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Chefe da ONU pede medidas contra deslocamento forçado e revela experiência como refugiado na Guerra na Coreia

Comunicados à imprensa

Chefe da ONU pede medidas contra deslocamento forçado e revela experiência como refugiado na Guerra na Coreia

Chefe da ONU pede medidas contra deslocamento forçado e revela experiência como refugiado na Guerra na CoreiaBan Ki-moon pediu ontem aos países de todo o mundo que tomem mais ações para evitar e responder às situações de deslocamento forçado, apoiando suas vítimas.
2 Outubro 2014

GENEBRA, 02 de outubro (ACNUR) de 2014 – O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon pediu ontem aos países de todo o mundo que tomem mais ações para evitar e responder às situações de deslocamento forçado, apoiando suas vítimas em um momento de múltiplas crises no mundo.

"Isso requer mais recursos e mais liderança política. Requer também uma cooperação sem precedentes por parte da comunidade internacional", acrescentou Ban Ki-moon, que falou no encontro anual do Comitê Executivo (ExCom) do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR).

Ele disse que a comunidade internacional precisa está mais unida do que nunca, no momento em que o mundo enfrenta tantos desafios humanitários, principalmente no Oriente Médio e na África.

"Nunca antes na história das Nações Unidas tivemos tantos refugiados, pessoas deslocadas e solicitantes de refúgio. Nunca antes as Nações Unidas precisaram atender tantas pessoas ao mesmo tempo com emergências alimentares e outras medidas salva-vidas”, salientou Ban Ki-moon, durante reunião no ACNUR.

"Alguns dos desafios estão nas primeiras páginas dos jornais. Outros estão longe de serem manchetes. No Iraque e na Síria, vemos barbaridades mais profundas a cada dia, e os efeitos colaterais devastadores em toda a região", disse o chefe da ONU, acrescentando que mais de dois milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas na África, este ano. Isto inclui pessoas que fogem da guerra e do conflito civil da República Centro Africana para o norte da Nigéria e do Chifre da África para o Sahel.

Ban Ki-moon, o primeiro secretário-geral a discursar no ExCom em uma década, também ressaltou a necessidade de um enfoque maior nos direitos humanos. "A iniciativa Direitos Humanos à Frente (Human Rights Up Front, em inglês), que lancei no ano passado, tem como objetivo colocar os direitos humanos no centro de nosso pensamento e dos nossos esforços no campo", disse ele, observando que o ACNUR foi um defensor desta iniciativa desde o início.

O Secretário-Geral lançou a iniciativa Human Rights Up Front em dezembro do ano passado para melhorar a ação da ONU em proteger os direitos humanos em todo o mundo. "Com sua liderança em matéria de proteção, o ACNUR tem fornecido capacidades importantes no contexto de situações humanitárias e situações de conflito. Com sua cultura de proteção, o ACNUR serve como um modelo para um sistema mais amplo", disse ele.

Ele citou a proteção de cerca de 100 mil pessoas em bases da ONU em todo o Sudão do Sul neste ano como "um marco inicial desta nova abordagem." Ele também falou sobre a necessidade de trabalhar em conjunto desde o início para encontrar soluções duradouras para os deslocados, e disse que as necessidades e potencialidades das populações deslocadas "deve ser refletidas nos planos de desenvolvimento nacionais e com base em uma análise conjunta".

Ban Ki-moon, saudou os planos do ACNUR de lançar uma campanha mundial sobre a erradicação da apatridia até o ano de 2024, e pediu a todos os Estados membros do ExCom que apoiem esta iniciativa. "Os próximos anos deve ser um momento de ação concreta - mudar as leis de nacionalidade, resolver a situação dos apátridas e garantir que nenhuma criança nasça sem cidadania", frisou.

“Apatridia, assim como outras tantas violações de direitos humanos, é comumente ligada a crenças e práticas discriminatórias. Vamos nos unir contra todas as formas de racismo, xenofobia e manipulação que gerem ódio, exclusão e discriminação. E vamos reclamar quando pessoas forem privadas de sua nacionalidade,” adicionou.

Apatridia é um problema massivo que afeta pelo menos 10 milhões de pessoas ao redor do planeta. Aqueles sem nacionalidade frequentemente enfrentam dificuldades em participar da sociedade e em acessar uma gama completa de direitos humanos, incluindo educação, saúde, mobilidade e trabalho. Alguns podem até ser presos por serem apátridas.

Em um tom mais pessoal, Ban Ki-moon lembrou de sua própria experiência como refugiado durante os anos da Guerra da Coréia e disse que isto explica sua atenção ao trabalho do ACNUR.

“Uma de minhas lembranças mais antigas é a de minha família e eu fugindo para as montanhas que rodeavam minha cidade. Enquanto escalávamos a montanha, sob chuva e frio, eu olhava para trás, para o único mundo que eu conhecia. Onde eu tinha brincado, onde eu tinha ido à escola, onde vivi com minha família – tudo isto em chamas. Nossas vidas transformaram-se em fumaça,” disse ele aos participantes da ExCom.

Ban disse que a ONU e a comunidade internacional não hesitaram em ajudar sua família e outras vítimas da Guerra da Coreia. “Eles nos alimentaram. Nos deram livros e canetas. Nos ajudaram a reconstruir e nos deram o poder de ter esperanças novamente.”

O Secretário-Geral assinalou que, por causa desta sua experiência, ele sempre passa “uma mensagem simples” quando visita refugiados. “O mundo está contigo – eu estou contigo. Eu sei que pelo menos em algum aspecto o que você está vivendo, eu vivi também. E apesar das dificuldades, apesar da escuridão, eu superei. Você também superará” com a ajuda do ACNUR e outros grupos humanitários.

O president da ExCom desde ano é o compatriota de Ban Ki-moon, o diplomata sul coreano Choi Seokyoung.

Por Leo Dobbs in Geneva