Centenas de pessoas fogem de ataques na região do Lago Chade na Nigéria

NIAMEY, Níger, 12 de março (ACNUR) – A agência de refugiados da ONU disse que está cada vez mais alerta com o impacto humanitário da violência continuada na região nordeste da Nigéria e enfatizou a importância da proteção dos civis.

Refugiados recém-chegados foram entrevistados pela equipe do ACNUR no Níger e reportaram atrocidades nas ilhas e na costa do Lago Chade, no nordeste do estado de Borno na Nigéria.

"Uma mulher descreveu corpos espalhados por casas e boiando dentro da água. Ela disse que pessoas temem ficar até para enterrar seus mortos ou parentes desaparecidos. Outros relataram terem fugido de um tiroteio numa aldeia e disseram que mulheres e crianças estavam sendo sequestradas e levadas por agressores não identificados", disse o porta-voz do ACNUR Adrian Edwards aos jornalistas na terça-feira em Genebra.

Segundo relatos, os últimos ataques teriam começado no meio de fevereiro e continuavam há cinco dias, Edwards afirmou. "Ao todo cerca de 2.000 pessoas cruzaram para a região de Diffa no sudeste do Níger nas últimas quatro semanas segundo nosso parceiro, o Comitê Internacional de Resgate", ele acrescentou. Além dos ataques no Lago de Chade, alguns dos recém-chegados vieram de regiões em conflito perto da capital do estado de Borno, Maiduguri.

"O ACNUR reitera todas as partes envolvidas no conflito no nordeste da Nigéria a importância fundamental da proteção dos civis prejudicados," enfatizou Edwards. A revolta nos três estados no nordeste da Nigéria (Yobe, Adamawa e Borno) tem deslocado mais de 470.000 pessoas dentro do país. Refugiados estão chegando aos países vizinhos de Camarões, Chade e Níger.

Desde que a Nigéria declarou estado de emergência em três estados em maio de 2013, mais de 57.000 pessoas fugiram para Camarões, Chade e Níger. Cerca de 17.000 destas pessoas são refugiados registrados nigerianos. Os outros são cidadãos de países vizinhos que tem morado na Nigéria por décadas.

O Níger recebeu a maioria dos refugiados - cerca de 40.000 estão concentrados na região de Diffa, um deserto no extremo leste do país.