ACNUR e parceiros fortalecem projetos com foco na autossuficiência de mulheres refugiadas
ACNUR e parceiros fortalecem projetos com foco na autossuficiência de mulheres refugiadas
Atuando em parceria e de forma a propiciar formações que agreguem aos saberes já existentes, na última semana de março foi lançado na capital roraimense o projeto Mujeres Fuertes, iniciativa já existente em Manaus/AM e que é o resultado de uma parceria entre o ACNUR, Ministério Público do Trabalho no Amazonas e em Roraima (MPT-AM/RR) e a Associação Hermanitos.
O projeto tem como objetivo fomentar a geração de renda para mulheres refugiadas e migrantes por meio do empreendedorismo, além de incentivar e fortalecer a construção de redes de apoio e solidariedade entre as participantes. Na edição de Boa Vista, somaram-se ao projeto a ONU Mulheres, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT – 11ª região) e a Força-Tarefa da Operação Acolhida.
“O Mujeres Fuertes é um projeto importante porque visa não somente o empoderamento pessoal das mulheres, mas também o resgate da autonomia financeira por meio da reinserção no mercado de trabalho”, afirma Alzira Melo Costa, Procuradora-Chefe do Ministério Público do Trabalho no Amazonas e em Roraima e coordenadora do Grupo de Trabalho Nacional sobre Fluxo Migratório da Venezuela, da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (CONAETE).
Já em sua terceira edição em Manaus, o Mujeres Fuertes contabiliza 146 mulheres chefes de família beneficiadas. Ao todo, 96 refugiadas e migrantes venezuelanas já concluíram duas turmas de capacitação técnica em gastronomia e empreendedorismo, com apoio psicossocial, material e financeiro, sendo que outras 50 já estão matriculadas para a terceira turma. A formatura da turma mais recente que concluiu o projeto foi realizado na semana passada, com a presença do Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli.
Tendo por base um estudo realizado pelo ACNUR e pelo instituto Pólis Pesquisa que revela que mais de um quarto das famílias refugiadas e migrantes venezuelanas em Manaus são monoparentais e chefiadas por mulheres, a ampliação do projeto de Manaus para Boa Vista reflete um esforço de se atingir a equidade de gênero em seus amplos aspectos, em sinergia com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável #5, que almeja justamente alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas.
“O intuito dos projetos do ACNUR voltados para essa população, portanto, é mitigar os desafios transversais à questão de gênero que acometem a vivência de mulheres, não apenas em relação à dificuldade de reinserção laboral, mas também na falta de uma rede de apoio local para divisão das tarefas de cuidado de filhos ou de demais familiares”, afirma Rebeca Duran, Associada de Meios de Vida do ACNUR. “Por isso, as mulheres participantes também contarão com acompanhamento psicossocial e apoio no cuidado de crianças durante toda a jornada formativa”, confirma Rebeca.
Com o enfoque de potencializar as habilidades e agregar novos conhecimentos aos já existentes das mulheres refugiadas e migrantes, o projeto Empoderando Refugiadas conta com o apoio do setor privado para prover formação voltada para a empregabilidade delas no mercado de trabalho formal. Parceria do ACNUR, ONU Mulheres e Pacto Global da ONU no Brasil, este projeto tem um recorte específico dentro do perfil feminino: de contemplar as mulheres em situação de maior vulnerabilidade, como as mães solo, pessoas com deficiência, LGBTQI+, com doenças crônicas e de perfil acima de 50 anos.
“O Empoderando Refugiadas destaca o potencial das mulheres refugiadas e migrantes para sua contratação pelo setor privado, em diferentes segmentos e postos de trabalho, considerando suas especificidades e incorporando na prática empresarial o modelo ESG de comprometimento social e de resultados efetivos para as empresas parceiras”, destaca a Chefe dos escritórios do ACNUR no Norte do país, Sara Angheleddu.
A maioria das mulheres que participam da formação do Empoderando Refugiadas são as únicas responsáveis pelo sustento do lar e dos cuidados com as crianças, sendo elas as lideranças que possibilitam o desenvolvimento de outros membros familiares, como a empregabilidade derivada dos empregos conquistados por essas mulheres participantes do projeto.
A oitava edição do Empoderando Refugiadas está prevista para ser lançada no segundo semestre deste ano e conta com o apoio do setor privado para possibilitar e formação e as oportunidades de trabalho para essas mulheres que, mesmo em face de diversas dificuldades, reconstroem seus caminhos com a determinação e resiliência que lhes são comuns.