Argentina: família reunida após 10 anos de separação

BUENOS AIRES, Argentina, 30 de agosto (ACNUR) - Já faz mais de 10 anos desde que Sané fugiu do Senegal devido à perseguição e faltam poucos minutos para que, finalmente, possa se encontrar com os filhos Demba e Adama, que foram deixadas aos cuidados de seus avós quando fugiram. A espera foi longa. São quase 19h30min do dia 23 de agosto e Sané está esperando na área de desembarque internacional do aeroporto argentino de Ezeiza. Sua mulher Marie, com a pequena Marlene em seus braços, está ao seu lado. Isa e Alí correm próximos ao casal aproveitando a amplitude do espaço. Seus irmãos, os quais não conhecem, estão chegando.

O avião já aterrissou. Sané e sua família seguram um cartaz de boas vindas e também uma carta de agradecimento, escrita para todos aqueles que trabalharam para que esse sonho se tornasse realidade. Uma funcionária do Escritório do ACNUR para o Cone Sul se dirige ao Escritório Nacional de Migrações para receber os menores que pisam pela primeira vez o solo argentino. Ela conhece o caso muito bem. Sua dedicação, juntamente com a de vários funcionários do Ministério de Relações Exteriores da República Argentina, da Direção Nacional de Migrações, da Comissão Nacional de Refugiados (CONARE), da Cruz Vermelha e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), possibilitaram esta tão desejada reunificação familiar.

Demba e Adama não parecem cansados, mesmo depois de viajar de Dakar a Buenos Aires, passando por Madri. Os funcionários de migrações saúdam calorosamente os menores. “Estão com frio?”, pergunta um funcionário, preocupado com as crianças não estarem preparadas para enfrentar o frio portenho. Eles levam uma pequena mala de mão, menor ainda que a pequena Marlene. Somente o necessário. Os procedimentos para a entrada no país são rápidos, ninguém quer adiar o encontro que se aproxima.

Em poucos minutos, a melhor foto da história: o encontro das crianças com seus pais e irmãos, uma cena única e emocionante. Os sete caminham até a saída do aeroporto. Isa e Alí bricam com a mala, fazendo-a rodar como um trenzinho ou uma bola de futebol. A celebração começou. Em casa, mais familiares e amigos os esperam para compartilhar o yassa au Poisson - prato típico de arroz e peixe - “mais nutritivo e barato do que a pizza”, sorri Sané. É hora de voltar para casa, desta vez, todos juntos. Finalmente!

A reunificação familiar é um processo mediante o qual se reestabelece a unidade familiar, principalmente depois que os membros da família se separaram após fugir de alguma perseguição. A reunificação é ainda mais importante quando se busca uma solução duradoura para os refugiados.

Por Ana Lía Conde, em Buenos Aires, Argentina