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Cerca 9 mil deixam a República Centro-Africana para Camarões para escapar da violência

Comunicados à imprensa

Cerca 9 mil deixam a República Centro-Africana para Camarões para escapar da violência

Cerca 9 mil deixam a República Centro-Africana para Camarões para escapar da violênciaEnquanto milhares de deslocados estão vivendo no aeroporto de Bangui, os recém-chegados no leste de Camarões disseram ter deixado a capital da RCA por causa dos novos embates.
7 Fevereiro 2014

GENEBRA, 7 de fevereiro de 2014 (ACNUR) – Enquanto milhares de deslocados internos estão vivendo no aeroporto de Bangui, capital da República Centro-Africana, muitos dos recém-chegados no leste de Camarões disseram ter deixado Bangui por causa dos novos embates.

Segundo a porta-voz do ACNUR, Fatoumata Lejeune-Kaba, durante esse período 8.762 pessoas de várias nacionalidades atravessaram a fronteira para a cidade de Kentzou, no leste de Camarões - a maioria de origem centro-africana (4.764), mas também nacionais do Chade (3.424), de Camarões (1.497), da Nigéria (43) e do Mali (10). O novo fluxo eleva o número de refugiados centro-africanos em Camarões para mais de 20 mil pessoas desde que a crise na RCA começou.

“Os recém-chegados disseram aos funcionários do ACNUR que fugiram por causa dos confrontos entre os ex-Seleka e os milicianos anti-Balaka na capital, Bangui, e em outras cidades do noroeste do país, como Bour, Baboua, Beloko e Cantonnier. Alguns deles também fugiram do intenso combate nas áreas de Berberati, Carnot, Baoro e Gambala. Outros fugiram temendo o avanço dos milicianos anti-Balaka em direção a suas áreas”, afirmou Lejeune-Kaba.

Os centro-africanos registrados pelo ACNUR como refugiados são, em sua maioria, mulheres e crianças. Entre eles, estão 43 mulheres grávidas e 89 pessoas com algum tipo de deficiência e que precisam de atenção especial. “A maioria deles é muçulmana e afirma temer por sua segurança em virtude de sua identificação com o grupo Seleka, de maioria muçulmana”, acrescentou Lejeune-Kaba.

As condições de vida dos recém-chegados são precárias: são hospedados por famílias locais pobres, vivem em mesquitas, estádios ou nas ruas. O ACNUR está terminando a construção de um campo nas proximidades e planeja transferir os refugiados para lá até o final da próxima semana.

Lejeune-Kaba afirmou que o ACNUR também solicitou a várias embaixadas que cuidem de seus cidadãos. Antes da crise atual, Camarões hospedou 92 mil refugiados da República Centro-Africana, que começaram a chegar em 2004 para escapar de grupos rebeldes que atuavam no norte do país.

As pessoas que fogem da recente violência intercomunitária na RCA também estão indo para a República Democrática do Congo (RDC). Desde o início deste mês, a RDC recebeu mais de 1.500 refugiados, e outros estão chegando diariamente. Eles vêm de áreas ainda sob o controle dos Selekas que, segundo eles, está cometendo abuso contra civis.

Considerando os últimos dados, já são mais de 60 mil centro-africanos que buscaram refúgio na RDC, devido às atrocidades cometidas pelos Seleka no início do conflito e, mais recentemente, aos confrontos recorrentes, assim como aos ataques indiscriminados realizados por muçulmanos armados e máfias cristãs. Desde o início do conflito, em dezembro de 2012, 246 mil civis da RCA tornaram-se refugiados em toda a região.

Quase 840 mil pessoas também permanecem deslocadas dentro da República Centro-Africana. Sem perspectiva imediata de retorno para casa e com a chegada da estação chuvosa, o ACNUR teme pelo agravamento da crise humanitária. Há um alto risco de cólera e outras questões de saúde pública, particularmente em Bangui, onde mais de 413 mil pessoas ainda vivem em locais improvisados.