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ACNUR se prepara para dar assistência aos possíveis retornados no Mali

Comunicados à imprensa

ACNUR se prepara para dar assistência aos possíveis retornados no Mali

ACNUR se prepara para dar assistência aos possíveis retornados no MaliCom rápido crescimento da militarização no Mali, o ACNUR está se preparando para apoiar o possível retorno de milhares de pessoas deslocadas em razão de conflitos no norte do país.
29 Janeiro 2013

BAMAKO, Mali, 29 de janeiro (ACNUR) – Com rápido crescimento da militarização no Mali, a Agência da ONU para Refugiados está se preparando para apoiar o possível retorno de milhares de pessoas deslocadas em razão de conflitos no norte do país.

“Planejamos abrir novas unidades em Gao e outras cidades do norte assim que as condições de segurança forem restabelecidas”, disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, destacando que a presença de tropas rebeldes islâmicas e a consequente insegurança prejudicam o acesso à ajuda humanitária.

Entrevistas feitas com deslocados internos (IDPs, na sigla em inglês) na capital Bamako nos últimos dias indicaram que muitos civis querem voltar logo para suas casas. Elas ficam em áreas que estavam ou permanecem sob controle rebelde, incluindo Gao, Timbuktu e Kidal.

O processo de retorno espontâneo já começou em alguns lugares. No centro da cidade de Konna, por exemplo, uma missão do ACNUR que avalia as condições de segurança confirmou que as pessoas estão voltando. Mais da metade dos 10 mil habitantes de Konna deixou a cidade em direção ao interior quando ela foi tomada pelos rebeldes em 10 de janeiro, provocando a intervenção militar francesa.

Apesar da vontade de voltar para casa, as condições são difíceis no norte do país. Pessoas deslocadas recentemente na região reportaram escassez de comida, de água potável e de combustível. Serviços de eletricidade, transporte, comunicações, acesso à saúde e educação foram interrompidos.

Em Kidal e Tessalit, próximos à Argélia, os estoques de comida e outros itens essenciais foram seriamente afetados pelo conflito e pelo fechamento da fronteira, por onde muitos itens eram importados.

Há registros de que centenas de pessoas deixaram Kidal nos últimos dias para vilas mais ao norte, ainda mais perto da fronteira argelina. Outros cruzaram a fronteira da Argélia, apesar de ela estar oficialmente fechada.

“Centenas de pessoas foram assentadas em vilas, como Inhalid, localizada a menos de 20 quilômetros da Argélia”, disse Zenaib, representante em Bamako dos deslocados de Kidal e Tessalit. “Outros entraram na Argélia, em sua maioria mulheres e crianças que estão indo para Timayawen e Tinzawaten, onde alugam casas”, acrescentou.

Zeinab é de Tessalit e deixou a cidade em abril de 2012, quando os rebeldes se instalaram na região. Desde então, ela voltou à cidade algumas vezes. “Quando volto para Tessalit, tenho de usar o véu”. Ela disse que manteve contato com seus amigos e família pelo celular. “As pessoas dizem temer bombardeios, assim como possíveis represálias do exército do Mali e dos islamitas”.

O conflito afetou o fluxo de bens da Argélia para Kidal e Tessalit, resultando na elevação dos preços da carne, leite, entre outros bens. Zenaib disse ainda que ouviu rumores de que os rebeldes estariam recrutando crianças como soldados. “Vi jovens de 12 anos com os rebeldes e até crianças de oito anos de idade”, disse ela, acrescentando que as crianças são aliciadas nos postos de fiscalização da fronteira.

Zenaib disse ainda o sistema educacional de Tessalit foi afetado e a maioria dos professores deixou o local. Segundo ela, em Kidal algumas escolas ainda funcionam e mantém aulas de religião. “Meus amigos em Tessalit contaram que muitos casamentos precoces estão acontecendo desde que os rebeldes tomaram conta do lugar”, e acrescentou: “a filha do meu primo se casou com um rebelde de 27 anos – ela tem nove”.

Nesse meio tempo, verifica-se o aumento da tensão étnica entre comunidades em várias partes do país. Integrantes das comunidades tuareg e árabe tem sido acusados por outros grupos de apoiar a rebelião separatista que causou o atual conflito.

“O ACNUR pede aos líderes comunitários e às autoridades do Mali que promovam iniciativas de paz e reconciliação entre os vários grupos étnicos”, disse o porta-voz da agência para refugiados, Adrian Edwards.

O ACNUR levou ao Mali, em caráter de emergência, itens para assistir nove mil famílias (cerca de 54 mil pessoas), incluindo colchonetes, cobertores, lonas plásticas, garrafas de água, mosquiteiros e utensílios de cozinha. A distribuição começará na cidade de Mopti, que de acordo com as estimativas abriga 40 mil deslocados internos.

No total, estima-se que 380 mil pessoas deixaram o norte do Mali desde o início do conflito, há um ano, incluindo 230 mil IDPs e mais de 150 mil refugiados, que estão na Mauritania, Niger, Burkina Faso e Argélia.

Por Hélène Caux e William Spindler em Bamako, Mali .