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Afeganistão à beira do colapso

Comunicados à imprensa

Afeganistão à beira do colapso

17 Dezembro 2021
Ibrar Hussain* e sua família fazem uma refeição com pão em sua casa temporária nos arredores de Cabul. Eles fugiram de sua casa na cidade de Kunduz, no norte do país, quando ela foi destruída pelos combates em maio de 2021 © ACNUR/Andrew McConnell

Antes do Talibã assumir o poder em agosto, o Afeganistão já enfrentava uma série de crises. Uma forte seca estava afetando as safras, os impactos socioeconômicos da pandemia de Covid-19 aumentaram a pobreza e o conflito de longa duração no país deixou mais de 3 milhões de afegãos deslocados internamente. 


Agora, o Afeganistão está à beira do que a Representante Especial da ONU, Deborah Lyons, descreveu como “uma catástrofe humanitária”. Os efeitos da implosão da economia são sentidos em toda a sociedade, mas aqueles que já foram forçados a deixar suas casas pelo conflito estão particularmente vulneráveis.

O ACNUR segue atuando no Afeganistão para salvar vidas e assegurar direitos. Doe agora mesmo e apoie os nossos esforços.

Afegãos deslocados enfrentam crise humanitária com a aproximação do inverno em Cabul © ACNUR / Andrew McConnell

Dos cerca de 668 mil afegãos deslocados pelos conflitos desde o início deste ano, cerca de 50 mil fugiram para Cabul, a capital. A cidade está localizada a uma altitude de 1.800 metros e, durante o inverno, as temperaturas costumam atingir menos 0°C à noite. Enquanto algumas pessoas voltaram para suas regiões de origem nas últimas semanas, outras continuam com medo ou não têm casa para onde voltar.

Muitos irão enfrentar os meses frios de inverno em abrigos improvisados ​​ou amontoados em quartos alugados sem aquecimento, com fome e sem dinheiro.

Para apoiar nosso trabalho em prol das pessoas que fogem da violência e da perseguição, por favor, doe agora.

Safa e sua sogra, Bibi Khatoon, fazem parte de uma família de oito pessoas que se viram no meios de combates entre o Taleban e ex-membros das Forças Armadas do governo no nordeste do Afeganistão há três meses.

Afegãos deslocados recebem assistência do ACNUR à medida que o inverno se aproxima © ACNUR / Andrew McConnell

A família chegou a Cabul sem nada, mas conseguiu alugar um quarto fora da cidade depois de receber assistência em dinheiro da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Safa deu à luz há 40 dias.

 

O marido de Safa, Abdul Sattar, segura sua filha de 4 anos do lado de fora de seu quarto em Cabul © ACNUR / Andrew McConnell

“Neste momento, estamos com muito medo de voltar para casa, e não temos uma casa para onde ir”, diz ele, descrevendo como uma bomba atingiu sua casa no nordeste do Afeganistão “e tudo virou pó”. 

“Estamos com muito medo de voltar para casa, e não temos uma casa para onde ir”

“Não sobrou ninguém na área, todos fugiram”, acrescenta. “Meus pais estão traumatizados e ainda estão em choque.”

Uma família deslocada de nove pessoas compartilha um pedaço de pão no almoço © ACNUR / Andrew McConnell

Uma combinação de sanções internacionais, o congelamento dos ativos do governo afegão e a suspensão da ajuda estrangeira mergulhou o Afeganistão em uma crise econômica.

A seca e a colheita ruim pioraram a situação. A previsão é de que os estoques de alimentos acabem em meados do inverno. O desemprego crescente e os custos dos alimentos levaram 22,8 milhões de pessoas, mais da metade da população de 40 milhões do país, à fome.

 

Mulheres e crianças, algumas delas deslocadas para Cabul pelo conflito, imploram por pão do lado de fora de uma padaria © ACNUR / Andrew McConnell

A crise econômica pressionou ainda mais muitos afegãos que já viviam na extrema pobreza, e o número de residentes de Cabul em situação de rua está aumentando a cada dia.

A mãe de Zarina, Sakina, segura seu bebê de seis meses, Asad, no quarto que ela alugava em Cabul para ela e seus três filhos, desde que seu marido foi morto em julho. Ela encontrou trabalho no mercado local limpando feijão, mas não o suficiente para sustentar sua família © ACNUR / Andrew McConnell

“Meus filhos estão meio alimentados e meio famintos”

“Meus filhos estão meio alimentados e meio famintos”, diz Zarina. “Comemos arroz e pão.” Com a ajuda que recebeu do ACNUR, ela conseguiu quitar o que devia a um lojista. “Se eu não tivesse quitado o empréstimo, talvez tivesse que vender meu bebê.”

Matiullah, de dez anos, e sua irmã de oito, Hajira, vendem sacolas plásticas no mercado perto de sua casa para ajudar a mãe e a irmã mais velha © ACNUR / Andrew McConnell

A família de Matiullah e Hajira mudou-se para Cabul há seis meses, depois que sua casa na cidade de Kunduz, no norte do país, foi destruída pelos combates.

“Eu adoraria voltar [para a escola] se tivéssemos uma vida melhor”

Num dia bom, os irmãos vendem cerca de 10 sacolas plásticas. “Abandonei a escola há cerca de quatro anos”, diz Matiullah. “Adoraria voltar se tivéssemos uma vida melhor.”

Crianças coletam plástico nas margens do rio Cabul © ACNUR / Andrew McConnell

Mais de 4 milhões de crianças no Afeganistão estão fora da escola e a terrível situação econômica está levando mais famílias a mandar seus filhos para o trabalho. Relatos de casamento infantil também estão aumentando, de acordo com o UNICEF.

O rio Cabul, que atravessa o coração da cidade, está sofrendo com a baixa quantidade de água e grande poluição © ACNUR / Andrew McConnell

A seca, que atingiu grande parte do país no início do ano, contribuiu para a queda dos níveis dos rios e lençóis freáticos em Cabul. Espera-se que um segundo ano de efeitos climáticos La Niña cause a continuação da seca neste inverno.

 

Barkatullah, de oito meses, que sofre de desnutrição, é consolado por sua mãe no Hospital Infantil Indira Gandhi, em Cabul © ACNUR / Andrew McConnell

De acordo com o UNICEF, cerca de 3,2 milhões de crianças afegãs com menos de cinco anos sofrem de desnutrição aguda e 1,1 milhão correm o risco de morrer sem tratamento.

No Hospital Infantil Ataturk de Cabul, Najiba, 22, está com seu filho Roshan, de 43 dias de idade e desnutrido © ACNUR / Andrew McConnell

Muitas mães estão desnutridas e lutam para amamentar seus filhos.

O inverno pode trazer mais dificuldades para os afegãos, especialmente aqueles que estão deslocados. O ACNUR está aumentando a assistência para ajudar as famílias deslocadas a lidar com as condições adversas, mas, é fundamental redobrar a ajuda humanitária.

Afegãos deslocados recebem assistência do ACNUR à medida que o inverno se aproxima. © ACNUR / Andrew McConnell

“Apoio urgente é necessário para ajudar os afegãos mais vulneráveis ​​a sobreviver durante os meses de inverno e manter suas famílias seguras e aquecidas”

“Sem apoio financeiro, comunidades estarão expostas a choques extremos, incluindo perda de vidas”, alertou Caroline van Buren, Representante do ACNUR no Afeganistão.

 “Apoio urgente é necessário para manter famílias seguras e aquecidas, e ajudar os afegãos mais vulneráveis a sobreviver durante os meses de inverno.”