Chefe do ACNUR agradece à Grécia pelo aprimoramento dos esforcos para as pessoas que continuam chegando
Chefe do ACNUR agradece à Grécia pelo aprimoramento dos esforcos para as pessoas que continuam chegando
LESBOS, Grécia, 14 de outubro de 2015 (ACNUR) – Durante uma visita no último fim de semana ao principal ponto de entrada da União Europeia para os cerca de 450 mil refugiados e migrantes que chegaram à região neste ano, o chefe do ACNUR, António Guterres, confirmou a melhora na resposta humanitária montada pelas autoridades e pela sociedade civil gregas. Ao mesmo tempo lamentou a falta continua de uma resposta europeia eficaz e em grande escala.
Avaliando as condições na ilha grega de Lesbos, o principal ponto de desembarque para milhares de pessoas que viajam em barcos de contrabandistas nas proximidades da costa turca, Guterres disse que os governos europeus deveriam equiparar seus esforços ao "esforço gigantesco" que a ilha e seu povo têm feito para lidar com o grande fluxo de pessoas.
"É surpreendente que em uma pequena ilha seja possível controlar a situação, ao passo que na grande Europa, com meio bilhão de pessoas, eles estão achando tão difícil", disse Guterres ao prefeito de Lesbos, Spyros Galinos, e a outras autoridades gregas. "Estamos sempre dizendo que esta crise é administrável, a nível europeu. Mas ela precisa ser muito melhor administrada", completou.
Sem uma abordagem em escala europeia e sem uma estratégia eficaz para lidar com o fluxo de pessoas, Guterres alertou que redes criminosas continuarão a prosperar. "Quando os países não são capazes de organizar o movimento de refugiados, os contrabandistas assumem o comando, explorando mais as pessoas e aumentando seu sofrimento", acrescentou.
Descrevendo a sua ilha como uma linha de frente, o prefeito Galinos disse: "A principal questão não são os números, mas a falta de uma política europeia para responder à crise." No entanto, disse ele, os gregos continuarão a fazer tudo o que poderem para enfrentar a crise e combater traficantes, “que não só exploram o povo, mas colocam suas vidas em risco contínuo."
"Acima de tudo, todos nós somos seres humanos", acrescentou o prefeito. "Devemos todos nos colocar na posição destas pessoas, porque todos nós podemos estar nesta situação um dia."
O ACNUR enviou uma equipe de emergência à Grécia e agora são cerca de 120 funcionários no país para apoiar o governo em seu esforço para enfrentar a crise que perdura. A ilha de Lesbos, que de acordo com o último censo (de 2011) tinha 85 mil habitantes, já recebeu mais de 220 mil pessoas em nove meses.
A maioria dos refugiados e migrantes que chega a Lesbos vem da Síria, do Afeganistão e do Iraque. Os demais, cerca de 5%, são migrantes e refugiados de outros 21 países como Índia, Bangladesh, Togo, Níger, Colômbia, Haiti e República Dominicana.
A Guarda Costeira grega em Lesbos recebe entre 5 e 10 chamadas de socorro por dia, e em seguida sai para resgatar as pessoas em barcos superlotados.
O vice-mestre de porto Antonio Sofiadellis, um líder no esforço da Guarda Costeira grega que salva entre 240 e 400 vidas de refugiados e migrantes por dia, disse que mais pessoas estão embarcando em barcos frágeis - em torno de 60, sendo que 50 costumava ser o limite.
"Os motores são muito baratos e os contrabandistas não se importam com sua falta de conhecimento para operar os barcos. Isso é algo que nenhum país na Europa tem enfrentado. Se nós não estivessemos lá para resgatá-los, metade ou mais de metade iria se afogar. Os barcos viram, alguns dobram e o piso quebra. "
Guterres visitou também o norte de Lesbos, onde a maioria dos barcos de refugiados desembarca. Coletes salva-vidas laranja brilhantes e barcos de borracha murchos, sapatos encharcados e peças de roupa estavam espalhados pelas praias. Cerca de mil pessoas haviam chegado durante a noite e voluntários os ajudaram a chegar a um centro de acolhida nas proximidades, onde encontraram comida e um lugar quente para dormir em um grande abrigo do ACNUR.
Alguns refugiados sírios que que Guterres conheceu lhe disseram que tinham fugido diretamente de Aleppo, Damasco ou Homs. Outros sírios disseram que não podiam mais sobreviver nos países vizinhos em meio a cortes na ajuda humanitária e restrições ao trabalho. A maioria das pessoas disse sentir que agora têm a chance de encontrar segurança em países europeus.
Por Melissa Fleming, Lesbos, Grécia.