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ACNUR e polícia sul-africana coordenam-se para proteger refugiados

Comunicados à imprensa

ACNUR e polícia sul-africana coordenam-se para proteger refugiados

ACNUR e polícia sul-africana coordenam-se para proteger refugiadosO que começou como um protesto de trabalhadores insatisfeitos com a decisão de reduzir o número de trens à Seção Informal de Phomolong, em Pretória ...
29 Março 2010

PRETÓRIA, África do Sul, 29 de março (ACNUR) – O que começou como um protesto de trabalhadores insatisfeitos com a decisão de reduzir o número de trens à Seção Informal de Phomolong, em Pretória, em razão de ataques à propriedade da Metrorail, rapidamente evoluiu para uma marcha contra a falta de moradia, envolvendo a polícia em confrontos com centenas de manifestantes armados com pedras.

Também foi um teste para os esforços do ACNUR no sentido de melhorar a coordenação com a polícia na África do Sul, para proteger os refugiados e solicitantes de refúgio, que, muitas vezes, tornam-se alvo de protestos contra a falta de serviços.

"O único modo de chamar a atenção do governo é levar nossas queixas à rua principal," argumentou um dos manifestantes, enquanto a polícia os impedia de descer à Avenida Hans Strijdom, a principal artéria de ligação entre a precária comunidade "informal", no leste de Mamelodi, e os subúrbios afluentes e centros de negócios, no leste de Pretória.

Pneus em chamas, pedras e lixo apodrecendo sujaram a Rua Mohwerele, palco do impasse entre a comunidade enfurecida e a polícia, ocorrido na última terça-feira. Na esquina das ruas Mohwerele e Moretlwa, a comunidade provocava a polícia, lançando pedras. A polícia retaliou disparando balas de borracha e ordenando que os espectadores voltassem aos seus barracos.

Bem ao lado do local ficava a Loja Olímpica, com seus proprietários somalis trancados do lado de dentro e receosos de perder sua propriedade e suas vidas nas mãos dos manifestantes. "Só me resta rezar para que ninguém pense em atacar essa loja," confidenciou Abdul Hassam, presidente da Associação Somali da África do Sul. "De jeito nenhum," repliquei. "A polícia não vai permitir isso." Ele relaxou um pouco, mas a preocupação permaneceu nos seus olhos.

Hassam havia contatado o Vice-Representante Regional do ACNUR, Sergio Calle Norena, o qual, antes da marcha, discutira com o diretor nacional do Serviço de Polícia Sul-Africano (SPSA) a possível perseguição de comerciantes somalis refugiados e outros negociantes estrangeiros no município.

O ACNUR tem trabalhado de perto com o SPSA, em colaboração com o Grupo de Trabalho de Proteção, criado depois dos ataques xenófobos de 2008 na África do Sul,  para desenvolver um sistema de alerta precoce e resposta rápida aos ataques contra refugiados e outros estrangeiros. Esse trabalho foi posto à prova este mês.

No início de março, a resposta rápida dos funcionários dos Serviços Comunitários e de Proteção do ACNUR às mensagens de texto urgentes enviadas por refugiados, no começo manhã, possibilitou a intervenção rápida da polícia em Atteridgeville, do outro lado de Pretória. Várias lojas de refugiados foram evacuadas sob escolta policial.

Dirigir com Hassam até o leste de Mamelodi foi uma experiência estranhamente tranquila. "Nós estamos cansados disso, minha irmã," ele disse. "Quando isso vai parar? "Quando vai acabar?" Apenas um mês antes, a Loja Olímpica fora incendiada e totalmente destruída por agressores desconhecidos. "A loja só voltou a funcionar há duas semanas, e agora isso!" Hassam murmurou.

Três lojas somalis foram saqueadas em Mamelodi, na última terça-feira. Mas, com a intervenção do ACNUR, a polícia providenciou escolta e proteção aos proprietários de Loja Olímpica, enquanto estes esvaziavam o estoque, no valor de centenas de dólares.

Reforços policiais foram chamados aos arredores de Pretória durante todo o dia. Veículos blindados e policiais armados com rifles avançaram pelo labirinto de estreitas ruas de terra, que são uma característica dos assentamentos informais, repelindo o avanço de uma comunidade determinada a protestar na Avenida Hans Strijdom.

A polícia e os líderes da comunidade discutiam sem parar, tendo estes perdido toda a autoridade frente ao público insatisfeito. A polícia deixou clara a sua responsabilidade de manter a ordem social, dando aos líderes comunitários a tarefa desagradável de extinguir a raiva crescente entre seus seguidores, antes que a polícia o fizesse por eles.

A chegada de uma agente municipal sênior, responsável pela segurança comunitária, pouco fez para mudar a situação. Forçada a recuar para a Delegacia de Polícia de Mamelodi, ela convocou uma reunião improvisada com os líderes comunitários, numa tentativa de restabelecer uma aparência de normalidade em Phomolong.

No início da noite, uma calmaria provisória havia se instalado no Assentamento Informal de Phomolong. Alguns policiais aproveitaram a tranquilidade para cochilar, com rifles de prontidão. Outros bebiam Coca-Cola, cortesia da Loja Olímpica; o gesto de gratidão do proprietário por o terem ajudado a escapar em segurança.

Antes que o motorista, Raxon Tshoambea, e eu deixássemos Phomolong, disse adeus aos policiais. Eles haviam sido atenciosos e protetores ao longo de todo o dia, assegurando que durante as incursões no assentamento eu não me tornasse uma vítima – prova de que o ACNUR fez progressos significativos em conseguir a cooperação do SPSA para garantir a segurança, particularmente dos refugiados, durante os protestos pela falta de serviços.