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Amigos enfrentam perigos após fugirem sozinhos de ataques em Moçambique

Comunicados à imprensa

Amigos enfrentam perigos após fugirem sozinhos de ataques em Moçambique

12 May 2021
Da esquerda para a direita: Bakar, 13, Momad, 17, e Abdala, 15, fugiram da violência recente no norte de Moçambique © ACNUR / Martim Gray Pereira

Em uma manhã no começo do mês, os amigos Bakar, 13, Momad, 17, e Abdala, 15, vendiam bananas e pedaços do pano colorido e vibrante, conhecidos como capulana, no mercado em Mocimboa da Praia - uma movimentada cidade portuária na costa norte de Moçambique. Eles faziam isso para ganhar algum dinheiro antes de ir para a escola.


Então, os três amigos ouviram um barulho e perceberam pessoas correndo entre as barracas do mercado. Rapidamente, eles perceberam que a cidade estava sob ataque de grupos armados – ataques semelhantes aos que vêm acontecendo nos últimos quatro anos, nos quais civis são mortos e prédios destruídos.

“No começo, eu pensei que uma bomba tinha explodido no mercado, uma vez que as pessoas estavam tentando escapar por todos os lados e em diferentes direções, pulando nas arquibancadas, derrubando frutas e vegetais no chão... Foi um caos total”, explicou Bakar. “Não consegui encontrar uma saída. Essas pessoas más vão atrás de meninos saudáveis para recrutá-los para atividades criminosas”.

Incapazes de voltarem para suas famílias durante o caos, os três amigos se uniram à multidão de pessoas fugindo da cidade. Eles começavam então uma jornada perigosa, atravessando vários quilômetros a pé e de ônibus para Montepuez, a segunda maior cidade na província moçambicana de Cabo Delgado.

“Foi um caos total”

Desde 2017, ataques recorrentes e embates violentos de grupos armados não-estatais forçaram quase 700.000 mil pessoas a deixarem suas casas no norte de Moçambique. Essas pessoas deslocadas internas estão atualmente espalhadas nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Sofala e Zambezia.

Assim como mulheres e idosos, uma grande parte dessa população deslocada são crianças. Várias testemunharam níveis chocantes de violência e normalmente estão desacompanhadas ou separadas de suas famílias. Como consequências, estão sujeitas a inúmeros riscos, como o trabalho infantil, recrutamento forçado por grupos armados, abuso sexual, casamento infantil e gravidez precoce.

O ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, está liderando a resposta de proteção, trabalhando com organizações parceiras para identificar e providenciar resposta urgente aos grupos vulneráveis, incluindo crianças que foram separadas de suas famílias, respondendo às necessidades urgentes e ajudando em suas reunificações com suas famílias o mais rápido possível.

“A proteção de meninas e meninos em Cabo Delgado deve estar no centro da agenda do governo no que diz respeito à proteção de civis”, afirmou Sam Chakwera, representante do ACNUR em Moçambique. “Acesso à proteção e serviços básicos para mulheres e crianças deslocadas também deve ser garantido”, complementou.

Os três amigos juntos em Montepuez, Moçambique © ACNUR/Martim Gray Pereira

Após inúmeros dias de viagem sem comida, os meninos chegaram exaustos em Montepuez. Nas últimas duas semanas eles estiveram em Ntele, um espaço para deslocados internos aberto pelo governo em dezembro de 2020 para acomodar aqueles vindos de Cabo Delgado. Atualmente, o espaço acolhe 2.600 pessoas, mas há apenas 80 abrigos de bambu e barro, construídos pelos próprios residentes. Por isso, muitos deslocados, incluindo os três meninos, são forçados a dormir do lado de fora.

“Graças a Deus tem um rio onde podemos tomar banho, uma vez que não há água no campo e o poço mais próximo está a 30 minutos a pé”, afirma Abdala.

Em Mocimboa da Praia, os três jovens iam à escola e tinham o sonho de se tornarem médicos e professores. Agora, a escola mais próxima está a 2 horas a pé e eles precisam deixar os estudos de lado para focar em encontrar comida suficiente e um lugar melhor para dormir.

A população deslocada precisa urgentemente de itens básicos como colchões, cobertores e lonas.

Enquanto o ACNUR se esforça para reunir os garotos com suas famílias, todos afirmam que ainda estão muito assustados para retornarem à Mocimboa da Praia, apesar da situação difícil em que estão agora.

“Eu não vejo um fim para essa guerra. Nós já vivemos em constante terror há três anos, e crianças continuam fugindo, abandonando suas casas, se separando de suas famílias e largando a escola”, afirmou Momad. “É difícil de pensar em um futuro dentro dessas circunstâncias, quando você nem sabe onde vai estar no dia seguinte”.


Uma verdadeira tragédia humanitária está acontecendo em Moçambique! 

Quase 700.000 pessoas foram forçadas a deixar tudo para trás para escapar de ataques brutais de grupos armados. Mulheres e crianças são a maioria.

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