Alta Comissária Adjunta do ACNUR reconhece trabalho valioso do México em prol dos refugiados após visita ao país
Alta Comissária Adjunta do ACNUR reconhece trabalho valioso do México em prol dos refugiados após visita ao país
Durante sua estadia no México, a Alta Comissária Adjunta reconheceu os grandes esforços que a sociedade civil está realizando em favor das pessoas que são forçadas a deixar seus países de origem por situações de violência e perseguição. Além de se reunir com representantes de outras agências da ONU e da sociedade civil na Cidade do México, ela visitou a Casa de Abrigo e Treinamento para Mulheres Migrantes e Refugiadas (CAFEMIN), onde se encontrou com solicitantes de refúgio e refugiados que compartilharam os motivos pelos quais tiveram que deixar seus países e relataram suas experiências no México.
Em Villahermosa, Estado de Tabasco, Clements visitou o abrigo Colibrí, do Sistema Estatal para o Desenvolvimento Integral da Família (DIF), que atende meninas, meninos e adolescentes refugiados não acompanhados. Ela constatou a importância de fortalecer, a nível nacional, os procedimentos para identificar, dentro dos fluxos migratórios, meninos, meninas e adolescentes com necessidade de proteção internacional. Ainda observou a necessidade de garantir que eles tenham acesso a cuidados que assegurem, entre outros direitos, que não sejam detidos. O abrigo Colibrí é o primeiro espaço do sistema DIF em todo o país destinado a atender adolescentes refugiados que chegaram ao México sem o acompanhamento de familiares adultos. A funcionária do ACNUR disse que espera que o modelo seja replicado em outros estados do país.
Em Tenosique, ainda no Tabasco, Clements visitou a estação migratória onde estão os migrantes detidos e com necessidade de proteção internacional. A funcionária lamentou a não existência de mecanismos para que as pessoas possam solicitar o status de refugiado ao cruzar a fronteira sem serem detidas e reconheceu a importância de estabelecer alternativas para que elas possam buscar segurança e proteção internacional sem correrem riscos ao entrar no México ilegalmente.
Na mesma cidade ela também visitou o abrigo La 72, que oferece proteção, alimentação e acompanhamento integral para solicitantes de refúgio, refugiados, migrantes e pessoas LGBTI que saem da estação migratória ou que chegam diretamente ao lugar. Da mesma forma, em Palenque, Chiapas, a Alta Comissária Adjunta visitou o abrigo El Caminante J'tatic Samuel Ruiz, onde apreciou os projetos de extensão que são realizados para receber o crescente número de solicitantes de refúgio que chegam a essa cidade fronteiriça.
Sua visita ao México terminou com um passeio pelo ginásio comunitário de Tenosique, um projeto apoiado pelo ACNUR e administrado pelo município. A academia tem servido como um espaço de convivência entre a população local e os refugiados.
Ao longo desta visita oficial, Clements ouviu histórias de solicitantes de refúgio sobre a violência e a falta de proteção que os motivaram a sair de seus países de origem. Ela percebeu que o México está se tornando um país de destino para o crescente número de refugiados e que essa mudança na dinâmica migratória do país tem gerado desafios significativos para a sociedade civil, para as organizações internacionais e para as autoridades, principalmente para a Comissão Mexicana de Ajuda aos Refugiados (COMAR).
Os solicitantes de refúgio e refugiados expressaram suas frustrações pela demora de julgamento de seus casos e também pela tardia emissão de seus documentos. Além disso, várias pessoas entrevistadas disseram à Comissária Adjunta do ACNUR que essa situação levou pessoas com necessidade de refúgio a não solicitar tal proteção e, portanto, estão sujeitas ao retorno e a diversos riscos durante sua permanência no país.
Por outro lado, a Clements aplaudiu a participação ativa do México juntamente com cinco países da América Central no Marco Integral Regional para Proteção e Soluções (MIRPS), um esforço regional para enfrentar o deslocamento forçado. A Alta Comissária Adjunta elogiou o apoio do ACNUR e a implementação dos compromissos assumidos pelo governo mexicano no MIRPS, embora tenha reconhecido que o “México tem uma política aberta em termos de proteção, mas está claro que os refugiados precisam de procedimentos mais rápidos e isso é algo que estamos trabalhando duro para realizar”.
Depois de deixar o México pela fronteira de El Ceibo, a Alta Comissária Adjunta Kelly Clements continou sua viagem pela região, pela Guatemala e Honduras.
Referências do ACNUR no México:
O ACNUR está no México desde 1982. Devido ao aumento do número de solicitantes de refúgio no país, o ACNUR abriu três escritórios novos desde 2016 e atualmente tem escritórios na Cidade do México, em Acayucan (Veracruz), em Saltillo (Coahuila), em Tapachula (Chiapas) e em Tenosique (Tabasco).
Alguns exemplos de suas ações em 2016 e 2017 incluem:
- 20 projetos de infraestrutura que melhoraram as condições de 17 abrigos localizados em Chiapas, Jalisco, Tabasco, Veracruz e na Cidade do México. Pelo menos 10.100 solicitantes de refúgio e refugiados foram alojados em abrigos que contam com o apoio do ACNUR.
- 12.283 solicitantes de refúgio e refugiados receberam assistência monetária para atender suas necessidades de alimentação, moradia, saúde e educação enquanto aguardavam uma decisão sobre seus pedidos. Deste total, 76% receberam essa ajuda diretamente do ACNUR.
- Foram financiados 33 advogados de organizações da sociedade civil e de albergues. Eles forneceram informações e assistência jurídica a mais de 9.000 pessoas.
- 15 psicólogos de organizações da sociedade civil e de albergues ofereceram apoio psicossocial e acompanhamento terapêutico. Pelo menos 2.200 pessoas receberam esse apoio.
- Entre julho de 2016 e 2017, por meio de um programa do Instituto Nacional de Migração (INM) e COMAR com o qual abrigos da sociedade civil e o ACNUR colaboram, mais de 1.900 solicitantes de refúgio saíram de estações migratórias e foram transferidos para albergues.
- O ACNUR trabalhou com 18 ONGs nacionais e duas ONGs internacionais em 2017 no México.
- Em 2017 e 2018, o escritório do ACNUR recebeu financiamento da Espanha, da União Europeia, do Canadá, do Comitê Olímpico Internacional e de doadores privados no México. O trabalho no país também pôde ser realizado graças às contribuições gerais feitas pelos grandes doadores para as operações globais da organização, como é o caso dos Estados Unidos, da Suécia, da Holanda, do Reino Unido, da Noruega, do Japão, da Dinamarca, da Austrália, da Suíça, da França, da Alemanha, da Itália e de doadores privados.