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Astro de novelas Laport conscientiza a América Latina sobre o ACNUR

Comunicados à imprensa

Astro de novelas Laport conscientiza a América Latina sobre o ACNUR

Astro de novelas Laport conscientiza a América Latina sobre o ACNURDesde que se tornou um embaixador da Boa Vontade do ACNUR, em 2006, o popular ator uruguaio Osvaldo Laport tem promovido, incansavelmente, a conscientização sobre a agência para refugiados, o trabalho que realiza e as pessoas que ajuda.
31 Julho 2009

BUENOS AIRES, Argentina, 31 de julho (ACNUR) – Desde que se tornou um embaixador da Boa Vontade do ACNUR, em 2006, o popular ator uruguaio Osvaldo Laport tem promovido, incansavelmente, a conscientização sobre a agência para refugiados, o trabalho que realiza e as pessoas que ajuda. Laport tem ajudado a construir o perfil do ACNUR no mundo de língua espanhola, particularmente em seu país adotivo, a Argentina, e no restante da América Latina, onde milhões de pessoas acompanham as telenovelas que o tornaram famoso. No início desse ano, ele fez sua primeira excursão fora da América Latina como um Embaixador da Boa Vontade do ACNUR, e visitou a turbulenta província de North Kivu, na República Democrática do Congo (RDC). Apesar da assinatura de um acordo de paz entre o governo da RDC e os grupos rivais em 2003, a violência esporádica continua a agitar North Kivu, onde o ACNUR ajuda as muitas centenas de milhares de deslocados internos. Recentemente, Laport falou à responvael de Informação Pública do ACNUR para o sul de América Latina, Carolina Podestá, sobre seu trabalho para a agência e sua viagem para North Kivu. Trechos da entrevista:

Como você se envolveu com o ACNUR e a causa dos refugiados?

Há algum tempo eu procurava uma causa para doar uma porcentagem das receitas de uma nova fragrância que levava o meu nome. Alguns amigos sugeriram o ACNUR, em 2004. Comecei a descobrir mais e mais sobre a agência e seu trabalho até chegar a um ponto em que decidi me envolver. Uma das coisas que mais me tocou foi que as pessoas sob proteção do ACNUR, em sua maioria, são mulheres e crianças.   

O que foi maravilhoso é que na época em que fui nomeado Embaixador da Boa Vontade pelo ACNUR, minha fragrância estava sendo vendida com o nome “Um Tempo para a Paz”. Foi uma boa coincidência, pois um dos principais objetivos do ACNUR é a busca da paz, para que as pessoas que fugiram de seus países possam voltar um dia.

Acho que lá no fundo todas as pessoas do mundo realmente querem conseguir alcançar as outras, abraçá-las e fazê-las sorrir. Infelizmente, existem muitos homens, mulheres e crianças que continuam esperando.

Você visitou o leste do Congo em junho. Como estava a situação por lá?

Eu não conseguiria resumir a situação humanitária. O que descobri foi que a capacidade humana para causar a dor é sem fim e, em cada campo que visitei, senti vergonha como ser humano ouvindo todas aquelas histórias... (de) uma comunidade de pigmeus, deslocados congoleses, refugiados ruandeses e angolanos, crianças-soldado, mulheres vítimas de abusos... É como um pesadelo do qual me parece difícil acordar.

O que você aprendeu com essa experiência?

Eu ainda estou avaliando o que essa primeira missão de campo me ensinou. No começo, foi aceitar uma idéia, um lugar remoto e desconhecido. Hoje, quase um mês desde o meu retorno e da volta à minha família, ainda estou lutando para lidar com as emoções com as quais desperto quase todas as manhãs – as imagens e a tristeza.

Quando cheguei à RDC eu era um musungu (homem branco, em swahili), mas quando parti me sentia como um rafiki (amigo), agradecido por todo carinho que recebi e por tantas portas abertas para mim por pessoas que perderam tudo. Eu me vi em um país maravilhoso onde as crianças sorriem porque ainda acreditam em nós, os adultos. E essa é uma grande responsabilidade.

Como um Embaixador da Boa Vontade do ACNUR, essa experiência me ajudou a compreender que não existem soluções imediatas para a dimensão desta tragédia humanitária, ou outras como esta. Acho que devemos trabalhar para desenvolver o espírito de colaboração nas pessoas para que atravesse fronteiras e ajude a aliviar o peso da dor que os refugiados têm de carregar.

Houve alguma coisa que o deixou atordoado e sem fala?

Sim, a degradação, a discriminação e a mutilação de mulheres. As terríveis realidades dos incontáveis casos de violações que ocorrem todos os meses na República Democrática do Congo me fazem sentir vergonha do meu sexo. Eu não consigo parar de pedir perdão. Houve muitas outras coisas também, mas as emoções difíceis que senti ao falar com as mulheres ficarão em mim para sempre.

O que você vê como o principal desafio humanitário na RDC?

É difícil saber por onde começar. É vital que os filhos dos deslocados internos possam freqüentar a escola e que algo seja feito com relação à violência baseada no gênero. Por um lado, é necessário haver punição para esses crimes, e por outro, uma vasta equipe de especialistas e profissionais para ajudar as vítimas psicologicamente.

Mais e mais pessoas buscam asilo na América Latina. Por que acha que isso está acontecendo?

Do início do século 20 até hoje, nossos países têm historicamente abrigado vítimas de crises humanitárias, incluindo as duas guerras mundiais. Antes, a maioria dos refugiados que chegavam aos países do sul, vinham da Europa; mais recentemente, chegavam aqueles de outras partes da América Latina que tinham sido forçados a buscar asilo. Hoje em dia, graças à globalização e a abertura dos povos latino-americanos, pessoas de diferentes continentes têm novamente escolhido essa parte do mundo para reconstruírem suas vidas em paz.

Por Carolina Podestá em Buenos Aires, Argentina