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Assessoria de Empreendedorismo qualifica mulheres venezuelanas para desenvolverem seus próprios negócios

Comunicados à imprensa

Assessoria de Empreendedorismo qualifica mulheres venezuelanas para desenvolverem seus próprios negócios

18 Dezembro 2018
Maria apresenta seu projeto empreendedor “Dulce Chepina”, para vender pudim nas ruas de Manaus. © ACNUR/Emerson Castro Araújo Ferreira

Manaus, 18 de dezembro de 2018 – Quatro mulheres refugiadas e solicitantes de refúgio da Venezuela tiveram a oportunidade de apresentar, na quinta-feira (06/12), projetos de empreendedorismo gastronômico que marcam o recomeço de suas vidas no Brasil. O evento simbolizou o encerramento da primeira etapa da assessoria de empreendedorismo, conduzida pelo Consulado da Mulher, ação social da empresa Consul, em parceria com a Agência da ONU para Refugiados, que promoveu treinamentos e oficinas de aprimoramento de negócios para mulheres em situação de vulnerabilidade.

Com o objetivo principal de fornecer orientações e consultorias para que cada empreendedora possa criar e gerir sua renda de forma independente e autônoma, as mulheres participaram de diversas atividades ao longo do segundo semestre de 2018. Durante o período de quatro meses, os encontros contaram com aulas de língua portuguesa, oficinas de empreendedorismo e assessoria individual.

Clarissa*, Juliana, Josi e Maria são mulheres venezuelanas que chegaram em Manaus em diferentes momentos de suas vidas e trabalhavam em outras profissões na Venezuela, mas hoje compartilham um objetivo em comum: reconstruir suas vidas no Brasil por meio do comércio e da culinária. Como marco da conclusão do curso de empreendedorismo, elas puderam expor suas visões estratégica e os objetivos que visam alcançar em sua vida profissional.

Clarissa que chegou em Manaus em abril deste ano, desenvolve o empreendimento “Cozinha e confeitaria da Clari", no qual aponta que sua missão é oferecer comidas e doces saborosos sempre com um sorriso no rosto. Juliana, idealizadora do projeto “Banjuc”, também aposta na conquista de clientes por meio do carisma e dos excelentes sabores dos seus bolos de pote. Sheila, já conhecida pelas empanadas da rua Quintino Bocaiuva, diz querer oferecer um produto de qualidade e com preço acessível.

"Na Venezuela, eu era cabeleireira e manicure. Aqui (no Brasil) eu não tinha nenhum tipo de renda, então peguei os ingredientes que tinha em casa (farinha e frango) e comecei a fazer empanadas. Hoje faço muitas empanadas, de acordo com os sabores que os clientes mais gostam. E não pode faltar maionese!”, afirma ela, entre risos. “Meu projeto se chama 'Empanadas El Poder de Dios'. Quero poder vender empanadas e montar uma tenda em frente de uma escola", relatou Sheila durante sua apresentação.

A banca avaliadora, composta por Josimar Lucas do Nascimento, Assistente de Soluções Duradouras do ACNUR e por Dina Luz Carmona Bossa da Caritas Arquidiocesana Manaus, assistiu à apresentação e aproveitou a ocasião para apontar sugestões e feedbacks sobre como melhorar a implementação dos negócios. O intuito, no entanto, não foi julgar ou selecionar quais propostas seriam premiadas pelo programa, mas sim colaborar para o empoderamento pessoal e profissional das mulheres.

“A importância do projeto não está em avaliar propriamente as iniciativas e sim em colaborar para que o empreendimento aconteça de fato, buscando estratégicas de apoio e de mobilização local. Estávamos lá para ouvir, apoiar, incentivar e reconhecer a caminhada de cada refugiada para alcançar seus objetivos”, afirmou Lucas.

A iniciativa foi idealizada em agosto deste ano, quando o ACNUR e o Consulado da Mulher abriram um “braço” do projeto já em andamento ao criar uma turma específica para o atendimento de refugiadas e solicitantes de refúgio. Para o Consulado da Mulher, o projeto se revelou de suma importância.

“O Consulado da Mulher reconhece a importância de capacitar profissionalmente mulheres que encontram na culinária a sua renda familiar, e isso independe de sua nacionalidade. As questões migratórias e de refúgio são um problema mundial e incentivar o empreendedorismo é um ponto essencial para a inserção social destas pessoas”, disse Leda Böger, diretora executiva do Instituto.

