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ACNUR se prepara para aumento de refugiados do Mali nos países vizinhos

Comunicados à imprensa

ACNUR se prepara para aumento de refugiados do Mali nos países vizinhos

ACNUR se prepara para aumento de refugiados do Mali nos países vizinhosACNUR está pronto para responder ao agravamento da crise humanitária, incluindo o fluxo de refugiados para os vizinhos Niger, Mauritânia e Burkina Faso.
16 Janeiro 2013

NIAMEY, Niger, 16 de Janeiro (ACNUR) – Combates intensos ameaçam um grupo de civis deslocados recentemente no Mali. Apesar das dificuldades financeiras, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está pronta para responder ao agravamento da crise humanitária, incluindo o fluxo de refugiados para os vizinhos Niger, Mauritânia e Burkina Faso.

"Temos planos de contingência e estamos em campo  para assegurar o atendimento  nos vários cenários possíveis", disse o representante do ACNUR no Niger, Karl Steinacker. "Nossa prioridade é garantir o abastecimento de água, condições de saneamento básico, saúde, educação, proteção contra violência sexual e baseada no  gênero  e a proteção das crianças", acrescentou.

Os escritórios do ACNUR em Bamako, capital do Mali,  e  nas capitais vizinhas têm preparado planos de resposta juntamente com outras agências da ONU, ONG’s e autoridades nacionais. O objetivo é lidar com um possível fluxo de 300 mil deslocados internos no Mali e de 407 mil refugiados nos países da região.

A situação no Mali agravou-se com a intervenção militar francesa que, em apoio ao exército do país, tenta deter o avanço de grupos rebeldes, supostamente ligados a Al Qaeda, em direção à capital Bamako.

Desde a intervenção, no início de janeiro, houve um aumento considerável no número de pessoas atravessando para os países vizinhos - quase 1.500  foram para o Níger, Mauritânia e Burkina Faso desde o último dia 11. Os números poderão multiplicar-se caso o combate se intensifique. O ACNUR  está monitorando as fronteiras.

"Os refugiados afirmam ter deixado o país em virtude da intervenção militar, da ausência de serviços básicos e da imposição da sharia", disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards.

Funcionários da ONU informaram que 460 refugiados  conseguiram chegar aos campos de  Mangaize, Tillia, Banibangou e Tillabéry, no oeste do Níger. Na região do Sahel, em Burkina Faso, as equipes do ACNUR em Mentao e Demba  relataram 497 recém-chegados do Mali. A maioria disse que tinha vindo das regiões de Gao, Tombuctu e Mopti, citando a intervenção militar como uma das principais razões para seu deslocamento.

O ACNUR e seus parceiros estão fornecendo alimentos, água e assistência médica  aos recém-chegados nos centros de acolhimento, antes de as pessoas serem  transferidas para os campos de refugiados. Em Burkina Faso, oito recém-chegados foram hospitalizados com sarampo. A agência para refugiados espera realizar rapidamente uma missão na fronteira para avaliar a situação no país.

Na Mauritânia, o número de pessoas que chegam ao centro de trânsito Fassala subiu para 681 em 15 de janeiro, a maioria mulheres e crianças de Lere,  Timbuktu, na região central do Mali.

Uma missão do ACNUR na fronteira do Mali com a Mauritânia reportou que a passagem das pessoas  está sendo autorizadas. Os recém-chegados são registrados no centro Fassala e depois  são levados para o campo de Mbera, que abriga  cerca de 54 mil  refugiados de crises anteriores.

Os escritórios do ACNUR em Niamey, que asseguram proteção e assistência dos malineses que refugiaram-se no Níger, lidam com os desafios da insegurança, seca e escassez de alimentos.

"As áreas fronteiriças que receberam a maioria dos refugiados do Mali são subdesenvolvidas e de difícil acesso. Os problemas logísticos são agravados pela infraestrutura precária e as difíceis condições climáticas, que incluem inundações durante a estação das chuvas. "A sustentabilidade de uma operação como esta é sempre um desafio para o ACNUR. Precisamos ter certeza de que há recursos suficientes para atender todas as necessidades", disse Steinacker. Em 2012, o ACNUR pediu US$ 123,7 milhões para as operações relacionadas à crise do Mali, mas até agora recebeu cerca de 60 por cento.

Steinacker disse que o ACNUR e as autoridades locais estão registrando os cerca de 50 mil refugiados no Níger, alguns deles serão posteriormente realocados longe das áreas fronteiriças. O registro fornecerá dados mais precisos ​​sobre as necessidades dos refugiados.

Os deslocamentos populacionais no Mali continuam intensos, e a dificuldade de acesso no norte do país dificulta o trabalho das agências humanitárias na obtenção de dados sobre a população A Comissão de Movimentos Populacionais informou que, até meados de janeiro, quase 230 mil pessoas foram forçadamente deslocadas no Mali desde o início de 2012.

Muitos dos deslocados internos no Mali têm procurado abrigo em áreas urbanas, como a capital Bamako. Como muitos deslocados, Oulamine, de 40 anos, está lutando para conseguir arcar com as despesas. Ele  deixou a região de Timbuktu há várias semanas com sua esposa e três filhos, e chegou à cidade de Mpoti depois de viajar por 10 dias de canoa no rio Níger. Então, alugou um carro para chegar a Bamako. Ele paga o equivalente a US$ 60 pelo aluguel de um quarto. "Não sei por quanto tempo conseguirei manter esta situação". Ele também tem que pagar a electricidade,  e a família não tem acesso a água. "Medicamentos e comida também são caros", disse ele.

Por William Spindler, Helene Caux e Charles-Arthur Pierre-Jacques

Obrigado a voluntária do UNV Online Ana Paula Correia  pelo apoio na tradução deste texto do inglês.