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Colombia: Idosos deslocados participam de campanha do ACNUR

Colombia: Idosos deslocados participam de campanha do ACNUR

12 Janeiro 2011

MEDELLÍN, Colômbia, 12 de janeiro (ACNUR) – “Sou casado há vários anos com uma linda mulher e sou pai de 8 filhos: 4 homens e 4 mulheres. Minha vida sempre foi tranquila e cheia de alegrias, com muita união familiar. Tínhamos muitas limitações econômicas, mas sempre encontrávamos soluções juntos. Mas em um dia de outubro do ano 2000 tudo mudou. A paz que reinava em nossa família se converteu em tragédia quando um grupo armado entrou em minha fazenda. Neste dia eu estava no centro administrativo da cidade com alguns de meus filhos e todo o resto da família estava em casa.

Eram as 11 horas da manhã quando chegaram homens encapuzados fortemente armados, perguntando por meu filho mais velho. Dissemos que ele estava trabalhando no campo. Por isso esses homens se dirigiram ao local, e ao vê-lo imediatamente começaram a disparar várias vezes, mas ele conseguiu escapar entrando em um matagal. Ainda assim, não teve sorte, porque tropeçou em uma árvore e o impacto foi tão forte que lhe destruiu o estômago e os intestinos. Os homens, enfurecidos, voltaram à casa e levaram os objetos de valor, amarraram outro filho meu e, sem que minha esposa pudesse fazer nada para salvá-lo, o levaram. Perto da escola local, o assassinaram.

Logo as coisas se tornaram difíceis. Em fevereiro de 2011 fomos forçados a buscar ajuda dos nossos filhos, que haviam se refugiado em Medellín. Fiquei muito triste por ter que deixar minhas terras e toda uma vida de trabalho, mas não havia outra opção. Desde o deslocamento temos tido vários problemas econômicos. Pela morte de meu filho, o Estado me deu onze milhões de pesos, mas são quase oito anos deslocamento tendo que pagar aluguel. Então o dinheiro está acabando. Meu genro e minha filha ficaram trabalhando na fazenda. Mas no ano de 2004 houve um deslocamento massivo no município, e ele teve que fugir com minha filha e minhas netas. “Desde então a fazenda está abandonada, sem ninguém para cuidá-la.”

José Rojas*, Cocorná (Antioquia, Colômbia), 68 anos.

Seu José é um dos 8.927 idosos deslocados de Medellín, e faz parte da Associação de Idosos Deslocados de Antioquia (ASOADEAN), que há dez anos celebra no mês de dezembro o dia da solidariedade e afeto com os idosos deslocados, buscando dar visibilidade aos problemas que as pessoas idosas atravessam em situação de deslocamento. O ACNUR apóia tecnicamente e acompanha a ASOADEAN na promoção do debate sobre o impacto diferenciado que o fenômeno do deslocamento forçado tem para as pessoas da terceira idade, motivando a formulação participativa de políticas públicas orientadas para o desenvolvimento da cidadania e a criação de propostas de mitigação das situações de risco geradas pelo deslocamento forçado.

Poucos se colocaram no lugar de seu José. Poucos perderam seus familiares por causa da violência. Hoje em dia há mais de três milhões de deslocados internos na Colômbia. Muitos deles não tiveram outra opção além de abandonar suas terras para salvar suas vidas e manter a família unida.

*Nome modificado por motivos de proteção

Catalina Román, Colômbia