O programa foi uma oportunidade para as mulheres que já possuem experiência na produção de alimentos melhorarem seus serviços e incrementarem seus ganhos mensais. As habilidades culinárias e o desafio de alcançar oportunidades formais de trabalho, motivam às mulheres a buscar novas oportunidades. Maria, uma das beneficiadas pelo programa, relembrou como sua vida profissional mudou desde que chegou ao Brasil:

"Eu trabalhava na Venezuela como professora. Quando cheguei no Brasil, precisava de renda, então comecei a trabalhar na venda de comida. Realizei alguns cursos de alimentação pelo projeto Oportunizar da CENTEC e ACNUR e hoje não me vejo mais como professora ", contou a idealizadora do “Dulces Chepina”, que vende pudim nas ruas de Manaus.

Para Maria, assim como para as outras participantes, a iniciativa é importante para reconhecer a força e o valor do trabalho da mulher que atravessa fronteiras em busca de recomeços. O deslocamento significa muitas vezes mudanças e rompimentos, mas a integração em novas sociedades pode gerar descobertas antes impensáveis.

No final do evento, as mulheres também receberam cestas com produtos doados pelos parceiros do Consulado da Mulher e foram premiadas com dinheiro para a compra de utensílios a serem utilizados para aprimoramento dos seus negócios.

Para continuar beneficiando mulheres, o Consulado da Mulher e o ACNUR preveem ações futuras, como o acompanhamento das empreendedoras já beneficiadas e a absorção de novas interessadas.

As empreendedoras receberam cestas com produtos doados pelos parceiros do Consulado da Mulher e foram premiadas com dinheiro para compra de utensílios para o aprimoramento dos seus negócios. ©ACNUR/Emerson Castro Araújo Ferreira

Sobre o Consulado da Mulher – O Consulado da Mulher é a ação social da Consul, que desde 2002 empodera as Mulheres brasileiras para transformar sonhos em realidade. O Consulado da Mulher trabalha na transformação social por meio do incentivo ao empreendedorismo para Mulheres, selecionando e prestando assessoria na gestão de micro negócios com o objetivo de qualificar e passar confiança para que essas mulheres se tornem empreendedoras ou ampliem seus negócios, adquirindo autonomia financeira.

Histórico – O ACNUR estima em 3 milhões o número de venezuelanos vivendo fora do país devido a uma complexa situação política e socioeconômica. Cerca de 80% deles estão nos países da América Latina e do Caribe.

São várias as razões que levam estas pessoas a deixar seu país, entre elas a insegurança e a violência, redução na renda e dificuldade em obter comida, remédios e serviços essenciais.

De acordo com dados mais recentes das autoridades brasileiras, aproximadamente 200 mil venezuelanos entraram no país desde 2017, sendo que cerca de 98 mil permanecem no país. Atualmente, existem 77 mil pedidos de refúgio feitos por venezuelanos no Brasil.

Em Manaus, já são mais de 8.800 solicitações feitas por venezuelanos desde 2017 – até agosto deste ano. Cerca de 600 pessoas estão acolhidas em abrigos da cidade. Atualmente, a Prefeitura mantém três casas de acolhimento localizadas nos bairros Coroado, Alfredo Nascimento e Centro. A Caritas Arquidiocesana de Manaus também administra outros abrigos.

Em setembro de 2018, a Prefeitura de Manaus recebeu mais 180 venezuelanos não-indígenas por meio da estratégia de interiorização do Governo Federal, que estão sendo atendidos com alimentação, produtos de higiene, limpeza, atendimento de equipe técnica (assistente social, psicólogo, sociólogo, saúde, educação).

 

*Todos os nomes foram alterados por questões de proteção.

Pontos de venda:

Sheila vende empanadas na rua Quintino Bocaiuva na cidade de Manaus, seu empreendimento também é conhecido como “Empanadas El Poder de Dios”.

Clarissa vende cascalhos na cidade de Manaus, seu empreendimento também é conhecido como "Cozinha e confeitaria da Clari".

Juliana vende bolo de pote na cidade de Manaus, seu empreendimento também é conhecido como "Banjuc”.

Maria vende pudim na frente de sua residência na cidade de Manaus, seu empreendimento também é conhecido como "Dulces chepina”.