ACNUR e seus parceiros no Caribe trabalham para os refugiados “invisíveis”
ACNUR e seus parceiros no Caribe trabalham para os refugiados “invisíveis”
WASHINGTON, DC, Estados Unidos, 22 de fevereiro (ACNUR) – Em um paraíso tropical no Caribe, uma dimensão da migração global é ignorada. As tendências migratórias na região são muito similares às migrações realizadas por via marítima e a movimentos de refugiados noticiados diariamente no Mediterrâneo e no Golfo do Áden. Mesmo assim, a situação no Caribe rebece bem menos visibilidade pública.
Tratar dessa questão – conscientizando as pessoas em geral, apoiando os governos do Caribe a estabelecer salvaguardas de refúgio e reforçando parcerias – foi o objetivo de um workshop realizado em Washington, na semana passada, para os parceiros do ACNUR no Caribe, Honorary Liaisons e a Cruz Vermelha.
Apenas em Aruba, pequena ilha holandesa do Caribe, milhares de migrantes indocumentados de várias nacionalidades chegam todos os anos. A maioria provavelmente é composta por migrantes econômicos buscando uma vida melhor, mas alguns escaparam de guerras ou perseguições. Há uma crescente percepção no Caribe de que certos homens, mulheres e crianças taxados de “ilegais” possam ser, na verdade, refugiados, cujas vidas podem estar em perigo caso sejam deportados.
Carolina* fugiu de um conflito armado que dura várias décadas na Colômbia após receber ameaças de morte de um grupo armado ilegal. Ela encontrou segurança em Aruba, mas conseguir uma maior proteção se transformou em uma tarefa ainda mais desafiadora. Solicitar refúgio às autoridades arubanenses foi apenas um primeiro passo.
Encontrar abrigo, escapar da exploração sexual e garantir a sobrevivência diária sem ter direito ao trabalho é uma luta constante para mulheres refugiadas jovens e solterias como Carolina. A separação de sua filha pequena, que ela teve que deixar para trás com parentes, também lhe gera angústia emocional. A assistência da Cruz Vermelha de Aruba e do ACNUR, assim como de membros da comunidade local, a ajudou a sobreviver num ambiente desconhecido.
“Em Aruba, ou você é legal ou é illegal. Não há um estatuto diferenciado para solicitantes de refúgio ou refugiados,” disse Michel Le Haye, da Cruz Vermelha de Aruba. “Se você é ilegal, você é deportado ou detido. Não há dinheiro, emprego, cuidados médicos ou assistência legal para refugiados, que podem ser assassinados se forçados a retornar a seu país de origem.”
“No passado, tivemos diversas embarcações cheias de pessoas desesperadas aportando em nosso litoral. Às vezes pessoas se afogam e sobreviventes são trazidos à terra firme pela guarda costeira, mas podem ser presos por falta de documentos. Outras pessoas sem documentação chegam de avião. O governo, a guarda costeira e a equipe de imigração, precisam de mais treinamento para identificar os refugiados. Também precisamos sensibilizar o público sobre a diferença entre um migrante econômico e um refugiado escapando de conflitos ou perseguição,” disse La Haye.
Como diretor interino da Cruz Vermelha de Aruba, La Haye está em posição de ajudar a garantir que migrantes vulneráveis, independentemente de seu status legal, recebam comida, água, roupas e outros tipos de assistência para a preservação da vida. Quando necessário, ele recorre ao ACNUR para obter auxílio financeiro adicional para abrigos e outras necessidades dos refugiados. Seu objetivo é trabalhar em parceria com o governo, o ACNUR e outras organizações para assegurar que todos os migrantes que cheguem a Aruba sejam tratados humanamente e que aqueles que temem perseguição sejam protegidos.
Também participaram do workshop representantes da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, sigla em inglês) de Genebra e Trindade e Tobago. O ACNUR está explorando maneiras de fortalecer a parceria no Caribe com a IFRC sobre a questão da migração mista.
Como Carolina, que fugiu da Colômbia para Aruba, muitos outros solicitantes de refúgio enfrentam vulnerabilidades similares em todo o Caribe. Sem a salvaguarda do refúgio, a maioria seria enviada de volta a situações de sérios perigos. A rede de parceiros do ACNUR pretende tornar mais visível o sofrimento deste grupo “invisível”, ajudando governos e sociedades caribenhas a melhorar suas capacidades de respostas.
* Nome modificado por motivos de proteção.
Lilli Tnaib em Washington, DC, Estados Unidos