e combater a ocorrência de explorações e desrespeitos aos direitos trabalhistas dos refugiados e solicitantes de refúgio que vivem no Brasil.

O Memorando de Entendimento entre o MTE e o ACNUR foi assinado pelo Ministro do Trabalho, Manoel Dias, e pelo Representante do ACNUR no país, Andrés Ramirez, durante reunião do Conselho Nacional de Imigração (CNIg). O acesso ao mercado de trabalho tem sido apontado, pelos próprios refugiados que vivem no Brasil, como um dos principais desafios ao processo de integração socioeconômica do país.

A lei brasileira de refúgio (lei 9474.97) já garante aos refugiados a emissão da Carteira de Trabalho (mesmo que em caráter provisório, como é caso dos solicitantes de refúgio). Isso permite a essa população o ingresso formal no mercado de trabalho. Entretanto, os estrangeiros que deixaram seus países devido a perseguições e conflitos armados para buscar proteção no Brasil enfrentam desafios específicos para conseguir um emprego, como o domínio do idioma local, a regularização de documentos emitidos em seu país de origem, a capacitação para novas funções e até mesmo a desinformação por parte de empregadores.

Ministro do Trabalho do Brasil, Manoel Dias (centro) e representante do ACNUR no país, André Ramirez, assinam Memorando de Entendimento, observados pelo presidente do Conselho Nacional de Imigração, Paulo Sérgio de Almeida.
“A integração de refugiados em uma nova sociedade é multidimensional, e o trabalho é uma questão chave neste processo. Para quem chega ao país, muitas vezes em condições traumáticas, ter um emprego é essencial para reconstruir suas vidas com dignidade”, afirmou o representante do ACNUR no Brasil, Andrés Ramirez, durante o ato de assinatura do Memorando.

Para o Ministro Manoel Dias, o acordo “reafirma a tradição brasileira de receber bem as pessoas que sofrem discriminação” e ressalta “a relevância do trabalho do ACNUR em ajudar pessoas que passam por momentos dramáticos”. O ministro lembrou que os grandes eventos esportivos que acontecerão no Brasil nos próximos anos e a exploração de petróleo na camada do pré-sal são exemplos de atividades que demandam, cada vez mais, mão-de-obra estrangeira.

O Ministério do Trabalho e Emprego e o ACNUR têm um histórico de cooperação no país. Nos últimos anos, as duas entidades realizaram diversas oficinas sobre o tema do emprego e geração de renda nas regiões onde os refugiados estão concentrados (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Amazonas) para sensibilizar empregadores sobre a força de trabalho representada por essa população. Além disso, o MTE, por meio do CNIg, é um dos membros do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), órgão interministerial que funciona no âmbito do Ministério da Justiça e é responsável por analisar os pedidos de refúgio feitos por estrangeiros que chegam ao país.

“Como signatário da Convenção de 1951 da ONU para Refugiados, o Brasil se compromete a garantir a proteção destes estrangeiros e trabalhar par que possam estabelecer uma nova vida. O trabalho é uma questão relevante par a autoestima e a sobrevivência deles e de suas famílias”, comentou o presidente do CNIg, Paulo Sérgio de Almeida.

Segundo os dados mais recentes do governo brasileiro, o país abriga cerca de 4.500 estrangeiros reconhecidos como refugiados pelo CONARE. As estatísticas demonstram um claro crescimento nas chegadas de solicitantes de refúgio no país. Entre 2010 e 2012, o número total de pedidos de refúgio feito a cada ano mais que triplicou (de 566 em 2010 para 2.008 no ano passado). Neste ano, o país já recebeu cerca de 3.500 novas solicitações de refúgio – segundo o Ministério da Justiça.

Por Luiz Fernando Godinho, de Brasília.