Campanha publicitária do ACNUR ganha prestigiado prêmio Clio
Campanha publicitária do ACNUR ganha prestigiado prêmio Clio
BUENOS AIRES, Argentina, 01 de Junho (ACNUR) – Uma criativa e engenhosa campanha do ACNUR para jornais e revistas recebeu um dos mais importantes prêmios da indústria publicitária.
Batizada ironicamente com o nome de “Problemas”, a campanha foi desenvolvida gratuitamente escritório argentino da agência global Young & Rubicam e publicada em vários jornais e revistas da Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Até o momento, recebeu vários prêmios internacionais dentro do circuito publicitário. Na semana passada, em Nova York, a campanha foi premiada com um Clio – um dos prêmios mais prestigiosos da indústria – na categoria Melhor Gráfica. Também foi selecionado como finalista – e ainda em competição – na categoria Bem Público do reconhecido Festival Internacional de Cannes.
A campanha se constitui de três peças com imagens quase apocalípticas que são finalizadas com uma mensagem não menos contundente: “Os refugiados querem ter os mesmos problemas que você”.
Em uma delas, uma mulher se encontra em uma passagem desértica e descobre, assombrada, que uma meia vermelha manchou o resto da roupa que está lavando. Outra peça mostra um jovem assustado porque sua mãe o encontra fumando um cigarro em um banheiro, que por sua vez está parcialmente destruído. A terceira imagem mostra um homem irritado porque começa chover no momento em que limpa seu carro, numa cidade em ruínas.
O diretor criativo da campanha, Hernán Damilano, explica que ao fazer uma campanha para o ACNUR na América Latina, freqüentemente se enfrenta com o inconveniente de que a problemática dos refugiados está distante da vida cotidiana das pessoas às quais se dirige.
Damiliano admite que, às vezes, tenta-se minimizar essa distância mostrando imagens fortes para sensibilizar o público. “Em minha opinião, isso só faz aumentar o problema: quanto maior seja o contraste, maior a distância que sentimos frente às peças. Sabemos que existem pessoas que passam por sofrimentos inimagináveis e, precisamente por isso, não conseguimos imaginar a dimensão do problema e o sentimos como algo totalmente alheio”.
Por isso, a campanha tenta justamente aproximar os problemas quotidianos das pessoas e as problemáticas dos refugiados. As três peças desenvolvidas mostram problemas reais de pessoas comuns, mas que resultam absurdos no contexto no qual os refugiados vivem.
Uma das modelos da campanha é Marie, uma refugiada senegalesa que chegou à Argentina há sete anos, seguindo os passos do seu marido Sane. Em Buenos Aires nasceram seus três filhos pequenos, que são cidadãos argentinos.
Quase um ano mais tarde, Maire guarda alguns exemplares de revistas com sua foto em uma caixa em seu quarto, admitindo que não compartilhou as publicações com ninguém. Apesar de que sua foto foi feita em um estúdio de Buenos Aires e o fundo tenha sido retocado de forma gráfica, Marie diz que se surpreendeu ao ver que o cenário recriado às suas costas porque se aprecia bastante à sua casa em Casamance, uma região ao sul do Senegal que continua sofrendo enfrentamentos esporádicos entre separatistas e tropas do Governo.
“Se bem temos mais árvores em Casamance, tem algo nessa foto que é muito parecido ao lugar onde cresci e onde agora não estou”. E logo sorri com um pouco de tristeza e diz: C’est la vie.
Carolina Podestá, em Buenos Aires, Argentina