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Angelina Jolie visita Equador em sua primeira missão como Enviada Especial do ACNUR

Comunicados à imprensa

Angelina Jolie visita Equador em sua primeira missão como Enviada Especial do ACNUR

Angelina Jolie visita Equador em sua primeira missão como Enviada Especial do ACNUREm sua terceira viagem ao Equador para encontrar refugiados colombianos, Angelina Jolie pediu ao governo equatoriano que mantenha sua política aberta de refúgio.
23 Abril 2012

LAGO AGRIO, Equador, 23 de abril (ACNUR) – Durante sua terceira viagem ao Equador para encontrar refugiados colombianos, Angelina Jolie pediu ao governo equatoriano que mantenha sua política aberta de refúgio e também a tradição de ajudar pessoas vulneráveis ​​em necessidade. O país abriga cerca de 56 mil refugiados, a grande maioria de origem colombiana.

A visita ocorreu no último final de semana, sendo a primeira da atriz norte-americana como Enviada Especial do Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. Ela esteve no Equador para avaliar a situação nas áreas urbanas e rurais destinadas aos refugiados da Colômbia, que sofrem há quase 50 anos com conflitos que já deslocaram internamente mais de 4 milhões de pessoas - além dos que se refugiaram em outros países.

Durante sua passagem pelo Equador, Angelina lembrou a Declaração de Cartagena e fez um apelo ao governo equatoriano. “Como o 30 º aniversário da Declaração de Cartagena de 1984 se aproxima, é hora de celebrar a resistência das pessoas deslocadas na região latino-americana e renovar nosso compromisso com leis e políticas que oferecem a elas proteção, segurança e a chance de uma vida digna”. A Declaração de Cartagena ampliou a definição de refugiado usada na América Latina e ofereceu uma nova abordagem para soluções e a proteção dos refugiados na região.

Além de abrigar 56 mil refugiados, o Equador possui 21 mil solicitantes de refúgio e recebe 1.300 novos pedidos de refúgio a cada mês, todos eles de pessoas que deixaram a Colômbia para escapar da violência contínua no país de origem. Muitos vivem em áreas remotas e pobres no norte do Equador, próximas à fronteira entre os dois países.

A visita de Jolie durou dois dias e começou no sábado passado em Lago Agrio, capital da província de Sucumbíos, no norte do país. Ela visitou a vizinhança da cidade petrolífera de San Valentin, onde se encontrou com refugiados colombianos e cidadãos equatorianos que fazem parte de um grupo de jovens apoiado pelo ACNUR. Eles falaram a Jolie sobre as dificuldades vividas em áreas onde jovens são alvos frequentes de recrutamento por grupos armados e traficantes.

“Achei essas pessoas impressionantes, e fiquei sinceramente comovida com a determinação que elas têm para melhorar a sua comunidade e cuidar dela com suas próprias mãos”, disse Jolie. Ela discutiu a situação da juventude na área com o prefeito de Lago Agrio, Yofre Poma, que executa uma série de programas escolares destinados a incutir o senso de responsabilidade nos jovens e facilitar a integração dos refugiados, que compõem 13% da população da cidade.

“Por meio destes programas, o prefeito vem mantendo a cultura da tolerância para com as pessoas vulneráveis que já sofreram muita violência”, disse Jolie.

A Enviada Especial do Alto Comissário em uma reunião com un grupo de refugiados durante sua visita em Sucumbíos, no norte do Equador.
No domingo, a enviada especial visitou duas comunidades remotas de refugiados, localizadas na região ribeirinhas ao norte de Lago Agrio. Ela também esteve novamente, dois anos depois da sua primeira visita, no povoado de Barranca Bermeja, no rio San Miguel, e se reuniu com membros da associação local de mulheres que recebe o apoio do ACNUR.

Os refugiados falaram sobre a necessidade de melhorar o acesso aos documentos, contando a Jolie que as regras atuais do governo os obrigam a ir a Lago Agrio pessoalmente para renovar a documentação de refugiado. Na ausência de um serviço de transporte coletivo público e estrada em condições adequadas, isso pode custar até um mês de salário - um fardo enorme.

Os refugiados que vivem nas áreas de fronteira receberam seus primeiros documentos oficiais de identificação entre 2008 e 2010, como resultado de um esforço de registro feito pelo governo equatoriano. Essa iniciativa provou-se fundamental para regularizar a situação dos refugiados e ajudá-los a ter acesso a seus direitos. Mas agora eles enfrentam novos desafios para renovar os documentos, já que o governo equatoriano diminuiu o número e as operações das equipes de registro móveis.

Jolie também visitou a comunidade Providência, formada por 24 famílias de refugiados afro-colombianos, há cerca de duas horas de barco de Barranca Bermeja. O assentamento foi criado em 1994 por refugiados colombianos, mas não recebeu nenhuma ajuda externa até 2008, quando o ACNUR passou a atuar na área.

“É extraordinário que essas pessoas se mantiveram sozinhos durante 14 anos”, disse a Enviada Especial. Desde que a comunidade entrou em contato com o ACNUR, os refugiados foram registrados e uma escola primária foi construída no local, mas ainda restam muitos desafios.

“Nós sentimos o isolamento, é realmente difícil”, disse Plínio, líder da comunidade, que também está preocupado com a necessidade de viajar a Lago Agrio para renovar os documentos de refugiado. Providência só pode ser acessada por barco particular. A viagem até a estrada mais próxima demora duas horas.

Apesar das dificuldades em Providência, Jolie achou as pessoas inspiradoras. “Tem esse professor incrível, tão dedicado a seus estudantes que deixou Lago Agrio para viver neste lugar remoto e ensinar os refugiados que, pela primeira vez, têm acesso a educação e a um futuro melhor”, disse.

Jolie disse ser grata a este professor e a muitas outras pessoas que estão assistindo às famílias vulneráveis.  “ Sem encontrar segurança no Equador, provavelmente essas pessoas não estariam vivas”, disse ela. “Ninguém quer ser um refugiado e deixar sua casa. Ninguém quer ter quer viver em terra emprestada, ou implorar por um visto todos os anos sem saber o que será da vida seus filhos ou da própria vida, sem saber se poderá ter um trabalho ou assistência médica”, completou.

Ela ressaltou que é “muito importante que o ACNUR e o governo venham aqui dar assistência. Mas é importante também ajudar as pessoas locais a entender o que os refugiados viveram, ao que eles sobreviveram, quais são suas intenções. E suas intenções são simplesmente estar em segurança e terem uma vida segura e decente para sua família”.

Também no domingo, a Enviada Especial reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores equatoriano Ricardo Patiño e com outros funcionários do governo de alto escalão para discutir, em nome do ACNUR, a situação de proteção dos refugiados no Equador. Ela pediu ao ministro que o governo equatoriano mantenha o histórico de proteção aos refugiados, e que as pessoas vulneráveis tenham acesso a seus direitos no país.

Ela disse que em reconhecimento à contribuição do Equador para a proteção dos refugiados, o ACNUR lançará uma campanha de conscientização com o título “Obrigado Equador” (“Gracias  Ecuador”). Angelina Jolie foi nomeada Enviada Especial do Alto Comissário António Guterres no início deste mês.

Por Ariane Rummery, em Lago Agrio, Equador