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ACNUR premia vídeos do Festival do Minuto Refugiados em São Paulo

Comunicados à imprensa

ACNUR premia vídeos do Festival do Minuto Refugiados em São Paulo

ACNUR premia vídeos do Festival do Minuto Refugiados em São PauloA iniciativa teve o objetivo de chamar a atenção e sensibilizar o público brasileiro e internacional.
22 Junho 2016

São Paulo, 22 de junho de 2016 (ACNUR) - Na popular feira de Jequié, a 365 quilômetros de Salvador, Bahia, o cineasta Claudio (Dado) Galvão instigou vendedores e frequentadores da feira ao entregar em suas mãos as fotos de refugiados em situações críticas mundo afora. Registrou com sua câmera 22 imagens - mãos calejadas e rostos espantados entre barracas de carnes e algodão-doce - e editou o material em um vídeo de um minuto de duração. O filme “Ninguém Fica de Fora” foi um dos seis premiados pelo Festival do Minuto – Refugiados, evento realizado no último dia 18, em São Paulo, como parte das comemorações globais do Dia do Refugiado (20 de junho).

A iniciativa teve o objetivo de chamar a atenção e sensibilizar o público brasileiro e internacional por meio de um concurso de curtas em que diferentes perspectivas sobre a temática do refúgio foram apresentadas. O evento de foi realizado graças à parceria da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) com o Serviço Social do Comércio (SESC São Paulo) e a empresa Festival do Minuto, especializada na produção e curadoria desse gênero de concurso. A Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) e a organização não-governamental IKMR (sigla em inglês para “Eu Conheço Meus Direitos”) apoiaram o evento, que se deu no auditório do Sesc Vila Mariana.

“As mesmas lonas da feira de Jequié podem ser as das tendas para refugiados espalhadas pelo mundo”, disse Galvão, ao receber seu prêmio. “Ninguém fica de fora é uma causa nossa, seja em Jequié, no Acre ou aqui”, completou, referindo-se ao título de seu filme.

Secretário Nacional de Justiça, Gustavo Marrone, discursa em prol da causa dos refugiados durante o evento.

O vídeo de Dado Galvão e dois outros filmes – “The Stranger”, de Diana Shabazyan, e “Travessias de Sangue”, de Ailton da Costa – foram premiados naquela tarde de sábado de acordo com critérios adotados pelo ACNUR. Os curtas “Maré ou Jogo do Homem”, de Jeannie Helleny, “Gritos e Choros de de Marie”, de Rodrigo Vrech, e “Congolese Refugee, Serge Makanzu Kiala”, de Kim Badawi, foram premiados pela curadoria do Festival do Minuto. No total, mais de 140 filmes foram inscritos, dos quais 22 foram exibidos como finalistas e concorreram aos seis prêmios.

A exibição dos 22 filmes tornou-se um momento delicado para a plateia do Festival do Minuto - Refugiados, formada especialmente por refugiados de diferentes nacionalidades, além de profissionais e voluntários envolvidos na recepção, proteção e integração desta população no Brasil. No telão do auditório, a projeção de curtas sobre cenas e relatos de sofrimento, de desespero e de rejeição foram bem mais frequentes do que as de acolhida e de amparo aos refugiados.  

O dilema dos refugiados foi refletido no relatório “Tendências Globais”, divulgado pelo ACNUR em 20 de junho, data global do Dia do Refugiado. Até o final de 2015, 65,3 milhões de pessoas haviam sido deslocadas por guerras e conflitos, o que equivaleu a 1 em cada grupo de 113 pessoas ao redor do mundo. Esse total revela um aumento de 10% no total de refugiados em relação a 2014, e chama a atenção para o fato de, pela primeira vez na História, esse número ter superado a marca dos 60 milhões – uma população maior do que a do Reino Unido, da França ou da Itália.

Durante o Festival do Minuto – Refugiados, Isabela Mazão, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo, sublinhou não ser o dia 20 de junho uma data de comemoração porque o total de deslocados forçados tem crescido a cada ano e atingiu proporção nunca antes registrada. No Brasil, acrescentou Isabela com base em dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), há cerca de 9.000 refugiados reconhecidos pelo governo, de 79 nacionalidades distintas, e mais 20 mil solicitantes de refúgio.

O trio “Os Escolhidos”, formado por refugiados da RDC e de Angola, encerraram as comemorações em São Paulo.

“Neste Dia Mundial do Refugiado, o ACNUR se junta a contrapartes governamentais e à sociedade civil para pensar por que isso está acontecendo e o que podemos fazer para proteger e integrar os refugiados”, disse. “Não há muito que possamos fazer daqui do Brasil e deste evento para impedir que pessoas sejam forçadas a se deslocar mundo afora. Mas juntos podemos fazer muito para que elas se integrem e reconstruam suas vidas, para construir pontes entre nós mesmos e para tornar essa convivência rica para todos nós”, completou Isabela.

Nomeado na véspera para presidir o CONARE, o Secretário Nacional de Justiça, Gustavo Marrone, afirmou, em discurso, ser a causa do refúgio um tema caro para si mesmo e para o governo brasileiro. Sua família, lembrou Marrone, fora forçada a deixar a Itália durante a Segunda Guerra Mundial, anos antes da criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Convenção de 1951, que trata sobre o refúgio e os refugiados.

“Temos de melhorar o processo de ingresso de refugiados e agilizar o reconhecimento e a integração deles, para que possam dar os primeiros passos de reconstrução de suas vidas no Brasil e desempenhar uma função social no país”, afirmou Marrone.

O padre Marcelo Monge, diretor da CASP, lembrou ser “sagrado” o direito toda pessoa de migrar, assim como o de não migrar. A CASP é a principal instituição de acolhida de refugiados em São Paulo e uma referência para a maioria destas pessoas. Ao expor o compromisso do SESC em realizar projetos de integração local dos refugiados, Denise Collus, assistente técnica da Gerência de Programas Sociais da entidade, lembrou ser São Paulo a porta de entrada da maioria dos refugiados e enfatizou a necessidade de o Brasil superar suas dificuldades em  lidar com essa questão.

O Festival do Minuto – Refugiados teve sua abertura marcada pela apresentação do Coração Jolie – Coro by Belas Artes, coral de crianças refugiadas criado e conduzido pela IKMR com o objetivo de incentivar o convívio e a integração. Vestidos de branco, 18 meninos e meninas cantaram, entre outras canções, “Aquarela”, do compositor Toquinho. O encerramento, em tom alegre e de homenagem às crianças do coral, foi conduzido à capela pelo grupo “Os Escolhidos”, composto por refugiados da República Democrática do Congo e de Angola.

Para assistir aos seis filmes premiados:

Ninguém Fica de Fora, de Dado Galvão

festivaldominuto.com.br/videos/38363

The Stranger, de Diana Shabazyan

www.festivaldominuto.com.br/videos/38230/show/The_Stranger

Travessias de Sangue de Ailton da Costa

www.festivaldominuto.com.br/videos/37950

 Maré ou Jogo do Homem de Jeannie Helleny

www.festivaldominuto.com.br/videos/38029

 Gritos e Choros de de Marie de Rodrigo Vrech

www.festivaldominuto.com.br/videos/37954

 Congolese Refugee, Serge Makanzu Kiala de Kim Badawi

www.festivaldominuto.com.br/videos/38387

Por Denise Chrispim, de São Paulo