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Com apoio do ACNUR, mulheres refugiadas constroem com esperança novas vidas no Brasil

Comunicados à imprensa

Com apoio do ACNUR, mulheres refugiadas constroem com esperança novas vidas no Brasil

8 Março 2022
Equipe de proteção do ACNUR conversa com Mercedes* em Manaus-AM. Mais de 28 mil mulheres de diferentes nacionalidades são refugiadas reconhecidas no Brasil. ©ACNUR/Felipe Irnaldo
Boa Vista e Manaus, 08 de março de 2022 – As mulheres de todo o mundo querem e merecem uma vida livre de estigmas, estereótipos e violência; um futuro sustentável e pacífico, com direitos e oportunidades sem discriminação.  

Com esses ideais em mente, Mercedes* e Joana*, refugiadas Venezuelanas no Brasil, exemplificam a coragem e determinação de mulheres que desempenham papéis extraordinários e as oportunidades que existem no Brasil para reconstruir as suas vidas.  

Ao deixar a Venezuela em 2019, Mercedes não imaginava os desafios que teria para reconstruir sua vida no Brasil. Forçada a deixar seu país por causa da insegurança e da fome, ela ainda teve que enfrentar a agressividade do próprio marido ao chegar em Manaus, capital do Estado do Amazonas. 

“O mais difícil naquele momento foi ter que deixar minha filha na Venezuela. Foram seis meses sem vê-la até ela chegar ao Brasil. Depois disso meu companheiro ficou muito agressivo e nos deixou. Mas eu e ela continuamos ainda mais unidas”, comenta Mercedes.  

Mais ao norte, em Boa Vista (capital do Estado de Roraima), Joana é mãe de cinco filhas e tem história parecida. Ela também sofreu com a violência do próprio companheiro durante seu recomeço no Brasil. 

“Tive que sair da casa onde estávamos vivendo, pois era muito maltratada pelo meu marido… Os vizinhos chamaram a polícia! Pedi por abrigamento para nossa segurança, minha e das minhas filhas”, conta a venezuelana.  

Chefes de família, Mercedes e Joana contaram com apoio do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e organizações parceiras para superar a violência e as incertezas alcançando seus objetivos e ambições.  

Elas são duas das cerca de 28,6 mil  mulheres que solicitam reconhecimento da condição de refugiadas no Brasil desde 2016, segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). Deste total, o Brasil já reconheceu a condição de refugiada de aproximadamente 22,6 mil mulheres como refugiadas por uma diversidade de motivos, sendo quase 95% delas mulheres venezuelanas.  

A Agência da ONU para Refugiados tem desenvolvido uma estratégia de proteção e empoderamento com organizações de vários setores para fornecer acolhimento emergencial, moradia segura, acesso a direitos e assistência para pessoas refugiadas, principalmente mulheres, meninas e população LGBTIQ+ em risco. 

“É um trabalho desenvolvido com atores de diversos níveis, buscando assegurar que mulheres refugiadas possam ter acesso a informação, espaços seguros e posteriormente oportunidades para independência socioeconômica no país”, explica a chefe de proteção do ACNUR no Brasil, Christina Asencio. 

As ações buscam assegurar às refugiadas acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), delegacias, assistência social e psicológica, abrigo emergencial, além de, quando aplicável, um auxílio financeiro (Cash Based Intervention, da sigla em inglês CBI) para possibilitar o reinício de suas vidas de forma autônoma e segura no Brasil. 

“Não é fácil começar do zero, ainda mais sozinha. O suporte que tive me ajudou a sair daquele ciclo ruim, a ter um teto seguro para minha família, a participar de cursos profissionalizantes, enfim, recomeçar”, vibra Mercedes. 

Apoio para interiorização e integração 

Outro eixo importante dessa estratégia é a interiorização, que já possibilitou a 23 mil mulheres refugiadas e migrantes o recomeço em outros estados no Brasil. Por meio desta estratégia, pessoas refugiadas e migrantes acolhidas em Roraima são voluntariamente realocadas para outros estados do país, onde encontram melhores condições de integração socioeconômica. O ACNUR apoia esta estratégia. 

O ACNUR também tem articulado com empresas e interlocutores de diversos setores oportunidades de trabalho e qualificação para mulheres refugiadas, como por exemplo por meio da Plataforma Empresas com Refugiados e do programa Empoderando Refugiadas, ambos em parceria com o Pacto Global.  

O programa Empoderando Refugiadas, que também tem o apoio da ONU Mulheres, formou 70 mulheres refugiadas e migrantes em 2021, incluindo sobreviventes de violência, idosas e pessoas com deficiência. Das mulheres capacitadas, 23 foram imediatamente contratadas por empresas parceiras. 

“Preparamos mulheres refugiadas para se empoderar e trabalhar no Brasil e desenvolver atividades empreendedoras no país, ao mesmo tempo que sensibilizamos empresas para contratação de pessoas refugiadas, especialmente mulheres”, explica a assistente sênior de meios de vida do ACNUR, Vanessa Tarantini. 

Para Joana, a participação nos projetos de empreendedorismo feminino e inserção no mercado de trabalho são uma opção no futuro. "Recebi muitos ‘nãos’ quando fui procurar um emprego. Eles [os cursos e projetos] são uma esperança para me capacitar e encontrar emprego”, conta. 

Para o ACNUR, a integração econômica também é uma estratégia essencial de proteção. “Ao deixar de ser dependente financeira do agressor, a mulher que participa dos projetos interrompe ciclos de violência e passa a ter maior controle sobre sua vida”, explica Letícia Fernandes, assistente sênior de proteção do ACNUR em Roraima. 

A articulação para apoiar no exercício de direitos e integração de mulheres refugiadas em Roraima e Manaus inclui parceiros implementadores do ACNUR, secretarias estaduais, municipais e o Governo Federal, incluindo a Operação Acolhida. 

Neste Dia Internacional das Mulheres, o ACNUR pede aos governos, à sociedade civil e a todas as pessoas e comunidades que enfrentem a desigualdade de gênero em todas as suas formas, e que apoiem e promovam a liderança, inclusão e participação integral de mulheres e meninas deslocadas.

 

Mulher recebe formação pelo projeto Empoderando Refugiadas em abrigo da Operação Acolhida. ©ACNUR / Allana Ferreira

 

Em curso de empreendedorismo, abrigadas em Roraima aprenderam como produzir sabonetes artesanais. ©ACNUR/ Camila Ignacio Geraldo