Chefe do ACNUR e Angelina Jolie alertam para crescente crise no Mediterrâneo
Chefe do ACNUR e Angelina Jolie alertam para crescente crise no Mediterrâneo
GENEBRA, 16 de setembro de 2014 (ACNUR) - O Alto Comissário do ACNUR, António Guterres, e a Enviada Especial do ACNUR, Angelina Jolie, pediram mais empenho dos países europeus no resgate de migrantes em alto mar, no Mediterrâneo, e alertaram para a crescente crise na região.
O apelo foi feito no último domingo, durante uma visita ao quartel-general de resgate naval de Malta, por ocasião de um fim de semana de naufrágios nas proximidades da Líbia e Egito que tiraram inúmeras vidas. Jolie e Guterres reuniram-se com três sobreviventes de uma das tragédias, resgatados por um navio comercial e levados para Malta pelas autoridades locais.
Na capital de Malta, Valletta, Jolie também visitou famílias de refugiados sírios que em outubro passado sobreviveram a uma devastadora tragédia de barco. Entre eles, um casal de Damasco que perdeu três filhos pequenos durante a travessia, e um médico de Aleppo, cuja esposa e a filha de três anos de idade se afogaram. Metade das pessoas que chegam à Europa de barco são refugiados da Síria e Eritreia.
Guterres e Jolie agradeceram às autoridades navais por seus esforços em operações de resgate, onde muitas vidas foram salvas. Somente neste ano, mais de 2.500 pessoas se afogaram ou desapareceram tentando a travessia do Mediterrâneo, incluindo mais de 2.200 desde o início de junho.
"Todos nós precisamos acordar para a dimensão desta crise", disse Jolie. "Há uma ligação direta entre os conflitos na Síria e em outros lugares com o aumento do número de mortes no mar Mediterrâneo. Precisamos entender o que leva as pessoas a arriscar a vida de seus filhos em embarcações lotadas e precárias, é o enorme desejo de encontrar refúgio".
A atriz acrescentou que a situação no Mediterrâneo é parte de um problema maior, o crescente número de pessoas deslocadas por conflitos em todo o mundo. "A menos que combatamos as raízes destes conflitos, o número de refugiados que morrem ou são incapazes de encontrar proteção continuará a subir", ressaltou.
Este ano cerca de 130 mil pessoas já chegaram à Europa por mar, mais que o dobro dos 60 mil registrados em 2013. A Itália já recebeu mais de 118 mil migrantes, a maioria deles resgatados no mar pela operação naval italiana Mare Nostrum.
Sobre a busca da União Europeia e seus Estados-Membros por uma melhor estrutura para responder ao agravamento da situação no Mediterrâneo, Guterres disse: "Não temos muitas chances de obter isso rapidamente, a resposta da Europa deve ser um esforço efetivamente coletivo, oferecendo maneiras mais seguras de encontrar proteção enquanto mantém a capacidade de resgate de pessoas no mar. Se falhar, mais vidas serão perdidas às portas da Europa".
Como parte de um conjunto de ações baseado na solidariedade e na partilha de responsabilidades entre os Estados, o ACNUR está pedindo alternativas legais e seguras para aqueles que deixam conflitos e perseguições. O objetivo é que eles não sejam obrigados a tentar a travessia arriscada para a Europa por via marítima. As medidas incluem o reassentamento, a admissão com base em necessidades humanitárias, sistemas de financiamento privado, acesso facilitado à reunificação familiar e uso de programas como o visto de estudante ou de emprego.