ACNUR renova apelo para a proteção das pessoas deslocadas na República Centro-Africana
ACNUR renova apelo para a proteção das pessoas deslocadas na República Centro-Africana
BANGUI, República Centro-Africana, 29 de abril (UNHCR) – Nessa terça-feira, a Agência da ONU para Refugiados destacou a necessidade de fornecer proteção física às comunidades de pessoas deslocadas um dia após um ataque com uma granada atingir um comboio humanitário.
O comboio, que transportava membros da comunidade muçulmana para locais mais seguros em Kabo e Moyen Sido, no norte do país, foi atingido por uma granada que acredita-se ter sido lançada por membros da milícia Anti-Balaka. O ataque, que ocorreu em Dissikou, deixou duas pessoas mortas e seis feridas.
“O ACNUR condena o ataque e oferece suas condolências às famílias das vítimas. Ressalta-se também a necessidade de prover proteção física às comunidades deslocadas que se encontram em risco", disse aos jornalistas à porta-voz do ACNUR Fatoumata Lejeune-Kaba.
O comboio formado por 18 caminhões estava transportando 1.300 pessoas que estavam presas no conturbado bairro de PK12, na capital Bangui. Eles fugiram para PK12 para escapar da violência intercomunitária que vem destruindo o país desde dezembro de 2013. Entretanto, posteriormente PK12 tornou-se um bairro ameaçado, deixando os deslocados em constante medo de ataques. Além disso, não havia comida suficiente e as condições eram precárias devido à falta de instalações sanitárias.
Levando em consideração os pedidos para serem removidos para áreas mais seguras e dada a grave ameaça iminente para suas vidas, os funcionários humanitários da ONU no país organizaram a realocação na segunda-feira. A operação foi determinada como uma medida de último recurso, sob o comando da Coordenadora Humanitária Sênior, Claire Bourgeois.
O comboio passou a noite de domingo nas proximidades de Sibut, antes de continuar sua jornada de três dias. Na segunda-feira, apesar do ataque, ele continuou seu trajeto até Kaga Bandoro, onde os feridos pelo ataque receberam assistência médica. Uma equipe do ACNUR que acompanha o comboio relatou que três bebês haviam nascido durante a jornada até o momento.
Essa foi a segunda operação de realocação de PK12, após o deslocamento de 93 pessoas, incluindo 35 crianças, para Bambari em 20 de abril. “O ACNUR participou das operações, tendo em vista o nosso comprometimento em promover os direitos humanos de todos os deslocados internos, particularmente o direito à segurança física, independente da comunidade de origem. O ACNUR está engajado em salvar vidas e aliviar o sofrimento dos deslocados, trabalhando em conjunto com o governo para este fim", disse Lejeune-Kaba.
Há, atualmente, mais de 600.000 deslocados internos na República Centro-Africana, incluindo os 15.000 muçulmanos já citados, que permanecem em risco. Eles estão cercados e ameaçados por milicianos em 15 locais espalhados por toda parte ocidental do país.
O ACNUR e seus parceiros estão apoiando os esforços de mediação para permitir sua coexistência. Tais esforços já produziram alguns resultados positivos em áreas como Bouboua, onde recentemente pessoas retornaram da mata que se abrigavam. O ACNUR e outros membros da comunidade humanitária estão procurando reforçar essas tendências com um foco em abrir caminho para o retorno daqueles que foram realocados, dos que estão deslocados pelo país, bem como dos mais de 348.000 refugiados que fugiram para os países vizinhos.