Alto Comissário pede ação internacional urgente para enfrentar situação “calamitosa” na Somália
Alto Comissário pede ação internacional urgente para enfrentar situação “calamitosa” na Somália
NAIROBI, Quênia, 6 de agosto (ACNUR) – O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, concluiu na última quinta-feira uma visita de três dias ao Quênia pedindo por ações conjuntas que levem a uma solução política do conflito aparentemente sem solução na Somália e que seja fornecida ajuda às pessoas deslocadas pelo conflito.
Guterres chamou de “produtivas” as conversas mantidas com o Presidente do Quênia, Mwai Kibaki, com o Primeiro-ministro Raila Odinga, com os ministros da Imigração, Segurança Interna e das Relações Exteriores a respeito da crescente crise de refugiados no Quênia, potencializada pela instabilidade na Somália.
Guterres afirmou que o governo queniano e o ACNUR compartilham do senso de urgência para buscar resolver os problemas enfrentados pelos refugiados e pelas comunidades de acolhida e encontrar soluções concretas.
Ele disse que o ACNUR e o governo do Quênia concordaram adotar uma série de medidas para atender as necessidades dos refugiados e fornecer ajuda às comunidades de acolhida, tendo em conta as preocupações de segurança do Quênia.
As conversas entre o Alto Comissário e as autoridades quenianas se concentraram na superpopulação crônica do complexo de campos de Dadaab, localizado no nordeste do Quênia, que aloja atualmente 288 mil refugiados, número 3 vezes maior do que a sua capacidade.
Após a visita ao campo, o Alto Comissário disse que “é impossível ficar indiferente ao sofrimento do povo somali”. Ele descreveu a situação na Somália como “calamitosa e dramática” e pediu que a comunidade internacional “perceba com seriedade a gravidade do problema”.
Ao falar dos mais de 1,3 milhão de pessoas desarraigadas em virtude dos 18 anos de violência e instabilidade na Somália, ele afirmou que “não há a menor possibilidade de a ajuda chegar até eles”, a menos que haja solução para o conflito que está ocorrendo dentro do país.
Além de melhorar as condições de vida dos refugiados de Dadaab com a implantação de novos sistemas de água e esgoto e melhorias no sistema de saúde e de habitação, nutrição, bem como apoio financeiro à comunidade local, o ACNUR descongestionará os campos por meio do reassentamento de alguns dos refugiados para outro campo, localizado em Kakuma, no noroeste do Quênia, próximo à fronteira com o Sudão.
Guterres declarou que a Agência começará em breve a transferir 12.900 refugiados de Dadaab para Kakuma. O ACNUR disponibilizará 6 milhões de dólares para atender às necessidades das comunidades receptoras. Além disso, sete agências da ONU se juntaram para lançar um programa de desenvolvimento de 16.9 milhões de dólares em benefício das comunidades locais.
“O desafio em Dadaab é complexo e de difícil solução”, declarou Guterres. No entanto, Dadaab foi “uma das prioridades mundiais do ACNUR”. É urgente a necessidade “de uma resposta à calamitosa situação humanitária no campo”, ele disse. Guterres fez um apelo aos doadores para angariar recursos adicionais para atender aos novos desafios. De sua parte, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados “mobilizará seus recursos internos, assegurando que o trabalho comece imediatamente” nas áreas que requerem prioridade, disse Guterres.
O Alto Comissário enfatizou a necessidade de preservar o caráter civil e humanitário dos campos de refugiados. Visando a proteção dos refugiados, a segurança dos trabalhadores humanitários e as preocupações de segurança do Quênia, o ACNUR “melhorará os mecanismos de identificação” nos campos, disse Guterres.
By Yusuf Hassan in Nairobi