Com unidades habitacionais inovadoras, novo abrigo temporário para venezuelanos é inaugurado em Boa Vista
Com unidades habitacionais inovadoras, novo abrigo temporário para venezuelanos é inaugurado em Boa Vista
Estruturado no contexto da Operação Acolhida, parceria do Governo Federal com o ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e outras agências das Nações Unidas, o abrigo Rondon I tem capacidade para até 600 pessoas.
As famílias abrigadas viverão em unidades habitacionais já utilizadas pelo ACNUR em operações humanitárias ao redor do mundo e instaladas pela primeira vez na América Latina.
Os venezuelanos levados para o Rondon I estavam vivendo em situação de rua na cidade de Boa Vista. A seleção, realizadas pelas equipes do ACNUR e das Forças Armadas, priorizou famílias e pessoas em situação de maior vulnerabilidade, como mulheres grávidas, idosas e pessoas com deficiência.
No Rondon I foram montadas 120 unidades habitacionais conhecidas como “Better Shelter”. As residências comportam até seis pessoas, possuem quatro janelas, divisória e são abastecidas com energia solar renovável.
A montagem de cada unidade (incluindo paredes e colocação de parafusos) leva, em média, quatro horas de trabalho manual. Cerca de 30 militares da Operação Acolhida, funcionários da Associação Voluntários para o Serviço Internacional – Brasil (AVSI Brasil) e voluntários da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Humanos (ADRA) foram capacitados para a montagem das casas.
Identificados pelas Forças Armadas e pela equipe de Proteção do ACNUR nos diferentes pontos da cidade, os venezuelanos começaram a chegar no novo abrigo por volta das cinco horas da manhã. As feições expressavam cansaço, pelos dias de incertezas e extrema dificuldades previamente vividos. Porém, já era possível perceber o alívio imediato proporcionado pelo acolhimento.
Após uma dura jornada desde que foram forçadas a deixar a Venezuela em busca de proteção e direitos básicos, essas pessoas finalmente tiveram acesso ao mínimo necessário para reconstruirem suas vidas.
Solicitantes de refúgio, Jean, 39 anos, e Sonia, 31 anos, chegaram da Venezuela há uma semana com quatro filhos e um sobrinho e estavam vivendo nos arredores do terminal rodoviário de Boa Vista. “Estava muito difícil. Estávamos dormindo sob um papelão e, quando chovia, ficava encharcado”, conta Jean. Ao entrar na casa, as crianças sorriram e aprovaram. Com um olhar de alívio, Sônia consentiu a alegria dos filhos. “Agora temos o mínimo para recomeçar nossas vidas”, revelou.
Edgardo, 43 anos, e Joselyn, 28, também estavam vivendo na rua desde que chegaram a Boa Vista, há mais de uma semana. O casal aprovou a unidade habitacional, ressaltaram a importância de resgatar a dignidade da moradia e já estão fazendo planos para o futuro. “Queremos viajar para alguma cidade que nos ofereça melhores opções de trabalho”, conta Edgardo que, na Venezuela, trabalhava com construção civil e planeja deixar o abrigo assim que tiver condições de ir para outro estado.
Na abertura do abrigo, equipes de saúde da Prefeitura de Boa Vista imunizaram todas as pessoas recebidas no local. O ACNUR registrou e coletou dados biométricos para produzir os documentos de identificação que serão entregues aos venezuelanos para acessar o abrigo e os serviços oferecidos, como alimentação, saúde e distribuição e itens de assistência emergencial, como kits de higiene pessoal.
O abrigo será coordenado pela AVSI, organização parceira do ACNUR, e pelas Forças Armadas. Parceira fundamental do ACNUR na resposta ao fluxo de venezuelanos, as Forças Armadas são responsáveis pela infraestrutura física dos abrigos e por fornecer alimentação, transporte, atendimento médico e segurança.
Com a abertura do Rondon I, os abrigos de Roraima agora acolhem cerca de 4.600 pessoas que antes viviam em situação de extrema vulnerabilidade. O ACNUR e outras agências da ONU têm trabalhado com o Governo Federal na resposta ao fluxo de venezuelanos ao Brasil garantindo o ordenamento na fronteira, abrigamento e apoio ao processo de interiorização.
Por meio desta iniciativa, os venezuelanos que aderem em caráter voluntário são realocados para outras cidades do Brasil. Até esse momento, 690 pessoas já participaram do processo de interiorização, e a próxima etapa acontece hoje com destino às cidades de Cuiabá, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.