Atleta refugiado supera seus limites nas piscinas da Rio 2016, mas fica de fora das finais dos 100 metros livre
Atleta refugiado supera seus limites nas piscinas da Rio 2016, mas fica de fora das finais dos 100 metros livre
Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2016 (ACNUR) – Em sua estreia nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o nadador sírio integrante da Equipe Olímpica de Atletas Refugiados, Ramis Anis, conseguiu reduzir o seu tempo nas eliminatórias dos 100 metros livre. Mas superar seus limities não foi suficiente para levá-lo às semifinais da competição – pois ficou em 56º lugar no ranking geral, com o tempo de 54 minutos e 25 segundos. Entretanto, Rami volta às piscinas da Rio 2016 nesta quinta-feira, na disputa dos 100 metros borboleta.
“Que sentimento maravilhoso, parecia um sonho. Não quero acordar. Só de ficar na sala de espera do Parque Aquático foi fantástico”, afirmou Rami após competir no Estádio Aquático Olímpico. “A disputa de hoje não é minha especialidade. Na verdade, foi uma preparação para minha segunda participação na Rio 2016, ainda nesta semana”, completou o nadador sírio, que é refugiado na Bélgica.
Rami é um dos 10 integrantes da Equipe Olímpica de Atletas Refugiados, a primeira deste tipo na história das Olimpíadas. Os atletas não representam seus países de origem ou de refúgio – mas competem sob a bandeira dos Jogos Olímpicos, com os famosos cinco aneis interligados.
A criação da equipe e a participação dos atletas refugiados nos Jogos Rio 2016 é uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional, que tem o apoio da Agência da ONU para Refugiados. Há cerca de dois anos, o COI solicitou ao ACNUR que identificasse refugiados com capacidades esportivas. Cerca de 50 nomes foram selecionados e repassados ao COI, que trabalhou com os comitês e federações nacionais na seleção e qualificação dos atletas.
Em outubro de 2015, o presidente do COI, Thomas Bach, anunciou na Assembleia Geral da ONU que refugiados participariam das Jogos Rio 2016, e a equipe foi efetivamente anunciada em junho deste ano.
“Não representar meu país é uma sensação estranha, mas infelizmente a guerra na Síria me impediu de competir em nome do meu país. Espero que nos Jogos de Tóquio 2020, esta guerra já tenha terminado e esteja de volta ao meu país, para competir sob sua bandeira. Nada é mais precioso que nossa terra natal”, afirmou Rami.
O jovem refugiado sírio, de 25 anos, deixou a Síria há cerca de cinco anos pois se recusava a participar da guerra que devasta seu país. Ele e a família se refugiaram na Turquia, e de lá foram para a Bélgica – onde chegaram em outubro do ano passado. Desde então, ele tem treinado no Royal Ghent Swimming Club, sob os cuidados da ex-nadadora olímpica Carine Verbauwen.
Rami promete mais emoções nesta quinta-feira, quando volta às piscinas da Rio 2016. “Os 100 metros borboleta são minha especialidade. Espero fazer o melhor possível”, afirmou.
Os atletas refugiados, suas respectivas nacionalidades e países de refúgio, e modalidades esportivas, são:
• Ramis Anis, da Síria (Natação, 100 metros borboleta e livre – masculino); vive na Bélgica;
• Yiech Pur Biel, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – masculino); vive no Quênia;
• James Nyang Chiengjiek, do Sudão do Sul (Atletismo, 400 metros – masculino); vive no Quênia;
• Yonas Kinde, da Etiópia (Atletismo, maratona – masculino); vive em Luxemburgo;
• Anjelina Nada Lohalith, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – feminino); vive no Quênia;
• Rose Nathike Lokonyen, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – feminino); vive no Quênia;
• Paulo Amotun Lokoro, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – masculino); vive no Quênia;
• Yolande Mabika, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – feminino); vive no Brasil;
• Yusra Mardini, da Síria (Natação, 100 metros livres e borboleta – feminino); vive na Alemanha;
• Popole Misenga, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – masculino); vive no Brasil;
Para apoiar os refugiados com apenas um clique, visite www.ComOsRefugiados.org
Por Luiz Fernando Godinho e Miguel Pachioni, do Rio de Janeiro