ACNUR retoma transferência de deslocados no Congo

Brasília, 02 de dezembro de 2008 - O ACNUR retomou hoje, na República Democrática do Congo, a transferência voluntária de civis deslocados pela guerra e que estão vivendo em campos nos arredores da cidade de Goma, capital da volátil província de North Kivu. Famílias inteiras serão realocadas em outros quatro campos localizados a oeste da capital, informou hoje em Genebra o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Ron Redmond.

A guerra em North Kivu se intensificou no final de 2006. Em janeiro deste ano, já havia produzido mais de 600 mil deslocados internos. Desde a retomada dos combates, no último mês de agosto, mais de 250 mil civis deixaram o país.

Os congoleses transferidos pelo ACNUR vivam em dois campos que abrigam cerca de 65 mil civis de origem Kibati. Eles estão próximos das áreas de combate, tornando precária a segurança local. A operação de hoje envolveu 500 pessoas (cerca de 140 famílias), que deixaram o campo Kibati I em direção ao Mugunga I. Outras 140 famílias já haviam sido transferidas.

"A população civil pode ser pega no fogo cruzado caso os combates se reiniciem nessas áreas. Suspendemos nosso trabalho no domingo, por causa de tiroteios que continuaram por toda a noite. Quatro congoleses deslocados foram feridos e levados para o hospital", afirmou Redmond.

Além de Mugunga I, o ACNUR é responsável pelos campos de Mugunga II, Buhimba e Bulengo. Um quinto campo (Mugunga III) está sendo finalizado para abrigar a maioria dos Kibati. "Damos prioridade às pessoas, necessidades especiais, doentes, crianças, mulheres grávidas e idosos", explicou Redmond.

Cinco caminhões do ACNUR com artigos de assistência chegaram no último final de semana em Goma, trazendo 30 mil cobertores, 15 mil sacos de dormir e mais de quatro mil utensílios de cozinha vindos do estoque regional de emergência localizado em Ngara (Tanzânia).

Ron Redmond informou ainda que 40 mil deslocados (cerca de 80% do total) decidiram voltar para suas casas no norte de Goma, mas as encontraram saqueadas e destruídas. Na fronteira do Congo e Uganda, parou o fluxo de congoleses em direção ao país vizinho. Até agora, cerca de 13 mil pessoas já cruzaram essa fronteira.