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Angelina Jolie pede ao mundo que não se esqueça dos refugiados iraquianos

Comunicados à imprensa

Angelina Jolie pede ao mundo que não se esqueça dos refugiados iraquianos

Angelina Jolie pede ao mundo que não se esqueça dos refugiados iraquianosAngelina Jolie, retornando para visitar refugiados iraquianos nos subúrbios mais pobres da capital síria, após uma visita em 2007, disse que estes refugiados ainda precisam de ajuda vital e apoio.
2 Outubro 2009

DAMASCO, Síria, 2 de outubro (ACNUR) – A Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, Angelina Jolie, chamou a atenção da comunidade internacional nesta sexta-feira para não esquecerem-se das centenas de milhares de refugiados iraquianos que permanecem em exílio apesar de uma relativa melhoria na situação de segurança de sua terra natal.

Dezenas de milhares de civis iraquianos retornaram da Síria e de outros países vizinhos para seu próprio país ao longo do ano passado, mas muitos mais estão impossibilitados ou não estão dispostos a regressar para um país ainda abalado pela violência. Assim como o caso do Iraque, a situação dos refugiados tem desaparecido das manchetes globais.

Angelina Jolie, retornando para visitar refugiados iraquianos nos subúrbios mais pobres da capital síria, Damasco, após uma visita em 2007, disse que estes refugiados ainda precisam de ajuda vital e apoio. "A maioria dos refugiados iraquianos não pode retornar ao Iraque tendo em vista o trauma severo que experimentaram lá, a incerteza associada às próximas eleições iraquianas, as questões de segurança e a falta de serviços básicos. Eles terão, portanto, necessidade de apoio continuado da comunidade internacional".

A aclamada atriz americana, que viajou com seu companheiro Brad Pitt, foi recebida nas casas de duas famílias iraquianas no distrito de Jaramana, ao sul de Damasco. A primeira família, reunindo sete pessoas, fugiu para a Síria em 2006, enquanto a segunda família, membros de um grupo religioso minoritário, fugiu do Iraque em julho deste ano, após um dos filhos, Waleed*, ter sido seqüestrado duas vezes e sua mãe, Hoda*, ter sido fisicamente agredida. O chefe de família, Fares *, precisou pagar 25 mil dólares de resgate na primeira vez em que Waleed foi seqüestrado.

Na segunda vez, mãe e filho foram apanhados, e Fares precisou conseguir 40 mil dólares. Os dois foram libertados, mas haviam sofrido uma terrível provação, incluindo tortura. "Eu fui violentada todos os dias durante 13 dias por até 10 homens", Hoda recordou com a voz trêmula. "Eu queria me matar e a única razão que me fez decidir não ir em frente com isso foi meus filhos", acrescentou ela.

Após a libertação de Hoda e Waleed, a família fugiu para a Síria.

"Eu sou grata a você por compartilhar esta história", disse Angelina Jolie, claramente comovida, apertando a mão de Hoda. "Isso ajuda a tornar mais fácil de compreender os seus problemas. Há muito sofrimento nesta parte do mundo; você é uma mulher muito corajosa e forte por colocar isto para trás pelo bem de seus filhos".

A família contou que os sírios têm sido bastante acolhedores, mas eles ainda acham difícil permanecer no país e desejam ser reassentados. Enquanto isso, estão contando com o apoio financeiro e de alimentos do ACNUR. A agência de refugiados, em estreita colaboração com as autoridades locais e com o Crescente Vermelho Árabe Sírio, ajuda os refugiados mais vulneráveis em países vizinhos, principalmente na Síria e na Jordânia, onde a maioria tem encontrado refúgio. Isto inclui assistência material, financeira e médica, entre outras.

Muitas das famílias que fugiram para a Síria ao longo dos últimos anos, esgotaram suas economias e agora precisam contar com a generosidade e ajuda do governo e de agências humanitárias como o ACNUR.

A primeira família que Angelina Jolie visitou - mãe, pai e cinco filhos de sete anos de idade ou menos - é um bom exemplo. Eles estavam amontoados em uma esquálida e abafada residência no subsolo, de um quarto e com uma janela minúscula. A maioria de seus pertences, incluindo colchões, cobertores e caixas de comida, foram fornecidos pelo ACNUR.

O ator americano Brad Pitt, companheiro da Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR Angelina Jolie, brinca com crianças refugiadas em Damasco. © ACNUR/S.Malkawi
Eles também tiveram histórias terríveis para contar, incluindo o sequestro e a tortura do pai, Taha, que ainda sofre com pesadelos e acha difícil deixar o apartamento. Sua esposa, Ibtissam, falou sobre sua luta para pagar o aluguel e comprar extras, como roupas e medicamentos. Ela trabalha como faxineira em um mercado, mesmo tendo uma licenciatura em ensino.

"Eu rasguei meu diploma universitário", ela disse acrescentando: "Que valor ele tem quando eu sou apenas uma faxineira". Ibtisam contou à Angelina que sua família também queria começar uma nova vida em um terceiro país. Duas das famílias que Angelina Jolie conheceu em sua visita de 2007 foram reassentadas nos Estados Unidos, enquanto uma terceira família retornou ao Iraque recentemente.

A Embaixadora da Boa Vontade disse que as famílias que ela visitou hoje, "não se recuperaram do trauma que enfrentaram", acrescentando que, "até que outras soluções sejam encontradas, ou que estes refugiados possam retornar para casa, é essencial que a comunidade internacional ajude o ACNUR a fornecer apoio financeiro e de alimentos para que eles possam sobreviver".

Durante sua viagem de um dia, Angelina também encontrou-se com o presidente da Síria Bashar al-Assad e sua esposa, Asma al-Assad, que contou sobre os esforços feitos pela Síria para fornecer assistência médica aos mais vulneráveis e para encorajar as crianças refugiadas a irem à escola.

"Está claro que o povo sírio, não importa os desafios e dificuldades que eles possam enfrentar, tem sempre demonstrado uma hospitalidade generosa com pessoas em necessidade. Eu espero que o resto do mundo reconheça que nós todos temos que dividir este fardo e continuar cuidando dos refugiados iraquianos", disse Angelina após o encontro.

O ACNUR calcula que mais de 4,2 milhões de iraquianos deixaram suas casas desde o começo do conflito no Iraque em 2003. Até hoje, 215.000 refugiados iraquianos estão registrados com ACNUR na Síria e a maioria deles depende de ajuda alimentar ou material.

*Os nomes foram alterados por razões de proteção

Por Dalia Al-Achi, em Damasco, Síria