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Ciclistas voluntários ajudam comunidades isoladas no leste da Ucrânia

Comunicados à imprensa

Ciclistas voluntários ajudam comunidades isoladas no leste da Ucrânia

15 Outubro 2021
Tetiana Vasiukova usa seu triciclo elétrico para visitar uma idosa deslocada que tem problemas de saúde. © ACNUR / Pavlo Pakhomenko

Ievdokia Chepel é como muitas pessoas mais velhas no leste rural da Ucrânia, e sofre de problemas de saúde. O conflito de sete anos na região e, mais recentemente, a pandemia de COVID-19 agravaram a sua sensação de isolamento.


Durante décadas, ela trabalhou numa fábrica, mas aos 77 anos está aposentada e viúva. O seu filho morreu no ano passado, e ela raramente vê a sua filha e neta que vivem em Luhansk, a segunda maior cidade da Ucrânia, do outro lado da linha de contato que divide o território governamental e não governamental.

“Me sinto muito isolada e sozinha. É difícil viver sozinha”, disse em meio às lágrimas. Mas, desde o ano passado, a ajuda chegou de forma inesperada: sobre três rodas.

“Ela está cuidando de mim e me ajudando”

Tetiana Vasiukova carrega o seu triciclo elétrico com suprimentos em uma vila da região de Luhansk. Em seguida, ela visita as comunidades locais para prestar ajuda e companhia a residentes isolados.

Muitas das pessoas que ela visita foram deslocadas pelo conflito e outras, como Ievdokia, correm o risco de serem forçadas a deixar suas casas. 

“Me sinto muito grata por Tetiana me visitar regularmente”, disse Ievdokia. “Ela está cuidando de mim e me ajudando. Isso me deixa muito melhor”.

Tetiana, 68, trabalhava como vice-gerente de banco em Luhansk, mas se comprometeu a ajudar as pessoas afetadas pelo conflito desde que se aposentou. Ela entende os problemas enfrentados por outros residentes, muitos vivem em pequenos lotes de terra onde cultivam seus próprios vegetais.

“Quase todos os dias, pego minha bicicleta e vou a uma loja ou farmácia para fazer compras para os idosos que moram em nossa comunidade”, disse.

Tetiana e outros voluntários costumavam entregar alimentos e remédios de ônibus ou táxi, mas no ano passado o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, usou fundos da União Europeia para fornecer 228 bicicletas e 35 triciclos elétricos a assistentes médicos e sociais.

As bicicletas ajudam a manter os custos baixos para os voluntários e torna algumas casas mais acessíveis, tendo em vista as estradas por vezes difíceis. As bicicletas e triciclos estão equipados com cestos e podem viajar até 40 km/h com um alcance de 40 quilômetros antes de precisarem de ser carregados. 

“Com uma bicicleta elétrica não preciso de ninguém. Faço uma viagem quando quero e não preciso me preocupar em carregar malas pesadas”, disse Tetiana.

A pandemia agravou as necessidades humanitárias no leste da Ucrânia. Atualmente, 3,4 milhões de pessoas precisam de proteção e assistência. Cerca de 340.000 pessoas foram forçadas a fugir de suas casas, e agora enfrentam dificuldades no leste e em outras regiões. Idosos, pessoas com deficiência e casas chefiadas por mulheres estão entre os mais vulneráveis. 

A rede de bicicletas e triciclos é apenas uma inovação que está ajudando essas populações. A tecnologia também desempenha um papel importante em uma área em que a infraestrutura, como instalações médicas, bancos e correios, é por vezes inexistente.

Em 2019, o ACNUR e sua ONG parceira Proliska lançaram um serviço de carros elétricos na região de Luhansk, no posto de controle de pedestres Stanytsia Luhanska, em um ponto onde as pessoas têm que sair dos veículos e atravessar a pé por razões de segurança.

O serviço tem capacidade para transportar 400 pessoas por dia e dá prioridade a gestantes e crianças, pessoas com deficiência e maiores de 75 anos. 

Em outro projeto, grupos de ajuda incluindo o Escritório de População, Refugiados e Migração dos EUA e a Proteção Civil e Ajuda Humanitária da UE, juntamente com o ACNUR e a Proliska, instalaram duas estações de ônibus em Stanytsia Luhanska equipadas com painéis solares e tomadas para carregar smartphones. Os pontos de carregamento e Wi-Fi instalados anteriormente são particularmente úteis durante a pandemia, uma vez que quem cruza o posto precisa usar um aplicativo para rastrear as últimas pessoas com quem teve contato.

A tecnologia e a boa vontade dos voluntários significam que, mesmo diante de dificuldades, existe esperança. 

“Muitas pessoas não podem vir e cuidar de seus terrenos, as casas estão desabando lentamente e há ervas daninhas a cada dois lotes. Mas todas as manhãs pego meu triciclo e me sinto melhor porque sei que posso melhorar este lugar ajudando as pessoas”, disse Tetiana.


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