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Avanços militares na Nigéria constatam vastas necessidades humanitárias

Comunicados à imprensa

Avanços militares na Nigéria constatam vastas necessidades humanitárias

Avanços militares na Nigéria constatam vastas necessidades humanitáriasGanhos contra o grupo Boko Haram expõem níveis catastróficos de sofrimento para centenas de milhares de pessoas, muitas sem alcance de ajuda humanitária durante meses ou anos.
19 Agosto 2016

Genebra, 19 de agosto de 2016 (ACNUR) –  Ganhos obtidos por uma campanha militar contra o grupo Boko Haram, no nordeste da Nigéria, têm exposto nas últimas semanas níveis catastróficos de sofrimento entre a população da região, muitos dos quais estão fora do alcance da ajuda humanitária durante meses ou anos, advertiu hoje a Agênia da ONU para Refugiados (ACNUR).

O avanço promovido pelas forças do governo nigeriano em cooperação com a Força Multi-National “Joint Task” reconquistou territórios antes conquistados pelos militares, cuja insurgência deslocou mais de 1,8 milhões de pessoas na Nigéria desde 2009.

"Atualmente, e com a campanha militar ainda em andamento, a situação está mudando e permanece perigosa e volátil", disse hoje o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, em uma entrevista coletiva em Genebra.

"Tem havido frequentes incidentes e ações executadas por militantes, incluindo atentados suicidas, ataques contra civis , incêndio de casas e roubo de gado", acrescentou o porta-voz.

Edwards disse que um comboio da ONU foi atacado com um dispositivo explosivo improvisado e com tiros no dia 27 de julho, resultando em três trabalhadores humanitários feridos, bem como membros da escolta militar. Ele ressaltou que "o nível de perigo e dificuldade em entregar ajuda para salvar vidas é elevado – assim como, por consequência, são os custos".

Enquanto muitas áreas ainda estão fora do alcance dos trabalhadores humanitários, Edwards disse que nos Estados de Borno e de Yobe, a imagem do sofrimento é "chocante".

"Há numerosos relatos de violações dos direitos humanos, incluindo mortes, violência sexual, desaparecimentos, recrutamento forçado, conversões religiosas forçadas e ataques a instalações civis".

Cerca de 800.000 deslocados internos adicionais foram identificados como necessitantes de ajuda. Grave desnutrição em larga escala está sendo relatada e as necessidades estão crescendo a cada dia. No Estado de Borno 51.474 pessoas estão na lista de criticamente vulnerável do ACNUR, sendo 21.912 crianças - mais de três quartos dos quais perderam um ou ambos os pais.

Uma complicação adicional de deslocamento forçado surgiu do efeito decorrente da atividade militar e devido a uma maior propagação de insegurança no norte e oeste através das fronteiras e em partes de Camarões, Chade e Níger. Os ataques violentos contra militares na cidade Bosso, Diffa, no dia 3 de junho, resultou no pior deslocamento registrado desde o início da crise em 2013.

Nesse contexto, cerca de 106.000 refugiados nigerianos têm sido pressionados para se manterem nos Estados de Borno, Adamawa e Yobe, tornando-se novos deslocados internos, com necessidade de recepção, registo e ajudas de proteção, além de abrigo, apoio psicossocial e assistência material.

 

Uma mulher nigeriana deslocada interna se senta com seu neto no campo de Fufore, próximo de Yola, na Nigéria, em maio de 2016. © ACNUR / George Osodi.

Edwards disse que o ACNUR está respondendo ao intensificar suas operações. O foco imediato está nas necessidades de cerca de 488.000 pessoas altamente vulneráveis, ??em estado crítico, e agora concentradas em dez áreas recém-libertadas pelo governo local no estado de Borno, além das necessidades dos refugiados retornados.

Equipes do ACNUR, em conjunto com outras agências da ONU, do governo e de ONGs nigerianas parceiras aproveitaram a abertura de um corredor estreito para coordenar as necessidades rápidas e uma avaliação conjuntos de proteção em Damboa, Dikwa e várias outras áreas entre maio e junho.

Mais recentemente, o ACNUR tem sido capaz de avaliar as necessidades humanitárias em Bama - a maior cidade de Borno, depois da capital Maiduguri - com uma população pré-insurgência de 350.000. Não há serviços de administração ou policiais civis nessas áreas, embora tenha havido pequenas e graduais mudanças desde o rescaldo do ataque realizado contra o comboio da ONU.

"A maioria dos habitantes fugiram, casas e infra-estrutura estão comprometidas e, entretanto, as operações de contra-insurgência continuam" disse Edwards aos jornalistas.

"Muitos dos deslocados são mulheres, crianças, idosos e outras pessoas com necessidades urgentes. Vimos adultos tão exausto que eles são incapazes de se mover, e as crianças com rostos inchados e olhos vazios e outros indícios claros de desnutrição aguda", acrescentou.

Edwards disse que muitos também mostram sinais de trauma grave. As pessoas queixam-se da falta de comida e água, pois a escassez de óleo diesel na área significa dificuldade para o bombeamento de água dos poços. Novas pessoas deslocadas chegam diariamente.

Para além destas áreas, o acesso em outras regiões continua a ser impossível sem escolta militar, e quando aconcete, se dá por períodos de apenas algumas horas. Há necessidade urgente de veículos blindados e escoltas militares, proporcionando segurança e proteção para o ACNUR e parceiros humanitários para serem capazes de atingir de forma mais eficaz as populações vulneráveis.

Um certo número de campos satélites destinados aos deslocados internos, que atualmente estão sendo gerenciados por militares ou grupos de segurança locais, estão abaixo do padrão e precisam estar sob a gestão dos agentes humanitários com a experiência adequada para ajudar a garantir o carácter civil destas áreas.

Desde que a insurgência no nordeste da Nigéria começou, há sete anos, transformou-se em uma grande crise regional confrontando Nigéria e seus três vizinhos da bacia do lago Chade - Chade, Camarões e Níger.

A insegurança tem forçado mais de 187.000 nigerianos a atravessarem a fronteira, mas incursões do Boko Haram nos países vizinhos também têm gerado um número crescente de deslocados internos. Há 157.000 pessoas deslocadas internas em Camarões, 74.800 no Chade e mais de 127.000 no Níger.

De acordo com os dados mais recente, existem 2.066.783 pessoas deslocadas dentro da Nigéria.