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Atletas refugiados devem “superar seus limites”, afirma presidente honorário do Comitê Olímpico Internacional

Comunicados à imprensa

Atletas refugiados devem “superar seus limites”, afirma presidente honorário do Comitê Olímpico Internacional

Atletas refugiados devem “superar seus limites”, afirma presidente honorário do Comitê Olímpico InternacionalPara Jacques Rogge, atletas “têm o destino em suas mãos e devem ser tratados como “cidadãos comuns”.
5 Agosto 2016

Rio de Janeiro, 05 de agosto de 2016 (ACNUR) – Os dez atletas que  participam da inédita e histórica Equipe Olímpica de Refugiados devem superar seus próprios limites, e não preocupar em ganhar medalhas. A participação da equipe nas Olimpíadas do Rio passará a mensagem de que “os refugiados são cidadãos comuns que devem ser tratados como tal”.

Esta é a opinião do presidente honorário do Comitê Olímpico Internacional e Enviando Especial do Secretário Geral da ONU para Refugiados Jovens e Esportes, o belga Jacques Rogge. Ele está no Brasil para acompanhar os Jogos do Rio e conversou com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) sobre a equipe, uma iniciativa do COI que está atraindo as atenções de todo o mundo.

“Por meio do esporte, mostraremos que os refugiados podem ter muita dignidade”, diz Rogge, que já visitou campos de refugiados na Etiópia e na Jordânia – e também assentamentos de deslocados internos na Colômbia. “Todos os jovens que encontrei são fãs de esporte”, atesta Rogge,  médico ortopedista que, como iatista, competiu nas Olimpíadas do México (1968), Munique (1972) e Montreal (1976).

Ele diz que o esporte não resolve todos os problemas do mundo, mas “cria uma atmosfera de paz e respeito mútuo”, contribuindo para que pessoas diferentes possam “viver juntas, de forma pacífica e amigável”. Ele espera que o COI e o ACNUR continuem atuando para formar novas equipes de atletas refugiados.

A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao ACNUR:

Como os integrantes da Equipe Olímpica de Atletas Refugiados estão se sentindo, alguns dias após a chegada no Rio de Janeiro?

Jacques Rogge - Eles estão tendo o momento de suas vidas. Estes são dias que nunca vão esquecer. Trata-se de um novo mundo, um mundo seguro e no qual eles são as estrelas. Na cerimônia de abertura, todos estarão esperando pela equipe. Eles têm seu destino em suas mãos, e isso é fantástico para os refugiados.

Recentemente, o sr. visitou campos dos refugiados e assentamentos de deslocados internos. Como se sente agora, com a Equipe de Atletas Refugiados aqui no Rio?

Jacques Rogge - O fenômeno dos refugiados é uma mancha na reputação da sociedade. Eles são pessoas jovens  em sua maioria, e têm o direito de serem considerados como cidadãos normais. A chance de competir nos Jogos do Rio é algo fantástico .

O sr. vê algo em comum entre os jovens refugiados que encontrou durante as suas visitas?

O nadador sírio Rami Anis dançando com seus parceiros de time na cerimônia oficial de bem-vinda na Vila Olímpica. © ACNUR/Benjamin Loyseau

Jacques Rogge - Eles são fãs de esportes. Nas missões que fiz com o ACNUR, há sempre um jogo de futebol ou de basquete. Eles têm uma paixão por esportes, é o sonho deles. E é nosso dever introduzir esportes em campos de refugiados, construir infra-estrutura, e oferecer programas de educação e formação. E isso representa muito para o bem-estar dos atletas .

O que esperar da Equipe de Atletas Refugiados? E do público que acompanhará as Olimpíadas?

Jacques Rogge - Da equipe, espero que atinjam seus próprios limites. Não pedimos que eles conquistem medalhas de ouro, mas pedimos que atinjam seu limite e tentem se superar. O público vai adorar o desempenho dos refugiados. Eles vão se tornar uma equipe muito popular. Não ficaria surpreso se – com a exceção do Brasil, que é equipe anfitriã - a equipe dos atletas refugiados seja a mais aplaudida e aclamada.

Qual será a mensagem mais forte a ser passada pela Equipe Olímpica de Atletas Refugiados nos Jogos Rio 2016?

Jacques Rogge - Os refugiados devem ser considerados como cidadãos normais, tratados como tal e devem ter os mesmos direitos . Esta é uma mensagem muito importante. Podemos ver que através do esporte, os refugiados podem ganhar muita dignidade.

Essa iniciativa vai continuar?

Jacques Rogge - Junto com o ACNUR, continuarei visitando campos de refugiados e avaliando as possibilidades de atividades esportivas, com os investimentos necessários. Há uma relação muito forte entre o COI e o ACNUR - há mais de 20 anos , em 46 países. Em relação à equipe, vamos recrutar uma geração mais jovem depois desta, e  apoiar continuamente os refugiados.

Poderia mencionar alguns resultados que espera para o futuro em relação a jovens refugiados e esportes?

Jacques Rogge - Primeiramente, que os jovens atletas tenham a possibilidade de praticar esportes. Em segundo lugar, que haja igualdade de gênero, assegurando que garotas jovens tenham a possibilidade de praticar atividades esportivas.

Que papel efetivo o esporte tem para acabar com os conflitos e promover a paz?

Jacques Rogge - Acho que o esporte não pode fazer tudo no mundo. Mas o esporte definitivamente pode criar uma atmosfera de paz e respeito mútuo. Então, as pessoas provenientes de diferentes grupos étnicos, regiões, línguas e culturas podem viver juntos, de forma pacífica e amigável.

Por Luiz Fernando Godinho, do Rio de Janeiro.