ACNUR reforça apelo por recursos extras para ajudar refugiados sírios
ACNUR reforça apelo por recursos extras para ajudar refugiados sírios
BEIRUTE, Líbano, 15 de março de 2013 (ACNUR) – O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, reiterou hoje seu apelo para que governos criem fundos especiais para ajudar refugiados sírios e os países que os acolhem.
Falando para jornalistas em Beirute no segundo aniversário do conflito sírio, ele alertou para a instabilidade da região se novos recursos para atender os sírios forem negados pelos países ou não estiverem disponíveis imediatamente.
Guterres disse que existe uma lacuna crescente entre as necessidades e os recursos disponíveis. "Não há como uma diferença nesta proporção ser preenchida com o montante humanitário atual", enfatizou, acrescentando que a tragédia na Síria "é uma ameaça à paz e segurança internacionais".
Se o conflito continuar, alertou Guterres, "o Oriente Médio poderá entrar em convulsão".
O Alto Comissário disse que existe um buraco de US$ 700 milhões entre o que é necessário para que organizações humanitárias, como o ACNUR, precisam para responder às necessidades básicas de mais de 1,1 milhão de refugiados e o que foi arrecadado até agora. Existe um déficit de 70%. Ele mostrou-se otimista de que os recursos comprometidos pelos países que participaram da última conferência no Kuwait, realizada em fevereiro, estejam disponíveis rapidamente e sejam direcionados às respostas humanitárias das Nações Unidas.
Guterres também pediu que a comunidade internacional faça mais pelos governos de países que estão acolhendo estes refugiados. O Líbano, que hospeda mais de 350 mil refugiados sírios, testemunhou um aumento de 10% na sua população no último ano. "Este conflito é uma ameaça existencial para o país", disse o Alto Comissário.
Em encontros com refugiados em Ketermaya, ao sul de Beirute, e em Trípoli, Guterres ouviu relatos sobre os desafios que enfrentam em encontrar abrigo e pagar os altos aluguéis. O déficit de financiamento na operação com os sírios têm incentivado projetos inovadores na identificação de novas formas de abrigo e manutenção das acomodações existentes.
Famílias refugiadas disseram ao Alto Comissário que suas crianças ficaram dois anos sem estudar. Parceiros como o UNICEF organizaram aulas de apoio em algumas regiões do Líbano, mas gostaria que mais crianças pudessem participar.
Especialistas em saúde relataram a Guterres sobre os riscos de diarreia, hepatite A e sarna se os projetos de saneamento básico e abastecimento de água não forem financiados o mais rápido possível. Atualmente, o ACNUR e seus parceiros estão arcando com 85% dos custos de atendimento médico dos refugiados atendidos nos centros de saúde.
"O Líbano precisa de apoio massivo", disse. "O país não pode ficar sozinho".
O Plano Regional de Resposta para os Refugiados Sírios, orçado em US$1 bilhão, detalha a resposta coordenada de 55 ONGs e agências da ONU, lideradas pelo ACNUR. Existem atualmente 1.126 milhões de sírios refugiados já registrados ou aguardando o procedimento de registros na Jordânia, Líbano, Iraque, Turquia e Egito. Em média, 8 mil novos refugiados chegam a estes países todos os dias.
Guterres está na última parte de sua visita à região. No começo desta semana ele visitou a Turquia e a Jordânia.