Combates contínuos no centro do Iraque deixam 140 mil deslocados
Combates contínuos no centro do Iraque deixam 140 mil deslocados
GENEBRA, 27 de janeiro de 2014 (ACNUR) - A agência para refugiados da ONU informou que mais de 65 mil pessoas fugiram dos recentes conflitos no Iraque, localizados nas cidades de Fallujah e Ramadi (na província de Anbar). Desde que os combates começaram, no final do ano passado, mais de 140 mil pessoas perderam suas casas, de acordo com o Ministério de Deslocamento e Migração iraquiano.
Esse é o maior deslocamento interno ocorrido no Iraque desde a onda de violência sectária ocorrida entre 2006 e 2008. Esse número vem somar-se aos 1,13 milhão de pessoas já deslocadas internamento no Iraque e que residem, em sua maioria, nas províncias de Bagdá, Diyala e Ninewa.
O porta-voz do ACNUR Adrian Edwards disse a jornalistas em Genebra que as pessoas em Anbar, incluindo a equipe do ACNUR, relataram que muitos civis estão impossibilitados de sair das áreas de conflito, onde os estoques de comida e combustível estão baixos.
“A maioria dos deslocados internamente permanece fora de Fallujah, acomodados com parentes ou em escolas, mesquitas e hospitais, onde os recursos estão acabando. As famílias que os hospedam estão tendo dificuldades de cuidar destes refugiados”, disse Edwards.
O porta-voz disse ainda que o ACNUR e seus parceiros humanitários conseguiram distribuir lonas, cobertores, esteiras de dormir, comida e itens de higiene. Na terça-feira da semana passada, o ACNUR entregou 2.400 kits de assistência básica. O Ministério de Deslocamento e Migração do Iraque e o Parlamento do país também enviaram ajuda.
“Muitos dos deslocados, apesar disso, ainda estão precisando desesperadamente de comida, assistência médica e outros suprimentos. À medida que a insegurança foi aumentando, muitas famílias que fugiram há várias semanas foram deslocadas novamente,” disse Edwards.
A ONU no Iraque pediu ao governo que facilitasse a abertura de um corredor humanitário para alcançar famílias deslocadas e abandonadas na província de Anbar. Nas últimas semanas, várias pontes que levavam às áreas de conflito e às comunidades que abrigam pessoas deslocadas foram destruídas, tornando difícil o acesso. Atualmente, é impossível chegar à área de Bagdá, e as agências de socorro estão usando estradas que partem do norte do Iraque.
Enquanto isso, outras áreas, incluindo Bagdá, Erbil, Kerbala, Salah-al-Din e Ninewa testemunharam a chegada de milhares de novos deslocados internos. Há relatos de que as pessoas estão sem dinheiro para comida e precisam de roupas adequadas para o período chuvoso. As crianças não estão frequentando a escola, e as condições sanitárias, especialmente para as mulheres, são inadequadas.
“Estabelecer campos para os novos deslocados não é nossa primeira opção, pois pode prolongar o deslocamento. Mas, se o governo do Iraque optar por estabelecer novos campos, o ACNUR está pronto para fornecer tendas e itens de socorro, assim como apoio para administrar o campo”, disse Edwards, em Genebra.
No norte do Iraque, por pedido do governo de Erbil, o ACNUR remodelou o campo temporário de Baharka para receber pessoas chegadas de Anbar. Tendas, eletricidade e instalações sanitárias foram montadas, e o local está pronto para acomodar até 300 famílias se o governo decidir abrir o lugar. Em Suleymaniya, algumas seções do campo Arbat, construído originalmente para refugiados sírios, foram disponibilizados para acomodar deslocados internos iraquianos. Há aproximadamente 300 famílias deslocadas em Suleymaniya.
Um planejamento está em curso para enviar equipes móveis adicionais para aumentar a capacidade em Anbar e equipes podem também ser destacadas para outras províncias que abrigam deslocados.